31.5.05

Pergunta

O nosso Presidente da República diz que – mesmo com o “Não” francês – a Europa não pode parar.
Humildemente pergunto: e porquê?

Coisas da Vida Boa

A nova caixa de DVD’s do “Verano Azul”. Esperam-me agora algumas horas da mais pura nostalgia. Que bom!

30.5.05

Desonestidade

As interpretações delirantes sobre os motivos do voto Não.

Estranheza

Estar feliz por culpa dos franceses.

Não

Sai uma garrafinha de Bollinger e um Foie para comemorar!

Provocação

Sempre gostei de Setúbal. E do Setúbal. E de verde e branco.

Diálogos Imaginários

– Menino, o que se passou na semana passada que quase não escreveu no seu blog?
– Falta de tempo, Charles. Falta de tempo.

24.5.05

Não

Este blog é tendencialmente pelo Não. Quanto ao referendo sobre a Constituição Europeia, não restam dúvidas, este blog é pelo Não. Por isso aqui fica o link para o percursor blog dinamizado por Pacheco Pereira: o Sítio do Não. Para breve mais postas sobre o assunto.

19.5.05

Treinador de Bancada

Para o Sporting, e para mim, a época acabou. Nem quero saber que ainda há um jogo por fazer. No balanço foi uma época do quase e em que numa semana tudo foi ao ar. Nada a que não estejamos habituados, mas este ano podíamos ter chegado ao céu e…foi quase.
Peseiro conseguiu, é certo que só a partir de meio do campeonato, que a equipa jogasse bom futebol, sem dúvida o melhor de Portugal. Fraco consolo. Mais do que a equipa, quem falhou nestes dois jogos foi Peseiro que, depois de conseguir quase tudo, borrou a pintura com asneiras incompreensíveis.
No jogo da Luz entra sem ponta de lança, supostamente deixando Sá Pinto – que não entendo como ainda pode ser titular regular no Sporting – como jogador mais avançado. Claro que não resultou e o Sporting foi absolutamente inofensivo. Até admito que se jogue para o empate, mas pode-se, e deve-se, segurar o jogo de outra forma sem permitir que a outra equipa ganhe confiança e avance no terreno. Foi frango do Ricardo? Claro que foi. Foi falta? Talvez sim, mas não censuro o árbitro por não a marcar. Perdemos bem contra um equipa miserável que sem saber como – mas com vários apoios – ainda vai acabar campeã.
Ontem Peseiro voltou a inventar na equipa inicial. Enakarhire - que até é o melhor central do Sporting - vem de uma lesão e o normal era não ter ritmo de jogo – o que bem se notou na segunda parte –, enquanto Polga, que até já se cansou de disparatar, estava a jogar bem melhor. Tello é dos jogadores em melhor forma, seria justificado remetê-lo a defesa esquerdo? Os russos tinham como maior perigo o contra ataque, facto que até eu que não estudei a equipa sabia, não seria de ter isso em conta? Em todos os cantos ou livres ficava Enakarhire sozinho contra o Love, claro que não podia dar bom resultado e no estádio foi fácil adiantar dois dos golos antes deles acontecerem. Foi confrangedor ver no estádio que equipa teve o jogo na mão e entrou na segunda parte a vir a menos, ao mesmo tempo que Peseiro impassível no banco nada fazia. Parecia óbvio a todos que Custódio devia ter entrado para segurar o jogo pois Rochemback – para mim o melhor em campo – não podia ter pernas para aguentar o ritmo no ataque e na defesa. Lá à frente Sá Pinto foi um total zero durante todo o jogo e só saiu aos 71 minutos. Barbosa não estava em dia sim – e quando assim é já se sabe que é de esperar só meio tempo –, mas Peseiro parece que não viu e ele ficou até ao fim. Douala é – apesar de trapalhão – o desequilibrador do banco do Sporting e só entrou quando tudo estava praticamente perdido.
Peseiro transmite para o público, e imagino que também para os jogadores, uma imagem de nervos e de medo como se o mundo estivesse em vias de acabar. Peseiro teve um trabalho meritório durante a época mas mostrou numa semana aquilo que é, um treinador competente e esforçado, mas sem a garra e o rasgo de um Grande Treinador. Peseiro mostrou que com mediocridade não se chega lá, ficamos quase…

UEFA


Sete da tarde e o telefone toca. Bilhete de última hora – sem encargos adicionais – e apenas três quartos de hora para ir ao Rossio buscar o bilhete e chegar ao estádio. Condução frenética por entre um trânsito louco. Correria alucinada rumo ao metro e do metro ao estádio, o coração ameaçava sair em desespero pelos olhos. Chegada aos dez minutos de jogo. O estádio estava magnífico e só esperei vinte minutos para saltar como um possesso quase caindo bancada abaixo. Até ao fim da primeira parte foi preciso conter a euforia com garrafas de água e cigarros. Depois, enfim, foi a desilusão, a total e absoluta desilusão.

18.5.05

Agradecimentos I

Ao Bernardo Pires de Lima, d' O Sinédrio, pela referência que fez abrir as covinhas do meu sorriso embaraçado e aumentar as contas do Sitemeter. Aproveito para dizer que acho mal que divulguem a saída próxima do “Verano Azul” em DVD, eu já sabia e ando a esconder de forma egoísta porque acho que vai esgotar logo e não queria estar em filas para conseguir comprar. Agora estragaram tudo, já me imagino ao encontrão e à estalada Rua Garrett abaixo para chegar a esse pedaço de nostalgia, revendo depois a Júlia e o Chanquete, o Piraña e o Javi. A música do Verano Azul – que até já foi o meu toque de telemóvel – é o mais directo caminho para o início da minha adolescência e para os tempos em que os finais da manhã de Domingo, para além de existirem, eram momentos imprescindíveis do dia.

Agradecimentos II

Ao Ilhas pelas simpáticas citações de postas aqui do blog.

Agradecimentos III

Ao SG Buiça pelo link para este blog.

Alvalade

Ai hoje! O que será, que será, que acontecerá hoje, à noite por lá?

Delírio

Ontem foi o Dia do Iogurte. Os iogurtes são muito importantes, são mesmo um elemento essencial ao mundo, fundador do mesmo. O que seria de nós sem iogurtes. Sócrates é nosso primeiro-ministro por causa do Iogurte. O Iogurte é como a Força da Guerra das Estrelas, algo de indefinível e poderoso. Eu comemorei o dia do Iogurte, fiz até um desmedido esforço por encontrar Iogurtes, apenas os preferi trocar, mesmo quando os encontrei, por outros produtos. Sou um pouco anarca e não quis seguir a onda, apesar de saber que ontem todos os portugueses comeram Iogurte, aparecendo mesmo brigadas nas escolas a controlar se o Iogurte era ou não comido. Proponho até criar um verbo Iogurtar – Eu Iogurto, Tu Iogurtas, Ele Iogurta, Nós Iogurtamos, Vós Iogurtais, Eles Iogurtam – que se aplicaria à acção de criar factos (vulgo dias) idiotas a pretexto de tudo e de nada: por exemplo, alguém propõe que haja (se é que já não há) o dia da mulher que sofre maus tratos físicos de maridos mais velhos do que as mesmas e com o recurso ás mãos, eu logo responderia estás a Iogurtar!

15.5.05

Campeonato

O Futebol não passou ontem pela Luz. A primeira parte só dificilmente se distinguiria de um Solteiros contra Casados jogado em Alguidares da Beira, a segunda, um pouco melhor, poderia ser um Olivais e Moscavide – Sintrense da Zona Sul da Terceira Divisão. Era o jogo do título, o jogo do ano. Ganhou o Benfica que arrastou por toda a época um futebol miserável, com um oásis no jogo com Sporting para a Taça de Portugal. Perdeu o Sporting porque resolveu ir jogar para o empate – algo que só resulta nas equipas italianas ou na selecção grega – entrando com Sá Pinto e Douala e deixando no banco Niculae e Pinilla. Peseiro merecia ser açoitado na via pública por uma legião de adeptos, no meio dos quais eu surgiria a espalhar sal sobre as suas costas. Escrevi aqui que o Sporting e Peseiro podiam passar de bestiais a bestas em apenas uma semana, neste momento estão bestas, resta quarta-feira para melhorar a desgraça.

13.5.05

Coisas da Vida Boa

Porto Vintage 2002 da Quinta do Vale Dona Maria, cigarros e boa conversa. Ao sair, a brisa nocturna da primavera traz os cheiros de um jardim próximo.

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Monsanto, 2003

Angústia

O jogo é já amanhã. O primeiro de três que me darão cabo dos nervos.

11.5.05

Diálogos Imaginários

– Charles, apesar do tempo enublado acho que está na altura de mudar para as roupas de verão. Podia por favor fazer as trocas deixando algumas coisas de meia estação?
– Com certeza, menino.

Sobreiros

Sinto-me bem ao ver escândalos, como o da Portucale, a vir ao de cima. Todos sabemos que eles existem, afinal alguém tem de pagar as caríssimas campanhas eleitorais. O meu regozijo não advém de uma mórbida vontade de ver gente a ser presa, apenas gosto ter uma leve sensação de justiça. Além disso, se em causa estão dois mil e tal sobreiros, provavelmente mais velhos que os arguidos, que a averiguar-se a culpabilidade sejam condenados, e bem condenados.

9.5.05

Teste

Recebo via “O Quietista” o desafio de responder ao teste de leitura que vem circulando pela blogosfera. Aqui vai:
1-Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
O “Livro em Branco”.
2-Já alguma vez ficaste apanhado por um personagem de ficção?
Por Corto Maltese, em especial na “Balada do Mar Salgado”.
3-Qual foi o último livro que compraste?
“El Viajero Sedentario” de Raphael Chirbes, “La Deshumanización del Arte y otros Ensayos de Estética” de José Ortega y Gasset, “Harry Potter and the Half-Blod Prince” de J.K.Rowling (encomendado).
4-Qual o último que leste?
“A Handful of Dust” de Evelyn Waugh
5-Que livros estás a ler?
“A Loja do Ourives” de Karol Wojtyla (Andrzej Jawien), “Por Tierras de Portugal y de España” de Miguel de Unamuno.
6-Que 5 livros levarias para uma ilha deserta?
A “Bíblia”, “Antologia Poética “ de Vinicius de Moraes,”Toda a Mafalda” de Quino, os "Lusíadas" de Luís Vaz de Camões e a “Cidade e as Serras” de Eça de Queiroz.
Ou, na perspectiva de livros que SÓ leria numa ilha deserta: “Ensaio sobre a Cegueira” de José Saramago, “Anjos e Demónios” de Dan Brown, “O Zahír” de Paulo Coelho, “Querido Papá” de Danielle Steel, o “Manifesto Eleitoral do Bloco de Esquerda”.
7-A que 3 pessoas vais passar este testemunho?
Não vou passar, sempre gostei de romper estas cadeias.

Ontem III

Após uma derrota, um empate que sabe bem. Vamos ver se hoje é dia de vitória para os lados de Alvalade.

Ontem II

A malta charro juntou-se para proclamar que é o único partido decente em Portugal. A humildade não passa por lá e a presunção abunda. Enfim, a habitual superioridade moral da extrema-esquerda.

Ontem

Passaram 60 anos da libertação da Europa. Talvez muito, talvez pouco tempo. O suficiente para que a Europa deva olhar para o passado e ser prudente nas Uniões de hoje.

6.5.05

Pergunta

Será que agora em vez dos problemas sérios do país se vai falar de futebol? Ao menos seria mais interessante do que falar obsessivamente sobre o aborto.

Grande Sporting

Pelo menos a final já é nossa. Para variar ontem foi um jogo para matar, duas horas de sofrimento para poder explodir em saltos e gritos no último minuto. Não há necessidade de ser assim. Claro que no dia a seguir até gozamos com as angústias da véspera, mas é muito violento suportar jogos destes. Pelo menos a final já é nossa, o campeonato e a UEFA ainda podem ser. Haja alma, Sporting!

5.5.05

Tarde

Esperar o grande jogo do dia ao som de Camarón de la Isla e de Paco de Lucia (“Castillos de Arena”, 1977). Lá fora o Tejo, sempre o Tejo: azul, entre o ultramarino e o Prússia. Pela janela turistas passam, calções de caqui e camisas verdes, máquinas a tiracolo, olhares de espanto.

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Monsanto, 2004

3.5.05

80


Graças ao Sinédrio, entro em recordações dos idos anos 80. Fico na dúvida se os deva achar cruéis por me fazerem ver o tempo que passou, se me deva divertir numa onda de nostalgia alegre. Na dúvida, lembro os desenhos animados do Marco e a sua trágica música, ainda existente lá em casa, num single de vinil estimado como uma raridade. Para ouvir aqui, a letra segue já abaixo:

É num porto italiano
Mesmo ao pé das montanhas
Que vive o nosso amigo Marco
Numa humilde casinha
Ele acorda muito cedo
Para ajudar a sua querida Mamã

Mas um dia a tristeza
Chega ao seu coração
A Mamã tem que partir
Cruzando o mar pra outro país

Foste embora Mamã
Não me deixes aqui
Adeus Mamã
Pensaremos em ti

E tu vais recordar
Como gosto de ti
Se não voltas eu irei

À procura em toda parte
Não importa se for longe
Hei-de encontrar-te

2.5.05

Cartazes

O filósofo Carrilho entrou em campanha. Os seus cartazes parecem vindos dos anos 80 e só faltava a sua troca com um Cavaco de gravata estreita e colarinhos longos. Mau gosto? Não creio. Acho que Carrilho sabe que para a generalidade da população é um intelectual (palavra assassina em Portugal) pedante e insuportável, somente tolerado por ser casado com quem é. Para a “inteligentzia” é um herói, um dos seus que, por entre a Bica do Sapato e as inaugurações, os pode proteger e a quem eles protegem. Só que isto não dá votos. Os cartazes – que Carrilho abominará com toda a certeza – são inteligentes na tentativa de o aproximar do povo, do que vota e faz ganhar eleições. A “inteligentzia” já está ganha, afinal ainda foram uns anos como Ministro da Cultura.

Pini-gol-gol-gol

Ontem mais uma prova superada. Para o Sporting este fim de época é dramático, nos próximos quatro (ou, esperemos, cinco) jogos tudo pode oscilar entre o bestial e a besta, entre a euforia desmedia e a desilusão absoluta. Na dúvida optaria pelas primeiras, que assim seja.