26.4.05

CDS

No congresso deste fim-de-semana ganhou Ribeiro e Castro, mas ganhou também a política portuguesa. Telmo Correia foi incensado líder pelo aparelho partidário que o “obrigou”, com o seu óbvio consentimento, a suceder a Paulo Portas. Durante dois meses estendeu um tabu, do qual iria emergir como o Messias do partido em pleno congresso (que mania esta de todos os partidos quererem o seu D. Sebastião). Claro que errou, ao conceber a política de forma tão táctica perdeu, e perdeu bem. Não segui o congresso – afinal era fim-de-semana grande –, mas é bom para Portugal que ganhe um candidato contra a estrutura do partido, contra os “sindicalistas do poder” que cada vez mais dominam os nossos partidos. Não sei se Ribeiro e Castro vai ser bom presidente do partido, não sei se me irá levar a votar ou não. Sei que, pela maneira como ganhou, inspira pelo menos uma palavra cada vez mais rara: seriedade. Talvez as suas ideias não sejam as minhas – aliás desconfio que não são –, mas ser eleito para um partido querendo que o mesmo tenha uma doutrina definida é bom, pelo menos sabemos com o que contamos, no meio do pântano político de um país em que as ideias vão sendo raras.