5.7.07

Lisboa

Uma luz brilhante realça contornos de árvores e do casario. E o Tejo, sempre o Tejo, imenso e largo, num azul mexido por vento e cacilheiros. Os pássaros, tantas vezes ausentes, pousam suavemente nas mesas, pequenos pardais saltitantes que nos distraem, personagens secundárias da estrela costumeira, o universo azul brilhante aos pés de telhados que descem em escada. A beleza absorve o ruído e há um quê de província, de outros tempos, que traz um optimismo cada vez mais escasso.
O fascínio de Lisboa deve-se em muito a sítios quase secretos, quartos escondidos, na aparência reservados a iniciados de uma qualquer sociedade, mas descobertos com facilidade por quem tenha na vida a procura como um fim e, como Corto Maltese, sempre esteja em busca de um tesouro perdido, de mais um tesouro perdido, e como Corto não o faça por um espírito mercenário, mas por um simples querer encontrar.
Dias como hoje, com momentos em refúgios de paz e beleza, fazem crer em Lisboa e suspirar com desesperada ansiedade para que a não estraguem, para que a não tornem numa cidade asséptica e anónima, negação absoluta do que sempre foi a essência de Lisboa.

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