31.1.09

Ideias deste fim de semana

Ontem, depois da sua entevista a Manuela Moura Guedes, ponderou-se a criação do CFTJ, vulgo Clube de Fans do Tio Júlio. Foram angariados dois ou três membros fundadores, embevecidos com as deliciosas tiradas do tio de Zezito Pinto de Sousa.

Rima do momento

Ó Zezito já te tenho dito
que não é bonito
andares a enganar.
Ó Zezito já te tenho dito
que não é bonito
andares a enganar.

Chora agora
Zezito chora
que te vais embora
p'ra não mais voltar.

Chora agora
Zezito chora
que te vais embora
p'ra não mais voltar.

30.1.09

Coisas de fim de semana

O “Sol” sai amanhã. A que horas, e onde, será a comunicação oficial do primeiro-ministro.

Coisas que se aprendem

Parece que a polícia inglesa é pouco credível e movida pelos calendários eleitorais portugueses.

Coisas que se aprendem

A cabala anda por aí. Uma vez mais, o acossado PS está a ser vítima de uma cabala. Assim o disse o primeiro-ministro desde a sua residência oficial dirigindo-se aos jornalistas na sua comunicação “ao país”.

Coisas que se ouvem

(a passar despercebidas graças ao Freeport)
Dias Loureiro diz que alertou o vice-governador do Banco de Portugal, António Marta, para o modelo de gestão do BPN que o deixava “intranquilo” (apesar de se ter mantido como administrador). António Marta diz que Loureiro lhe teria perguntado o porquê de o BdP “fazer sistematicamente perguntas e inspecções ao BPN”. Curiosa contradição!

P.S. O vice-governador está disponível para uma acareação, que se aguarda com expectativa.

Rir é o melhor remédio

O panorama do país segue o Inverno rigoroso e pinta-se de cinza escuro, nos tons de um quadro paisagista inglês do século XIX. O clima induz à depressão, a Bergman, a um fecho em casa sem comunicação como exterior. Ou a fugir daqui para fora. Andava a ceder a esta má onda e a ficar amargo. Tomei a resolução de não me resignar e como perante a tragédia envolvente há que reagir, o melhor é começar a rir. Gargalhar com sonoridade perante o Freeport, o BPN ou o BPP. O melhor é rir, é mesmo o melhor remédio para não chorar.

27.1.09

Entrevista Omo (lava mais branco)

Ouvi 5 minutos. Não valia a pena ouvir mais. Pedro Silva Pereira tentou cumprir com empenho o confrangedor papel de branquear tudo o que se passou no Freeport. No tempo em que acompanhei a entrevista houve perguntas que se negou a responder por serem insultuosas. Já se percebe que a técnica de Pinto de Sousa vai ser a mesma da licenciatura: resposta sempre às mesmas coisas e indignação perante as perguntas que de facto é importante responder. No fim restará a confusão e a indignação, a opacidade e vitimização.

26.1.09

Comprimidos para a memória. Depressa!

Pinto de Sousa (a.k.a. Sócrates) não nega que o tio lhe tenha pedido uma reunião com os responsáveis do Freeport e que ela tenha ocorrido, apenas diz que não se lembra da mesma. Convém perceber se o tio lhe pedia reuniões com amigos com grande frequência, e é assim normal que não se lembre desta, ou se era um caso extraordinário e, tendo em conta que os factos se referem ao ano de 2002, o melhor é tomar algo para a memória, pois ter um primeiro-ministro com tanta falta dela é muito preocupante. Até se pode esquecer que vivemos num país livre e democrático e que o poder absoluto é coisa de outros tempos.

A real pergunta

Pinto de Sousa queixa-se de que o caso Freeport apenas aparece em anos de eleições. O que as pessoas atentas gostariam de saber é porque será que a investigação parou depois das eleições e só foi retomada a reboque da investigação inglesa. Esta, sim, é a questão que num país civilizado deveria ser respondida.

Jornalismos

O caso Freeport já é notícia no "Sol" há duas semanas. Apenas a TVI fez, ao longo deste tempo, algum eco dos factos. Foi preciso a persistência da investigação do "Sol", e a explosão de informação vinda de Inglaterra, para que os restantes media se referissem ao facto. Felícia Cabrita disse, em directo na TVI, que o "Sol" está a receber fortes pressões para parar a investigação. Assim vai a democracia e a liberdade neste país amordaçado.

22.1.09

Entusiasmos

Sobre a tomada de posse de Obama já tudo, ou quase tudo, se disse. Daquilo que vi, algo me impressionou em especial: as ruas estavam cheias de gente entusiasmada, cheias de gente (ainda) com esperança profunda na democracia. Com razão, ou sem, o tempo o dirá e fará o seu escrutínio.
Na Europa vivem-se tempos tristes e cinzentos e, ao olhar para o nosso país, tenho de recuar às presidenciais que opuseram Freitas a Soares, ou à primeira maioria absoluta de Cavaco, para me lembrar de um entusiasmo real com a democracia. Foi por isso o entusiasmo o que mais me marcou, e me fez entristecer, na tomada de posse de Obama.

21.1.09

Coisas Boas de Portugal

No meio destes tempos em que a tristeza teima em superar a habitual melancolia, é ainda mais agradável ser surpreendido. Apesar de o conhecer de nome, só recentemente ouvi a música de António Zambujo. Mais do que a descrever, deixo-a aqui para quem queira escutar. A música sempre teve o poder de nos reconciliar com o mundo.

20.1.09

Coisas da Vida

Habituamo-nos tanto à modernidade que uma quebra de luz a meio da noite no nosso bairro logo nos complica a vida. Pensava que isto da luz se ir fosse coisa de um passado nostálgico e provinciano, ontem verifiquei que não. Fiquei sem saber o que fazer, entre esperar e tentar dormir. Na dúvida dormi, acreditando que acordaria a meio da noite estremunhado com a chegada da luz, pensando que estava a ser visitado por simpáticos E.T.

19.1.09

Coisas da incompetência

O Sol apresenta uma notícia acerca da corrupção sobre um ministro do governo Guterres no casa Freeport que, a confirmar-se, é inquestionavelmente grave. O Dr. Miguel Cadilhe – goste-se, ou não, uma pessoa respeitável – traz novos e gravíssimos dados sobre o BPN. Os jornais e televisões fazem o que podem por esquecer os pormenores e ignorar os assuntos. Perante isto fica a certeza, há muito precedida de desconfiança, que o jornalismo em Portugal é coisa diferente de outros países. O que deve ser imparcialidade e independência é por cá trocado por sabujice e manifesta falta de competência – ou necessidades económicas, nunca saberemos. Que saudades de “O Independente”, com ele esta gente piaria tão mais fino.

Coisas do (des)governo

O mundo continua numa crise que não se sabe como acabará. Portugal caminha a passos apressados para um novo-riquismo terceiro-mundista, em que a pseudo modernidade esconde a pobreza. No meio disto, o senhor Pinto de Sousa descobriu o que fazia falta aos portugueses, aquilo que fazia mesmo falta, a saber, o casamento homossexual e a regionalização.

P.S. A escolha destas prioridades para a próxima legislatura percebe-se com a maior das facilidades, pois são dois temas tão polémicos que durante algum tempo o essencial não será discutido. À boa maneira do gente que nos governa.

15.1.09

Coisas de voltar ao trabalho

Ao acordar, olhar e sentir o dilúvio. Água abundante numa Lisboa com ar nórdico de inverno impenitente. Delírios acerca de um tele transporte para Veneza. Água por água, antes que circule em canais rodeados de uma beleza que nem a água consegue diminuir.

14.1.09

Coisas boas da Argentina antiga



"Vuelvo al Sur" - Música de Astor Piazzola com letra de Pino Solanas, cantada pelo incrível Roberto Goyeneche.
Esta é daquelas versões definitivas de uma música definitiva.

Vuelvo al Sur
Como se vuelve siempre al amor
Vuelvo a vos
Con mi deseo, con mi temor

Llevo el Sur
Como un destino del corazon
Soy del Sur
Como los aires del bandoneon

Sueño el Sur
Inmensa luna, cielo al reves
Busco el Sur
El tiempo abierto, y su despues

Quiero el Sur
Su buena gente, su dignidad
Siento el Sur
Como tu cuerpo en la intimidad

Vuelvo al Sur
Llego al sur
Te quiero

Coisas boas da Argentina moderna


Otros Aires - "Sin Rumbo"

Coisas boas de Itália

Os gelados da Castiglione. Segundo uma teoria que aprendi, os melhores gelados são italianos, os melhores gelados de Itália são os da Emilia-Romagna, os melhores dentro desta região são os de Bolonha e nesta cidade a melhor geladaria é a Castiglione. Os sabores exclusivos da casa são de rebentar a escala da gula.

Coisas que podem levar a emigrar

Este governo quer aumentar para 5 milhões a verba dispensada de concurso público. Melhor que isto só legalizar a corrupção. Aliás, talvez assim tudo fosse mais transparente e o estado perdesse menos dinheiro.

Coisas que podem levar a emigrar

O senhor Mário Lino, talvez depois de um almoço bem regado, enviou por e-mail o pedido de um calendário de inaugurações – exaustivo, metódico e eficiente – a empresas públicas, e outras com capitais públicos. Como diz o Dr. Jardim, é preciso correr com esta gente.

13.1.09

Coisas boas de Itália

Não ser possível, como por esta terra cada vez mais atrasada e deprimente, que o ego de arquitectos moderninhos se imponha com obras de ruptura ao património histórico. Isto também a propósito da notícia de que alguns monumentos portugueses património mundial poderiam perder a classificação da UNESCO.

Coisas boas de Itália

Tropeçar a meio do dia em mais um Veronese e passar por ele com muita displicência, como se de mais um razoável pintor de rua se tratasse.

Pensamento do ano

As minhas deambulações por terras estranhas, no final do passado ano, deixaram em mim presente uma inquietação cada vez mais forte: porque será que insisto em viver neste país?

Diálogos Imaginários

– Menino, bem-vindo seja. Como foi a sua passagem de ano?
– Excelente, Charles, pelas belas e magníficas terras de Itália.
– Com muito frio, suponho.
– Terrível, Charles, mas, perante tamanha beleza, bastante suportável.
– Irei arrumar quanto antes as suas bagagens.
– Charles, não imagina como agradeço, é que duas viagens seguidas, com a sua ausência para férias, deixaram tudo isto num caos infame.
– Não se preocupe, menino, tudo ficará no seu devido lugar.
– O que seria de mim sem si, Charles.
– É muito amável, menino.

6.1.09

Telegrama

Ainda ausente stop agora em Bolonha stop amanhã Veneza stop pouco tempo para posts stop muito frio stop viagem excelente stop até muito breve stop.

2.1.09

Começar o ano (ou Sócrates em Veneza)

O novo ano começou com chuva, mas o passeio estava agradável e a vista da Catedral de San Marco conferia certo ar de fábula. Um café para acordar no Lavenna, à saída do qual, na descontracção de um cigarro, um súbito flash. Parecia ele - e aproximava-se - decerto era ele - cada vez mais próximo - era mesmo ele, cruzando-se com a sua comitiva. Sai uma pessoa de Portugal para passear tranquila, apreciar cidades antigas, deambular sossegado pelo meio de um país estrangeiro e, de repente, dá de caras com o senhor José Sócrates Pinto de Sousa em plena Piazza di San Marco em Veneza. O ano havia começado tão bem, distante das misérias do nosso país, até tudo ser lembrado pela presença do senhor primeiro-ministro. Logo tinha de escolher o mesmo destino para passar o ano. Ainda vacilei, entre um cínico e educado "bom ano para si e para os portugueses", um violento aperto de pescoço, uma boca brejeira e ofensiva, ou o silêncio. Fiquei pelo último, apenas por ser o que menos me incomodava e menos me estragava o início de ano. Continuei a avistá-lo ,de casaco desportivo encarnado, falando ao telemóvel, entrando numa loja de souvenirs de vidro de Murano em saldo. Fui olhando sereno enquanto o cigarro terminava. Nada mais fiz, mas pelo que vi, tenho a intuição que valerá a pena comprar o Correio da Manhã de amanhã.

Passar o ano

Frio, neve a cair, uma praça irreal de bonita. Cidade imaginária. Prosecco na Piaza di San Marco. Veneza desejou-me um bom ano em todo a seu esplendor.