29.7.09

Estado do blog

Este blog anda abandonado como um cão com donos em férias. O pior é que o dono nem sequer começou as férias, simplesmente anda assoberbado de trabalho e encostou o blog como se encosta um livro que não nos apetece ler no momento. Acho que não conseguirei não voltar aqui, ou talvez mude de direcção, ou talvez. Para já irei vindo e finalmente vou de férias no final desta semana. Talvez nas férias me apeteça mais voltar aqui.

17.7.09

Cidadania contra a barbárie

O blog Cidadãos por Abrantes.

A (des)graça da (des)ilusão

A notícia da criação de um Museu Ibérico de Arqueologia e Arte em Abrantes deixou-me com enorme expectativa. Não é todos os dias que um museu é criado, ainda mais na nossa terra e com as interessantes colecções que para este se prevêem: Colecção de Arqueologia da Fundação Estrada e doações das colecções pessoais de Maria Lucília Moita e Charters de Almeida. A expectativa aumentou ao saber que havia sido escolhido o Arquitecto Carrilho da Graça para desenhar o edifício. Fiquei a esperar o melhor. E esperei até desesperar perante a maquete apresentada, na qual pensei que havia alguém com muito sentido de humor a querer fazer um qualquer ensaio académico sobre como não implantar um edifício na malha urbana. Infelizmente tratava-se, de facto, do projecto do novo museu abrantino.

Quando discuto arquitectura e o seu diálogo com as cidades, insisto em dizer que mais do que o traço, o que me importa é a volumetria e o enquadramento. Para a harmonia de uma cidade é muito mais lesivo um grande volume bem desenhado, mas mal enquadrado, do que um pequeno edifício feio, mas bem enquadrado. No fundo é também isto que distingue a arquitectura da escultura. Entre as zonas mais sensíveis a estes enquadramentos estão, obviamente, as linhas de festo ou cumeada, ou, em linguagem mais popular, os cimos dos montes. Abrantes é uma cidade que se desenvolveu a partir do topo da colina e em que o relevo é decisivo na sua definição urbanística. Tomam assim importância acrescida as zonas do Castelo e do Convento de São Domingos, quer pelos edifícios, quer pela privilegiada vista que daí se pode usufruir, quer pelo seu impacto em quase todas as vistas para a cidade. Estes edifícios, sábia e humildemente construídos há muitos anos, souberam adaptar-se ao local, mostrando-se bem, mas com bastante pudor, não se impondo à cidade e à paisagem que encontraram.

Tendo em conta o curriculum do Arquitecto Carrilho da Graça, era isto que esperava, um bom traço de arquitectura, elegante e vistoso, que respeitasse o local para o qual era desenhado. Daí a surpresa ao descobrir um paralelepípedo com uma colossal volumetria, que tanto poderia ter sido desenhado para o deserto do Sahara como para uma megacidade como Tóquio. Seguramente não foi desenhado a pensar neste local, fico até com a dúvida se o senhor arquitecto se dignou a visitar Abrantes para além do dia em que veio assinar o contrato. Acho esta dúvida legítima em respeito ao curriculum do Arquitecto Carrilho da Graça e às obras que já nos deixou, além de uma justificação para o tamanho disparate com que quer brindar Abrantes.

No mundo de hoje, os arquitectos estrelas adquiriram uma força sobre os autarcas sedentos de afirmações de poder, cujos paralelos remontam a regimes antigos e de má memória. Basta a sua assinatura para tudo ser tolerado e aplaudido com uma reverência provinciana, de quem se vê perante a possibilidade de ter na sua cidade um edifício “de autor”, a exemplo de Ghery em Bilbau que criou invejas e desejos de réplicas que ainda mais aguçaram o novo-riquismo. Felizmente ainda há quem consiga por os grandes egos na ordem, caso da Baronesa Thyssen que “obrigou” Siza Vieira a alterar o seu projecto para o Passeio do Prado, evitando assim o abate de árvores centenárias para darem lugar a betão, com a ameaça de retirar o museu do edifício em que se encontra. O problema é que “armas” destas não são fáceis de encontrar para travar os projectos.

A cidadania, ainda imberbe em Portugal, vai no entanto crescendo, sendo reconfortante verificar a justa indignação abrantina na adesão à petição que circula na internet – “Petição por uma decisão democrática sobre o Museu Ibérico de Abrantes”, – e agora também em papel, a favor de um adequado debate sobre este projecto.

Que isto faça pensar quem de direito.


in "Cidadãos por Abrantes"

10.7.09

Coisas Geniais

Com a chancela de Martin Scorsese, existe um novo paraíso na web: o site The Auteurs. Cinemateca online com filmes clássicos e actuais fora do circuito mais comercial e rede social à volta do cinema. Já aderi, apesar de agora o tempo escassear para explorar devidamente. Parece-me uma coisa magnífica.

Vale a pena ler

A entrevista, publicada no jornal i, de Maria João Avillez a Manuel Villaverde Cabral.

9.7.09

Estado do blog

Quase abandonado. Muito trabalho, pouco tempo, falta de paciência. A precisar de férias.

3.7.09

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Ontem os toiros do Campo Pequeno saíram mansos e pouco apresentáveis, contudo parece que foram superados por aquele que surpreendentemente surgiu em São Bento. Sentiu-se por lá a falta dos vinte ou trinta persistentes manifestantes com panelas e buzinas que animam as toiradas em Lisboa, assim como sentiremos a falta do ministro Pinho para animar os nossos dias mais cinzentos e macambúzios.