27.10.05
Brinquedo
Diálogos Imaginários
– Com certeza menino. O que deseja?
– Está a ver esta montanha de Cd’s? Vou-lhe pedir que os vá descarregando para o meu computador através do iTunes para eu depois os poder passar para o meu iPod. Ah! É claro que os pode ir ouvindo.
– Com certeza menino, e vou mesmo tomar a liberdade de ouvir alguns.
25.10.05
Milonga del muerto
entre paredes y puertas.
Dios les permite a los hombres
soñar cosas que son ciertas.
Lo he soñado mar afuera
en unas islas glaciales.
Que nos digan lo demás
la tumba y los hospitales.
Una de tantas provincias
del interior fue su tierra.
(No conviene que se sepa
que muere gente en la guerra).
Lo sacaron del cuartel,
le pusieron en las manos
las armas y lo mandaron
a morir con sus hermanos.
Se obró con suma prudencia,
se habló de un modo prolijo.
Les entregaron a un tiempo
el rifle y el crucifijo.
Oyó las vanas arengas
de los vanos generales.
Vio lo que nunca había visto,
la sangre en los arenales.
Oyó vivas y oyó mueras,
oyó el clamor de la gente.
Él sólo quería saber
si era o si no era valiente.
Lo supo en aquel momento
en que le entraba la herida.
Se dijo No tuve miedo
Cuando lo dejó la vida.
Su muerte fue una secreta
victoria. Nadie se asombre
de que me dé envidia y pena
el destino de aquel hombre.
Jorge Luís Borges
21.10.05
.
Pesadelos
20.10.05
Aleluia
Humor Negro
Será que podemos encomendar uma gripe das aves exclusiva para os pombos? Lisboa precisava tanto disso…
12.10.05
Apetece comprar para dar estalos II
Apetece comprar para dar estalos I
Manuel Maria Carrilho
10.10.05
Momentos altos de ontem
A competência inequívoca do STAPE que deixou os jornalistas à beira de um ataque de nervos.
Sousa Tavares a falar de futebol Deviam ser feitas leis – reconheço que um pouco censórias – que impedissem as pessoas de falar de forma tão fanática e irracional. Ao nível de Ferreira Torres.
As genuínas, e ruidosas, gargalhadas no estúdio da TVI aquando da intervenção de Valentim Loureiro. Os momentos que precederam o discurso do Major foram dignos de um sketch dos bons tempos do mudo, por instantes parecia que ninguém o impediria de espancar o senhor que lhe tentava dar o microfone. Seria catarse ou excesso de álcool?
Gostei ontem
Das derrotas de Carrilho, Soares (pai e filho) e Avelino. E também do PS.
Da eleição de Sá Fernandes e de Maria José Nogueira Pinto.
Da não eleição de Teixeira Lopes.
Da educação e subtileza de Carmona no seu discurso, dando uma enorme bofetada de luva branca a Carrilho.
Apesar de tudo da emissão da TVI.
Da chuva.
De ficar no sofá numa alegre abstenção. Não voto em Lisboa e na minha terra nada havia a decidir num cenário eleitoral desinteressante.
Não gostei ontem
De ver, constrangido, o mau perder e falta de educação de Carrilho. Será que o podemos mandar para um pós-pós-pós doutoramento na Sibéria?
Dos ilegíveis resultados da SIC, que teimavam em ocupar metade do écran sem que lhes pudéssemos dar algum uso.
Da sonífera emissão da RTP.
Do choque tecnológico do STAPE.
9.10.05
Facto
Coisas da Vida Boa
7.10.05
Eleições
Pronto, a campanha está a chegar ao fim. Agora é só esperar pelos resultados no Domingo para ver o povo a entregar o poder ás Fátimas Felgueiras deste país. Para depois, rogamos por uma amnésia que nos ajude a esquecer que, durante alguns dias, fomos mais terceiro-mundistas do que muitos países sul-americanos, com candidatos à espera de julgamento e presidentes de Junta barbaramente assassinados. Perderemos algum assunto de conversa, mas poderemos descansar e voltar à doce ilusão de que vivemos num país civilizado. Por pouco tempo, é claro, já que depois vão chegar as aguardadas e “sábias” palavras do professor Aníbal e voltaremos ao folclore eleitoral. Claro que o país continuará à deriva, mas isso, afinal, não interessa nada.
6.10.05
Tempo
5 do 10 - II
Portugal Foi-nos Roubado
Portugal foi-nos roubado
há que dize-lo a cantar
para isso nos serve o fado
para isso e para não chorar
Cinco de Outubro de treta
o que foi isso afinal
dona Lisboa de opereta
muito chique e por sinal
Sou português e por tal
nunca fui republicano
o que eu quero é Portugal
para desfazer o engano
Os heróis republicanos
banqueiros, tropa, doutores
no estado em que ainda estamos
só lhes devemos favores
Outubro Maio e Abril
cinco dois oito dois cinco
reina a canalha mais vil
neste branco verde e tinto
Sou português e por tal
nunca fui republicano
o que eu quero é Portugal
para desfazer o engano
5 do 10
Ontem feriado. Comemoração da implantação da república. Mas comemorar o quê? Os anos de desgoverno que se seguiram a 1910 e deixaram o país à beira da bancarrota? A ditadura que se seguiu e penosamente arrastou o país por longos anos? As consequências de uma revolução pacífica que se reflectem até hoje numa constituição socialista? Os brilhantes últimos governos que vão dando ao país o que ele precisa deixando-o no recomendável estado a que chegámos?
3.10.05
.
Morte estúpida. Será correcto usar tal redundância quando a morte é por si só tão estúpida? Perante a brutalidade, tudo se torna estúpido, incomensuravelmente estúpido. O fim é estúpido, ainda mais quando atingido de forma abrupta, inesperada e chocante. Perante toda esta estupidez tornam-se desprezíveis as expressões “é a vida”, “não somos nada”. Nem quando o fim é o culminar de um caminho conhecido estamos preparados, nem quando a idade ou a doença traçaram um destino o aguardamos serenamente. O que dizer então quando surge súbito, sem avisos nem sinais, num golpe trágico, repentino e cruel. Faltam as palavras, as justificações. Resta-nos a Fé.