20.7.06

Crítica de Praias – Guincho

Não haja vento – uma manifesta raridade, ao nível do cromo do Hugo Viana – e esta é das melhores praias do país. A serra ao fundo, verde em anos que tenha escapado aos incêndios, o sossego da distância a qualquer povoação. Numa ponta o velho Muxaxo e o humilde barzinho de praia com bons pães com chouriço, do outro lado o mais “arreglado” “Bar do Guincho”, onde pedir algo, em dia concorrido, se pode tornar uma aventura capaz de nos fazer espancar toda uma enorme fila.
A qualidade dos acessos varia um pouco, uma vez que chegar até perto da praia é rápido, mas os carros estacionados por todo o lado entopem desmedidamente a circulação, em especial quando algum autocarro resolve tentar a sorte de passar. Pode haver alguma perda de tempo em estacionamentos, valendo mais a pena parar mais longe e fazer alguns metros a pé. No lado do “Bar do Guincho” há um impecável parque, bem delineado e arranjado, com o senão de ser, obviamente, bem pago e ter um acesso estreito que entope em dias mais concorridos.
O mar costuma ser bravio, com ondulação forte de onda longa propícia ao Surf (e com o habitual vento perfeito para o Windsurf e o Kitesurf). A temperatura da água não costuma ser encorajante, mas antes revigorante, o que, dada a ondulação e a necessidade de movimento, não se torna um obstáculo ao banho.
O ambiente do Guincho é uma das suas maiores vantagens, definiria-o como queque-descontraído-surfista, o que é dizer que quase tudo é gente nova e com ar bonito e divertido. Gente da linha, muitos surfistas e windsurfistas de caras muito queimadas desde Maio. A descontracção pulula entre pequenos biquinis coloridos e calções de banho da Osklen ou de marcas de surf. No céu, os kites rematam o colorido e na água há sempre acção por entre as ondas. Bom spot para ver bonitas meninas (vá, e meninos) de família com ar cool.
Para quem não esteja em boa forma física, uma ida ao Guincho pode ser um pouco irritante, ou mesmo deprimente. A quase inexistência de barrigas proeminentes nos homens e uma enorme densidade por metro quadrado de abdominais bem delineados, pode transformar uma ida ao banho num embaraçoso exercício de contenção da respiração de forma a disfarçar o desleixo de uma barriguita grande. Claro que se pode assumir com descontracção o físico pouco cuidado, mas fica sempre a sensação de que as meninas presentes nos olham com um ar de vago nojo. No que ás meninas diz respeito, posso dizer que a celulite não costuma passar por aqui. Talvez por um fenómeno de selecção natural “à la Darwin”, parece que toda a gordura foi queimada pelo frio da água, que enrijece as coxas e as barrigas descobertas por biquinis reduzidos. Claro que isto é excelente para os olhos que se regalam, mas pode ser motivo para traumas e viagens ao psicanalista ou ao cirugião plástico.

Classificação: Dada a importância do problema, darei a classificação em dias com e sem vento. DCV: 7 (em 10); DSV: 10 (em 10)

Sem comentários: