O novo ano começou com chuva, mas o passeio estava agradável e a vista da Catedral de San Marco conferia certo ar de fábula. Um café para acordar no Lavenna, à saída do qual, na descontracção de um cigarro, um súbito flash. Parecia ele - e aproximava-se - decerto era ele - cada vez mais próximo - era mesmo ele, cruzando-se com a sua comitiva. Sai uma pessoa de Portugal para passear tranquila, apreciar cidades antigas, deambular sossegado pelo meio de um país estrangeiro e, de repente, dá de caras com o senhor José Sócrates Pinto de Sousa em plena Piazza di San Marco em Veneza. O ano havia começado tão bem, distante das misérias do nosso país, até tudo ser lembrado pela presença do senhor primeiro-ministro. Logo tinha de escolher o mesmo destino para passar o ano. Ainda vacilei, entre um cínico e educado "bom ano para si e para os portugueses", um violento aperto de pescoço, uma boca brejeira e ofensiva, ou o silêncio. Fiquei pelo último, apenas por ser o que menos me incomodava e menos me estragava o início de ano. Continuei a avistá-lo ,de casaco desportivo encarnado, falando ao telemóvel, entrando numa loja de souvenirs de vidro de Murano em saldo. Fui olhando sereno enquanto o cigarro terminava. Nada mais fiz, mas pelo que vi, tenho a intuição que valerá a pena comprar o Correio da Manhã de amanhã.
2.1.09
Começar o ano (ou Sócrates em Veneza)
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