27.10.05

Definitivamente

A roda do iPod é erótica!

Brinquedo

Tenho passado momentos de criança. O meu novo brinquedo deixou-me babado e distraído, pareço um menino com a sua nova caixa de Mecano ou de Lego – ou, sejamos mais modernos, uma PSP. Um iPod lindo, magnífico, extraordinário. Para além de tudo com uma belíssimas colunas portáteis que me permitem emigrar para a Patagónia sem perder o meu Vinicius, o meu Caetano, o meu Bach, o meu Miles Davis ou a minha Amália e sem ter de arrastar um molho disparatado de discos. Pareço estúpido, aliás, acho mesmo que estou estúpido perante o meu brinquedo, lindo, branco, e com aquela maravilhosa roda.

Diálogos Imaginários

– Charles, deixe o que está a fazer e venha até aqui por favor.
– Com certeza menino. O que deseja?
– Está a ver esta montanha de Cd’s? Vou-lhe pedir que os vá descarregando para o meu computador através do iTunes para eu depois os poder passar para o meu iPod. Ah! É claro que os pode ir ouvindo.
– Com certeza menino, e vou mesmo tomar a liberdade de ouvir alguns.

25.10.05

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(Burgueses de Calais, Rodin)
Salamanca, 2002

Milonga del muerto

Lo he soñado en esta casa
entre paredes y puertas.
Dios les permite a los hombres
soñar cosas que son ciertas.

Lo he soñado mar afuera
en unas islas glaciales.
Que nos digan lo demás
la tumba y los hospitales.

Una de tantas provincias
del interior fue su tierra.
(No conviene que se sepa
que muere gente en la guerra).

Lo sacaron del cuartel,
le pusieron en las manos
las armas y lo mandaron
a morir con sus hermanos.

Se obró con suma prudencia,
se habló de un modo prolijo.
Les entregaron a un tiempo
el rifle y el crucifijo.

Oyó las vanas arengas
de los vanos generales.
Vio lo que nunca había visto,
la sangre en los arenales.

Oyó vivas y oyó mueras,
oyó el clamor de la gente.
Él sólo quería saber
si era o si no era valiente.

Lo supo en aquel momento
en que le entraba la herida.
Se dijo No tuve miedo
Cuando lo dejó la vida.

Su muerte fue una secreta
victoria. Nadie se asombre
de que me dé envidia y pena
el destino de aquel hombre.

Jorge Luís Borges

21.10.05

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O dia está tão húmido e plúmbeo que começa a faltar a vontade de sair para um jantar que se adivinha simpático. A lareira ausente começa a fazer parte do imaginário mais recorrente. Penso em castanhas assadas e lembro o fumo e o cheiro. Parece que por fim é Outono.

Pesadelos

Hoje acordei com a sensação de ter dormido em sobressalto. Não me lembrava porquê, mas acho que posso dizer que a culpa é do Cavaco.

E foi o Horror

Cavaco anunciou ontem a sua candidatura a Belém.

20.10.05

Dia de Horror

Consta que Cavaco anuncia hoje a sua candidatura a Belém.

Aleluia

José Peseiro já não é treinador do Sporting! Dias da Cunha também resolveu ir embora!
Talvez agora se volte a ver futebol pelas bandas de Alvalade.

Humor Negro

Será que podemos encomendar uma gripe das aves exclusiva para os pombos? Lisboa precisava tanto disso…

12.10.05

Apetece comprar para dar estalos II

Júlia Pinheiro. Para além de tudo, aquela voz devia ser proibida.

Apetece comprar para dar estalos I

(Pessoa que nos irrita tanto que dá vontade de ter em casa para ir espancando a nosso belo prazer.)

Manuel Maria Carrilho

10.10.05

Momentos altos de ontem

A “narigada” da comovida Bárbara perante a frígida indiferença de Manuel Maria. Foi pena o pequeno Diniz não ter também aparecido, seria um fecho com chave de ouro para esta memorável campanha de Carrilho.

A competência inequívoca do STAPE que deixou os jornalistas à beira de um ataque de nervos.

Sousa Tavares a falar de futebol Deviam ser feitas leis – reconheço que um pouco censórias – que impedissem as pessoas de falar de forma tão fanática e irracional. Ao nível de Ferreira Torres.

As genuínas, e ruidosas, gargalhadas no estúdio da TVI aquando da intervenção de Valentim Loureiro. Os momentos que precederam o discurso do Major foram dignos de um sketch dos bons tempos do mudo, por instantes parecia que ninguém o impediria de espancar o senhor que lhe tentava dar o microfone. Seria catarse ou excesso de álcool?

Gostei ontem

Das vitórias de Rio, Capucho, Campelo e de alguns (realmente) Independentes.
Das derrotas de Carrilho, Soares (pai e filho) e Avelino. E também do PS.
Da eleição de Sá Fernandes e de Maria José Nogueira Pinto.
Da não eleição de Teixeira Lopes.
Da educação e subtileza de Carmona no seu discurso, dando uma enorme bofetada de luva branca a Carrilho.
Apesar de tudo da emissão da TVI.
Da chuva.
De ficar no sofá numa alegre abstenção. Não voto em Lisboa e na minha terra nada havia a decidir num cenário eleitoral desinteressante.

Não gostei ontem

Obviamente das vitórias de Isaltino, Valentim e Felgueiras. E também de Mesquita Machado e Isabel Damasceno.
De ver, constrangido, o mau perder e falta de educação de Carrilho. Será que o podemos mandar para um pós-pós-pós doutoramento na Sibéria?
Dos ilegíveis resultados da SIC, que teimavam em ocupar metade do écran sem que lhes pudéssemos dar algum uso.
Da sonífera emissão da RTP.
Do choque tecnológico do STAPE.

9.10.05

Facto

Chove. Finalmente chove. Cheira a terra molhada e há humidade no ar. O sol parece ter-se evaporado. Chove. Finalmente chove.

Coisas da Vida Boa

Lá fora a chuva. Cá dentro, um sofá confortável com jornais e revistas ao lado. Ouvem-se as Bachianas Brasileiras de Villa-Lobos ás quais se seguirão uns madrigais de Monteverdi.

7.10.05

Eleições

Pronto, a campanha está a chegar ao fim. Agora é só esperar pelos resultados no Domingo para ver o povo a entregar o poder ás Fátimas Felgueiras deste país. Para depois, rogamos por uma amnésia que nos ajude a esquecer que, durante alguns dias, fomos mais terceiro-mundistas do que muitos países sul-americanos, com candidatos à espera de julgamento e presidentes de Junta barbaramente assassinados. Perderemos algum assunto de conversa, mas poderemos descansar e voltar à doce ilusão de que vivemos num país civilizado. Por pouco tempo, é claro, já que depois vão chegar as aguardadas e “sábias” palavras do professor Aníbal e voltaremos ao folclore eleitoral. Claro que o país continuará à deriva, mas isso, afinal, não interessa nada.

6.10.05

Tempo

O calor insano lá fora baralha qualquer raciocínio. As estações, que desde a primária aprendemos a conhecer, são hoje uma imensa confusão. Já dizia o poeta: “o mundo é composto de mudança”.

5 do 10 - II

A propósito do post anterior apetece-me lembrar um poema de João Ferreira Rosa – cantado pelo próprio – que é um dos raros, e curiosos, exemplos de música de intervenção monárquica.

Portugal Foi-nos Roubado

Portugal foi-nos roubado
há que dize-lo a cantar
para isso nos serve o fado
para isso e para não chorar

Cinco de Outubro de treta
o que foi isso afinal
dona Lisboa de opereta
muito chique e por sinal

Sou português e por tal
nunca fui republicano
o que eu quero é Portugal
para desfazer o engano

Os heróis republicanos
banqueiros, tropa, doutores
no estado em que ainda estamos
só lhes devemos favores

Outubro Maio e Abril
cinco dois oito dois cinco
reina a canalha mais vil
neste branco verde e tinto

Sou português e por tal
nunca fui republicano
o que eu quero é Portugal
para desfazer o engano

5 do 10

Ontem feriado. Comemoração da implantação da república. Mas comemorar o quê? Os anos de desgoverno que se seguiram a 1910 e deixaram o país à beira da bancarrota? A ditadura que se seguiu e penosamente arrastou o país por longos anos? As consequências de uma revolução pacífica que se reflectem até hoje numa constituição socialista? Os brilhantes últimos governos que vão dando ao país o que ele precisa deixando-o no recomendável estado a que chegámos?

3.10.05

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Morte estúpida. Será correcto usar tal redundância quando a morte é por si só tão estúpida? Perante a brutalidade, tudo se torna estúpido, incomensuravelmente estúpido. O fim é estúpido, ainda mais quando atingido de forma abrupta, inesperada e chocante. Perante toda esta estupidez tornam-se desprezíveis as expressões “é a vida”, “não somos nada”. Nem quando o fim é o culminar de um caminho conhecido estamos preparados, nem quando a idade ou a doença traçaram um destino o aguardamos serenamente. O que dizer então quando surge súbito, sem avisos nem sinais, num golpe trágico, repentino e cruel. Faltam as palavras, as justificações. Resta-nos a Fé.