18.11.08

Postal do Rio de Janeiro

Acolhido por um calor húmido que logo mostra uma nova realidade. Lembra Goa, mas sem aquele cheiro de especiarias tão único. O táxi faz o caminho apresentando-nos os presépios-favela, vestindo os morros com luzes de cor intensa. O mar está ali, por ali, invisível no escuro da noite.
Um dia chega para perder ideias feitas. Nunca me imaginaria a caminhar descontraidamente pelo meio do Rio à luz do dia. Ontem, eram duas da manhã e andava por entre as ruas quase vazias do Leblon numa caminhada serena. Loucura? Talvez, mas também a confiança de estar com neo-cariocas de origem lusitana. Estivesse só e nunca o faria, aterrorizado por relatos, por certo reais, de um Rio a ferro e fogo. Antes, o primeiro momento de sedução carioca por entre botecos do Leblon. Chope, chope, picanha de aperitivo, chope. Conversa a rolar com mesas vizinhas. A Ursula, alemã balzaquiana que acabou na nossa mesa e a trocar número de telefone, após me querer convencer a ficar no Rio e vir com ela para Buenos Aires daqui a uma semana. O portuguesinho odiável com a brasileira simpática, que se dizia nazi e tinha uma camisola do Benfica, rematando as tiradas a um estilo ainda pior do que "quem não é do Benfica não é bom pai de família". O argentino que jogava charme a meninas com idade para serem suas filhas. Habituava-me facilmente a esta vida de boémia descontraída com as palavras correr com chope. Ah! Era Domingo.

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