29.8.07

Corra a ver

Ratatouille é simplesmente delicioso, visualmente deslumbrante e muito, muito, mas mesmo muito divertido. Conselho de amigo, vá à sessão das sete para depois correr para casa cozinhar algo de excêntrico ou, opção igualmente válida, reserve mesa e corra para um óptimo restaurante sonhando que na cozinha estará o pequeno Remy, criando e recriando as melhores das receitas.

28.8.07

Ainda há jornalismo

Mário Crespo caminha para ser o paladino do jornalismo independente e desassombrado, imune a pressões e ao fantasma do politicamente correcto. A sua entrevista de ontem a Gualter Batista, a face visível do movimento ecoterrorista “Verde Eufémia”, foi um perfeito massacre sobre as inconsistências e hipocrisias do activista porta-voz da acção destruidora de milho transgénico no Algarve. Os eufemismos, as incoerências, a arrogância moral, tudo foi questionado com a simplicidade e competência que deviam guiar o jornalismo, em especial quando de entrevistas se trata. Não é necessário ser agressivo ou desagradável para questionar um entrevistado e conseguir dele extrair a informação desejada ou, noutros casos, perceber da ausência de informação ou de consistência da mesma. Após a entrevista de ontem, só muito dificilmente alguém inteligente e não toldado pela força das ideias extremas poderá acolher com a mínima simpatia a acção que este movimento secreto – já que os outros membros insistem no anonimato – efectuou ou as acções que venha a efectuar. Gente que se julga dona da razão e que em nome dela actua cegamente contra a lei e a maioria da população não é novidade, aliás, já teve grande importância na história do mundo ao originar regimes tão livres e democráticos como o fascismo ou o comunismo.

27.8.07

Verão

Este Domingo foi de verão, não do sério, de sol impenitente e escaldante, mas do que permite ter luz, e estar junto ao mar, e até conseguir agradáveis mergulhos. Claro que sucedeu a um belíssimo sábado “Bergmaniano”, de nuvens intensas e escuras, de borrifos de chuva convictos e fim de tarde plúmbeo e adequadamente neurótico. Este verão anda um pouco “cinicozinho”, e irritante também.

Destaque

As crónicas venezuelanas de Ferreira Fernandes, no DN, são um magnífico espelho do Admirável Mundo Novo “chavista”. A ler e a reter, e a emprestar ou enviar por e-mail para o mainstream de esquerda anti-americana que vê em Chavez, como viu em Guevara, o farol guia contra o capitalismo e o modelo de virtudes humanas e governativas a espalhar pelo mundo.

23.8.07

Para hoje ao fim da tarde


Após encher os copos com um bom vinho branco.

"Junto à Costa de Capri"
Copyright: JK/Magnum Photos

Regresso

As chegadas de férias fazem-me desejar que o meu corpo fosse como um relógio de parede, em que para acertar as horas bastasse rodar os ponteiros e dar corda.

21.8.07

Eco III

Perante o acto terrorista deixa de interessar a discussão sobre o milho transgénico. Os selvagens até podem ter razão, mas isso não lhes dá o direito de violar a propriedade privada. Seria o mesmo que, com argumentos de sanidade pública, eu invadisse a casa dos terroristas e os obrigasse a tomar um longo banho, incluindo a lavagem do cabelo. Teria muitas razões para o fazer, mas, em nome de uma sociedade democrática, devo respeitar a sujidade das criaturas.

Eco II

Aos ecopatetas, agora perigosamente convertidos em ecoterroristas, gostaria de lembrar que ecologia não é uma corrente política, é uma ciência. Também convém perceberem que nenhuma ideologia defende melhor os valores ecológicos e ambientais dos que aquela que tanto detestam, a dos conservadores.

Eco I

A recente chegada de férias tinha-me impedido de tomar conhecimento de mais um passo no curto caminho para a decadência deste país. Talvez inspirados nas ocupações retratadas no filme “Torrebela”, agora em reposição, um bando de patetas com ego inflado pela extrema-esquerda resolveu, perante a observação, e quiçá apoio moral, da GNR, destruir uma plantação de milho transgénico. Com a argumentação de uma desobediência civil ecológica, os perigosos idiotas encontraram uma alternativa à praia e organizaram mais uma festinha das que tanto gostam, com muitos jornalistas e a esperança de alguém lhes dar um par de estalos ou murros para se poderem fazer de vítimas da opressão. Que uma polícia venezuelana não interviesse, até compreenderia, agora que a nossa GNR assista impávida e serena e não prenda ninguém, já me parece digno de John Cleese. A dúvida sobre se vivo num país civilizado é cada vez menor, infelizmente pendendo para o lado oposto a Darwin.

20.8.07

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Regressado de umas outonais férias em Agosto, verifico com tristeza que ainda não se organizou nenhuma manifestação, ou abaixo-assinado, contra o impertinente e desprezível comportamento do anti ciclone dos Açores, ao resolver deslocar-se sem aviso prévio com a consequente remoção do verão do nosso país.

9.8.07

Momento intelectual em férias

Um copo de vinho branco fresco em esplanada frente à vetusta Casa Havaneza. Apressado, livro na mão, o vislumbre de Pedro Mexia a atravessar a rua. "Com os copos" de Miguel Esteves Cardoso sobre a mesa. Quem disse que as férias não podiam ter um certo toque intelectual?

7.8.07

Férias

Este blog encontra-se de férias no sítio do costume. As postas serão assim mais raras, perdidas entre a areia e o mar, as pevides e os tremoços, as imperiais e o vinho branco. Hoje, para matar saudades, uma nortada à antiga. Maneiras da praia que me acolhe lembrar a sua personalidade. E que personalidade.

3.8.07

A frase mais proferida no Ministério da Cultura.

“Quem será o senhor(a) que se segue?” (acompanhado por um sorriso aberto e um esfregar de mãos)

A senhora da (in)cultura

A prodigiosa estalinista que nos governa a cultura persiste na coerência de nos poupar à sua presença. Nos últimos tempos, em que já saneou quatro dirigentes de topo sob a sua tutela, apenas me recordo de a ver a montar um camelo e a abraçar-se a Berardo. Não que a sua presença seja agradável ou motivo de regozijo, apenas seria de bom-tom que assumisse publicamente as suas decisões e não empurrasse para a linha da frente os seus peões mais submissos. Talvez seja timidez, ou, tenhamos um pouco de esperança, vergonha pelos seus infames actos.

1.8.07

Época tola

Apesar do esforço para entrar em época tola, o país insiste em não mo permitir, Coisas de ser português e de habitar este local infrequentável de onde não quero sair.

Elogio da mediocridade

Citando Vasco Pulido Valente: “Triste país o nosso”.
O anúncio da demissão da directora do Museu Nacional de Arte Antiga é mais um passo no irreversível caminho para a mediocridade que este país insiste em trilhar. No espaço de pouco tempo o país, o Estado, deu-se ao luxo de dispensar três pessoas que se destacaram nas suas áreas muito para além da simples competência. Paulo Pinnamonti foi afastado compulsivamente do Teatro Nacional de S. Carlos por ter ousado conseguir, supremo ultraje, temporadas de uma qualidade de que não havia memória. Paulo Macedo foi afastado das Finanças por, desprezível insulto, conseguir arrecadar dinheiro impensável dos impostos.
Agora é a vez de Dalila Rodrigues, que estava a conseguir o prodígio de des-mumificar um museu parado no tempo alguns séculos atrás. Ela que resgatou os painéis de S. Vicente de uma sala recôndita e secreta, por certo para exclusivo usofruto dos trabalhadores do museu, para o topo nobre da escadaria. Ela que ousou juntar números inauditos de pessoas em conferências no museu. Ela que sempre estava em busca de novos públicos e quase duplicou o número de visitantes. Ela que estava a ousar conseguir belíssimas exposições periódicas, como a d’ “O Tapete Oriental em Portugal” que ainda ontem inaugurou. Ela que conseguiu importantes mecenatos que só não eram maiores por falta de autonomia administrativa. Ela que finalmente estava a dar a dignidade merecida ao nosso grande museu de arte. Ela que foi compulsivamente, e sem razão aparente, afastada do cargo directora do MNAA pela mão do Ministério da Cultura, esse antro de incompetência, invejas e mediocridade.
Neste país não compensa ser competente, neste país que ainda foi algo porque noutros tempos ousou ousar, hoje ousar é quase crime, justa causa para um despedimento sem contemplações. Assim vamos, num lindo caminho rumo a um poço sem fundo de miséria, de onde vai ser cada vez mais difícil, senão impossível, sair.