28.12.06

Noite de Natal

Passado o jantar e o caos habitual do desembrulhar de presentes, lá chegaram as crianças para um teatro. Nesta altura é normal ir buscar gelo ou servir mais um Whiskey, só que este ano o improviso e o curto ensaio geraram um mui inventivo circo com sentido de humor britânico que não lhes conhecia. Uma pura delícia em que os aplausos não foram acompanhados dos habituais sorrisos amarelos de condescendência, mas sim de estridentes e sonoras gargalhadas. A coisa foi tal que, talvez ajudados pelo vinho, alguns adultos se encheram de brios, recuando a uma distante infância e recriando músicas e danças antigas. Foram momentos de ouro, em que circunspectos e reservados senhores, e senhoras, desfilaram em filinha a cantar a música do seu jardim-escola ou a canção das “três maninhas” da qual, surpreendentemente, ainda se lembravam da letra. Esta noite poderia ser banal noutras casas, na minha, feita de gente por norma tímida e discreta, foi surpresa e bem agradável. Afinal, o Natal é isto mesmo, alegria entre amigos e família. Lá fora estava muito frio, cá dentro a temperatura inesperadamente subiu por inteira responsabilidade das crianças que tendemos a desvalorizar, mas que, por vezes, nos demonstram cabalmente o disparate desta atitude.

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