18.12.03

Natal dos Hospitais

Ontem em "zaping" passei por imagens que me pareciam quase arqueológicas. Parei e percebi que era um programa sobre a história do Natal dos Hospitais, apresentado por Júlio Isidro, Ana Zanatti e Henrique Mendes. Fiquei a ver um bocado e deliciei-me em momentos de alegre nostalgia.
O cenário era uma tenda de circo em tons cinza prateado de onde caíam fitas brilhantes. Os colarinhos das camisas eram avantajados, senhoras usavam calças por dentro de altas botas e camisas de manga de balão. E os artistas... Herman ainda magro, ainda com muita graça, ainda com o cabelo preto, na pele de Tony Silva cantando um delicioso medley de músicas da época. Cândida Branca Flor num número musical acompanhada por um bailarino saído de um filme musical série Z dos anos 40. Rui Veloso cantando "Um café e um bagaço", com menos 30 quilos e mais um bigode. O romântico Tony de Matos no seu melhor. Carlos Alberto Moniz a cantar para as crianças, acompanhado pela irreconhecível filha Lúcia, então pré, pré adolescente. Um irreconhecível Fernando Mendes, este com menos 60 quilos, com Francisco Nicholson num número de revista.
Neste momento parece uma obsessão estar a citar o estado de gordura de cada artista, mas é a mais pura da verdade. Leva-me a pensar se podemos estabelecer um paralelo entre a engorda dos artistas e a progressão económica de Portugal. A ser assim, podemos prever que comecem rapidamente a emagrecer, pelo menos assim o diz a Ministra das Finanças. Convém guardar segredo, pois o Dr. Tallon pode ficar sem clientes e tornar-se violento.
Hoje por acaso liguei a televisão...lá estava o Natal dos Hospitais. Um pouco diferente nos cenários, nas barrigas proeminentes dos artistas consagrados, na própria cor da televisão. No resto igual, o dia em que todos os artistas, bons ou maus, desconhecidos ou consagrados, aparecem na televisão. Descobrimos cantores obscuros de voz abafada pelo playback e visual inaudito. Revemos gente que julgávamos desaparecida. Conhecemos novos artistas. No fundo é como ir a um casamento, sem a missa e as comidas. Um acontecimento anual indispensável que só se suporta como exercício quase masoquista de nostalgia. Aguentei uns dez minutos.

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