29.7.06

Figueira

Chega Agosto e este blog ruma ás paragens habituais. Amanhã o jornal será comprado na Casa Havanesa, onde se perguntará se há algum novo marcador de livros para este ano. Até lá fica aqui um dos antigos, com uma fotografia de tempos já passados.

Excerto da lista

Protector solar, iPod, canetas Montblanc, Moleskine.

27.7.06

Loucura

Num acto de insanidade revolucionária este blog trocou o sóbrio preto por um fundo cor de areia.

Diálogos Imaginários

– Charles, aproxima-se a mudança de verão. Pode começar a agrupar as roupas enquanto eu faço a lista de outras coisas que quero levar.
– Com certeza, menino. Tenho também uma lista do que costuma levar.
– Oh! Charles, não sei como suportaria o incómodo da mudança sem a sua ajuda.

25.7.06

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Talvez seja desculpa esfarrapada, mas o verão torna o diletantismo algo de tolerável.

Concurso

Caro Impensado,

Como é evidente, não poderia deixar de concorrer ao Primeiro Concurso de Verão do Impensável. Por isso aqui vai:
O comportamento de Dexter Haven não foi o de um verdadeiro Gentleman, pois este raramente perde as estribeiras por causa de uma mulher. A simples sugestão de uma agressão, ainda mais fora do recolhimento da casa, é simplesmente intolerável. O contacto físico com uma senhora deve ser sempre o caminho para um beijo ou algo mais, nunca para um vulgar empurrão.

Com calorosas saudações,
JAC, o Anarcoconservador

Provocação

A brigada do costume questiona a proporcionalidade do ataque de Israel após o rapto de dois soldados. Não comparando o rapto ao assassínio, recordo que a Primeira Guerra começou por causa de um “simples” e único assassinato. Terá sido proporcional?

24.7.06

Tall Ships


Lisboa esteve (ainda) mais bonita durante passagem da regata Tall Ships.

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No Médio Oriente as coisas estão más, o que é muitíssimo desagradável, para eles e para nós. Eles vão morrendo de um lado e de outro, o que afinal nem tem o picante da novidade pois há anos que se tentam exterminar persistentemente. Nós por cá, quando só queremos pensar em praia, na próxima festa, ou numa esplanada durante a noite em conversas alongadas, lá temos de fingir que nos preocupamos com o mundo sob pena de sentirmos pesos na consciência pela nossa indiferença.

20.7.06

"Época Tola"

Acabou o futebol, começou o calor, falamos de praias. Este blog entra decididamente na “época tola”, durante a qual não será de estranhar um desconhecimento profundo da seriedade e uma profusão de postas sobre inutilidades.

Crítica de Praias – Guincho

Não haja vento – uma manifesta raridade, ao nível do cromo do Hugo Viana – e esta é das melhores praias do país. A serra ao fundo, verde em anos que tenha escapado aos incêndios, o sossego da distância a qualquer povoação. Numa ponta o velho Muxaxo e o humilde barzinho de praia com bons pães com chouriço, do outro lado o mais “arreglado” “Bar do Guincho”, onde pedir algo, em dia concorrido, se pode tornar uma aventura capaz de nos fazer espancar toda uma enorme fila.
A qualidade dos acessos varia um pouco, uma vez que chegar até perto da praia é rápido, mas os carros estacionados por todo o lado entopem desmedidamente a circulação, em especial quando algum autocarro resolve tentar a sorte de passar. Pode haver alguma perda de tempo em estacionamentos, valendo mais a pena parar mais longe e fazer alguns metros a pé. No lado do “Bar do Guincho” há um impecável parque, bem delineado e arranjado, com o senão de ser, obviamente, bem pago e ter um acesso estreito que entope em dias mais concorridos.
O mar costuma ser bravio, com ondulação forte de onda longa propícia ao Surf (e com o habitual vento perfeito para o Windsurf e o Kitesurf). A temperatura da água não costuma ser encorajante, mas antes revigorante, o que, dada a ondulação e a necessidade de movimento, não se torna um obstáculo ao banho.
O ambiente do Guincho é uma das suas maiores vantagens, definiria-o como queque-descontraído-surfista, o que é dizer que quase tudo é gente nova e com ar bonito e divertido. Gente da linha, muitos surfistas e windsurfistas de caras muito queimadas desde Maio. A descontracção pulula entre pequenos biquinis coloridos e calções de banho da Osklen ou de marcas de surf. No céu, os kites rematam o colorido e na água há sempre acção por entre as ondas. Bom spot para ver bonitas meninas (vá, e meninos) de família com ar cool.
Para quem não esteja em boa forma física, uma ida ao Guincho pode ser um pouco irritante, ou mesmo deprimente. A quase inexistência de barrigas proeminentes nos homens e uma enorme densidade por metro quadrado de abdominais bem delineados, pode transformar uma ida ao banho num embaraçoso exercício de contenção da respiração de forma a disfarçar o desleixo de uma barriguita grande. Claro que se pode assumir com descontracção o físico pouco cuidado, mas fica sempre a sensação de que as meninas presentes nos olham com um ar de vago nojo. No que ás meninas diz respeito, posso dizer que a celulite não costuma passar por aqui. Talvez por um fenómeno de selecção natural “à la Darwin”, parece que toda a gordura foi queimada pelo frio da água, que enrijece as coxas e as barrigas descobertas por biquinis reduzidos. Claro que isto é excelente para os olhos que se regalam, mas pode ser motivo para traumas e viagens ao psicanalista ou ao cirugião plástico.

Classificação: Dada a importância do problema, darei a classificação em dias com e sem vento. DCV: 7 (em 10); DSV: 10 (em 10)

Agradecimentos

Aos blogues “A Causa Humana” e “Direita Conservadora” pelos links que fizeram para este estabelecimento.

18.7.06

Boas Notícias?

José Sá Fernandes vai apresentar, para votação da Câmara Municipal, um Plano Verde para a cidade de Lisboa (ver mais aqui), que consiste numa actualização de um plano já elaborado pelo Arq. Gonçalo Ribeiro Telles. Caso seja aprovado e, mais importante, cumprido, este pode ser o primeiro passo para que Lisboa sustenha o caos urbanístico que se tem tornado típico, tomando um caminho de ordenamento do território mais do que desejável.
Lisboa será por certo uma melhor cidade caso este plano seja posto em prática, o problema é que falta uma votação favorável da Câmara. Terá Carmona Rodrigues o discernimento e a coragem de levar por diante esta iniciativa e de tirar o ponto de interrogação ao título deste post?

17.7.06

Praia

Não obstante a quantidade enorme de praias em redor de Lisboa, ao coincidir a canícula agreste com o fim-de-semana, tudo se complica para quem pretenda submergir em água salgada. Contudo ainda há esperança, ainda temos praias onde conseguimos chegar sem esperar hora e meia por um lugar, em fila parada e sob o sol inclemente, no que me faz lembrar a Caparica, e aquela desgraçada vez, uma por ano, em que me convencem à deslocação e de onde regresso com veementes promessas de nunca mais. Este ano tenho cumprido, e graças a isso passei dois deliciosos dias de praia, o primeiro na “mais que civilizada” praia da Comporta e o segundo num Guincho sem vento e com a água a uma temperatura que permitia conversas longas de corpos submersos. Que maravilha de fim-de-semana!

Sonho

Passei vários dias a sonhar com Connemara e o verde fresco da Irlanda, com uma fuga ao abafo em estava. Depois veio o fim-de-semana e a praia, e o abençoar por esta costa atlântica com clima mediterrânico.

Coisa Imaginária

A ausência de postas deve-se a um curto-circuito no teclado do computador causado por fluxos de suor.

12.7.06

Diálogos Imaginários

– Charles, faça qualquer coisa que me estou a sentir dentro de um forno a ser cozinhado como um leitão.
– Com certeza, menino. Vou já fazer uma limonada absurdamente gelada.

Greve

O melhor é fazer greve ou abstinência ao trabalho, até pensar me faz calor.

10.7.06

Mundial

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E ainda guardo, sorridente
Uns belos golos para mim

Cópias

No Mundial em que (quase) todos jogaram “à italiana”, ao menos que a vitória tenha sido do original.

Mas que bem

No dia em que Zidane agride um italiano à cabeçada, a FIFA escolhe-o como melhor jogador do Mundial. E ainda falam da importância do fair-play.

7.7.06

Joga bonito

O Mundial tem gerado uma multitude de reacções, comentários, análises ou dissertações. O tema mais batido tem sido a qualidade dos jogos e do jogo das equipas. Má, muito má. Chata, monótona. As equipas pautaram-se, na generalidade, por uma clara prioridade em não perder que se sobrepõe a qualquer sonhadora ideia de querer ganhar. Os jogos afastam-se então do que entendemos por futebol para se aproximarem mais da postura do xadrez de raciocínio frio e implacável. Argumenta-se que o que interessa é ganhar, que jogar bonito é um conceito ultrapassado, fala-se de produtividade. Em abstracto é verdade, o futebol é um jogo e os jogos existem essencialmente para se ganhar. Esquece-se que este jogo, este negócio, existe e é importante porque tem adeptos, porque milhões de pessoas chamam o dinheiro da publicidade que faz mexer a máquina. O que se passa é que Mundiais como este contribuem vastamente para a diminuição exponencial dos adeptos. Como vou eu convencer os meus sobrinhos das maravilhas do futebol quando todos lá em casa adormecemos aos dez minutos de jogo?
O meu gosto de futebol foi estimulado por Sócrates e Zico, por Maradona e Valdano, por Roger Milla. Foi com este futebol bonito, para alguns inútil e pouco objectivo, que me tornei feroz consumidor de Campeonatos do Mundo, competição onde a variedade de estilos e jogos me apaixonava. Ansiava sempre pela surpresa africana, pelos novos artistas do Brasil, pelo futebol rápido e atlético da Inglaterra ou da Dinamarca. Na altura a nossa selecção era uma inexistência, só esporadicamente quebrada no Europeu em que Chalana passeou o seu futebol. A ausência da nossa selecção aguçava o gosto do jogo pelo jogo, a admiração pela qualidade e pela arte.
Hoje, só dificilmente cedo a ver jogos que não sejam da Selecção Nacional ou do Sporting. Este Mundial reforçou isto com algumas secas a que, por teimosia, me prestei. Se nada mudar, o futebol irá tornar-se nisto, um campo de batalhas nacionais (ou clubísticas) em que só a vitória interessa. Cada vez serão menos a ver jogos em que não entrem as suas equipas, cada vez serão menos os adeptos. O futebol será cada vez mais um negócio chato e desinteressante e menos um desporto estimulante.

4.7.06

Diálogos Imaginários

- Charles, apesar de ainda não saber onde vou ver o jogo amanhã, prepare-me por favor um “kit” futebol.
- Com certeza menino, vou por cervejas e vinho branco no frigorífico e comprar cajus, amendoins e uns queijos.
- Ah! Charles, é melhor ter também uns calmantes à mão, é que os jogos com França trazem-me péssimas recordações.
- Não me poderia esquecer menino, eu também padeço do mesmo mal.

Além do futebol

Não deixa de ser estranho um governo do PS endireitar-se com a saída de um ex-presidente do CDS.

2.7.06

Brasil

Tenho pena de não ter pena por o Brasil ter perdido. Manias de quem gosta de futebol e não de xadrez.

Ricardo

Tal como há dois anos, Ricardo foi gigante e uma parede de betão à frente à baliza. Ainda haverá alguém, tirando o Miguel Sousa Tavares, que se lembre de Vítor Baía?

Meias-finais

E pronto, ontem foi para sofrer outra vez. Não será possível ganhar em jogos tranquilos e previsíveis, sem que o coração salte e a adrenalina dispare ao infinito? Enfim, antes assim, pelo menos de vitória sofrida em vitória sofrida já estamos nas meias-finais.

Scolarizar

A influência de Scolari na população portuguesa pode medir-se pela Scolarização, ou seja, pelo acréscimo desmedido no optimismo e auto-confiança. A acrescentar ao nosso léxico e a usar amiúde em frases sem nada ver com futebol. Exemplos: “Amanhã o teste vai-me correr bem de certeza”, é típica de uma pessoa scolarizada; ou outra (vinda de um administrativo de uma empresa), “se continuar a trabalhar no duro acho que vou chegar a administrador”; ou ainda, “vou sacar de certeza aquela louraça de metro e oitenta”, a que apetece responder “também não scolarizes tanto”.