29.6.07

Isto anda bonito

Depois do professor Charrua, agora é a vez da directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho ser exonerada por motivos políticos. Terei ouvido falar em povo amordaçado ou em estalinismo? Fosse o governo do PSD e já estariam todos os media urrando pelo regresso do fascismo, como o governo do Sr. Pinto de Sousa é, pretensamente, de esquerda o silencia impera.
No meio do obscurantismo há sempre alguém que resiste e Manuel Alegre já se insurgiu contra a intolerância do governo. As suas palavras são bem reveladoras do estado em que estamos: "Pretendi educar muita gente no PS dentro desse espírito de tolerância, mas, pelos vistos, sem resultados". Será caso para dizer que apesar de tudo ainda há quem saiba, dentro do partido que nos desgoverna, o que é viver em liberdade numa democracia.

Fumos

A senhora Câncio vai ter de continuar a comer com o fumo dos outros, o que me parece bem, nem que seja para que com a irritação escreva as habituais inanidades com ainda mais ênfase. Depois de ler o artigo de hoje no DN fiquei cheio de pena dos seus pipis com fumo em segunda mão de um SG Filtro que alguém possa resolver acender. Claro que, sem querer questionar a capacidade intelectual da senhora, insisto que ela não consegue perceber a diferença entre um local de trabalho e um restaurante ou entre transportes públicos e um café. O certo é que os primeiros não são de frequência opcional, as pessoas têm mesmo de lá ir, ou estar, sem direito de opção, quanto aos segundos eles são locais acessórios, a que não somos obrigados a ir e que podemos, assim como escolhemos sushi ou pastas, optar entre o fumo ou o não fumo. Para mim liberdade é isto, mas porventura terei de rever os meus conceitos, pois se uma tão insigne paladina da liberdade está em desacordo comigo, deverá certamente ser um erro meu.

28.6.07

Haja (alguma) sensatez

O acordar de hoje foi brindado com a mui agradável notícia de que o Parlamento tinha recuado na Lei do Tabaco. As negras previsões de que o fascismo higiénico nos tomaria de assalto, impedindo os fumadores de frequentar restaurantes pequenos (até 100m2), afinal não se concretizaram. Vingou a liberdade dos proprietários poderem escolher se querem, ou não, fumo no seu espaço, ficando assim feita a justiça necessária para que os direitos de fumadores e não fumadores sejam mais equilibrados e que ambos possam ter espaços à sua medida. Os espaços maiores privilegiarão as zonas de não fumadores, o que os tornará muito mais agradáveis sem que com isso impeçam a existência de zonas onde se possa fumar. Tudo isto me parece muito bem, indo claramente de encontro à equilibrada lei espanhola e mostrando que, afinal, ao contrário do que seria de esperar, o ministro Correia de Campos ainda tem lampejos de sensatez.

26.6.07

In Memoriam

No dia em que o senhor Berardo abre, a grandes expensas do Estado, o seu museu, convém lembrar com algumas imagens a magnífica obra, já aqui referida, que o senhor efectuou na Quinta da Bacalhoa em Azeitão.
Sobre a história da quinta não me alongarei, aconselhando para mais informações a consulta do site da DGEMN, apenas gostaria de referir que a Quinta esteve à venda ao longo de três anos, durante quais o Estado português não exerceu o direito de preferência que lhe era devido e após os quais foi adquirida pelo grande mecenas Joe Berardo.
Para melhor legendar as imagens, utilizemos as abreviaturas AB, para Antes de Berardo, e DB, para depois de Berardo.


AB – Num primeiro plano o laranjal em frente, outras árvores à esquerda, vários arbustos e uma enorme sebe à direita. Ao fundo o palácio e a sua loggia.


DB – A vinha industrial em primeiro plano e o palácio e a sua loggia ao fundo.


AB – O jardim de buxo, as trepadeiras, o laranjal, os arbustos, a sebe, e a casa de fresco ao fundo.


DB – O jardim de buxo, a vinha industrial, e a casa de fresco ao fundo.


AB – O jardim de buxo, a sebe e a loggia.


DB – A terraplanagem que aqui aparece destruiu totalmente o sistema hidráulico, de rega por gravidade, que ainda regava o jardim.


Os azulejos hispano-árabes originais foram substituídos por cerâmica industrial.
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As imagens AB foram todas retiradas do site da DGEMN. As imagens DB foram recolhidas por mim em visita ao local no ano de 2001.

24.6.07

A coisa

Os déspotas iluminados que regem a Europa lá conseguiram – a custo, pois parece que os coitados passaram uma noite quase em branco – arranjar maneira de contornar o incómodo de referendos perdidos. A “coisa” passa a chamar-se Tratado, apesar de ser essencialmente igual à mesma coisa chamada “Constituição”, e assim não irá necessitar de ser aprovada directamente pelos incultos povos. Claro que nada disto é dito para já, ficando-se o Sr. Pinto de Sousa por um “não é momento adequado para falar de referendo, vamos esperar que o tratado (a “coisa”) esteja no papel para se discutir”. Quando finalmente a desejada “coisa” aparecer escrita em linguagem jurídica é óbvio que, como afinal até nem é uma constituição, não será impedida no seu iluminado caminho pelo gentio povo. Assim se tem feito a “magnífica” construção europeia, ano após ano num segredo mais bem guardado que as cerimónias maçónicas.

22.6.07

Omnipresença

Começa a ser difícil fugir ao sufocante cerco da presença de Joe Berardo. As OPA´s sucessivas (Sogrape, BCP, Benfica) e a inauguração, na próxima segunda-feira, do Museu com o seu nome inundam a imprensa com notícias e entrevistas. Pena é que todas esqueçam a barbárie que o senhor "comendador" fez na Quinta da Bacalhoa, destruíndo um dos poucos jardins renascentistas portugueses para plantar vinha. Sim, para quem já esqueceu, o senhor até ignorou um embargo do IPPAR sem que isso tivesse consequências. O grande herói português está aí, na modernidade do preto e na arrogância de quem sabe que o dinheiro é poder.

19.6.07

Coisas do tempo

Parece que estamos a chegar ao Verão, anunciado por este inclemente e escaldante sol abrasivo. As praias enchem-se e mais se assemelham a um cheio formigueiro. Os agricultores correm em pânico ao ministério em busca de indemnizações pela seca. Os bombeiros desesperam exaustos pela avalanche de fogos que carboniza a floresta restante no país. Pequenos proprietários choram a perda das suas casas pelas chamas. Os alertas vermelhos sucedem-se na televisão e idosos caem inanimados pelas ruas desertas do Alentejo. A ironia pode até ser uma coisa engraçada, mas afinal que merda de tempo é este?

13.6.07

Uma frase do debate

“Há várias formas de bombardear uma cidade: uma é como os americanos fizeram em Bagdad, a outra é votar em qualquer um dos outros candidatos que concorrem a esta eleição.”
José Pinto Coelho

Datas III

Este magnífico produto – que continua a ser assíduo no meu lavatório – cumpre hoje 75 anos de existência.


Sincero obrigado à família Couto.

Datas II

Fernando Pessoa nasceu há 119 anos.

Fresta

Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem,

Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado

Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.

Datas I


O Santo António de Lisboa morreu há 776 anos.

12.6.07

Boa companhia para jantar


Monica Bellucci

Ao fim da tarde, junto a uma fonte em Alfama, antes de partirmos em busca da sardinha assada.

Belas Agendas

Há a ideia corrente que os ministros são pessoas atarefadas, de agendas preenchidas, com o tempo contado ao minuto durante exaustivos dias de trabalho. Nada mais errado, pelo menos a avaliar pela súbita e pronta disponibilidade do ministro Mário Lino para receber uma dezena de autarcas, preocupados com a mera possibilidade de ver fugir o aeroporto das suas terras. O motivo desta reunião tinha umas escassas doze horas de existência, pelo que podemos concluir que ministro parece estar com falta de trabalho.

11.6.07

Diálogos Imaginários

– Charles, não sei porquê, mas hoje parece-me estar dia de gaspacho. Acha possível improvisar um?
– Com toda a certeza, menino. Já tinha pensado na eventualidade e comprei tomate, pimento e pepino.
– Em definitivo já não concebo uma vida aceitável sem a sua presença, Charles.
– Ora essa, menino. Não diga essas coisas.
– É verdade, Charles. É mais pura verdade.

Será que se tratou?

O ministro Mário Lino veio hoje recuar dizendo que «O Governo continuará a promover todas as acções necessárias ao desenvolvimento do projecto sem tomar qualquer decisão». Muito longe do gritado “jamais” na margem Sul, fica no entanto a dúvida se não será apenas uma manobra de distracção para decidir pela Ota em termos supostamente mais democráticos, é que custa a crer que uma Otomania se cure assim tão depressa.

8.6.07

Consequências da Perigosa Otofobia

Parece que os socialistas, paranóicos com o mais leve sintoma da doença que designam de Otofobia, se preparam para encarcerar para testes psiquiátricos o ex-ministro Augusto Mateus. Ao que consta, o Largo do Rato foi invadido por uma devastadora incompreensão de como “um deles” pode ter cometido o supremo sacrilégio de não louvar a Ota em cânticos de alegria, tendo inclusivamente provocado alguns desmaios a mera menção da hipótese Alcochete. Quando os médicos presentes se preparavam para algumas reanimações, eis que na rádio se concluía a notícia com a referência do ministro ao facto de os terrenos de Alcochete serem do Estado e, como tal, imunes a especulações e interesses obscuros. Nesta altura ouviram-se estridentes gritos de indignação, seguidos de duas ou três apoplexias que justificaram a pronta chamada de ambulâncias. Os porta-vozes do PS não proferiram qualquer comentário devido ao ataque de afonia nervosa de que foram vítimas dado o terrível choque.

5.6.07

O roxo impossível dos Jacarandás de Lisboa.

Lisboa, Junho de 2007

Terapia

Este país anda a dar-me azia. Agora dá-me para só falar de política e acho que estou a ficar um revoltado maçador. O melhor será comprar umas garrafas de Água das Pedras para consumir com avidez, pode ser que em conjunto com o sol, que enfim chegou, mitigue a indignação e acalme a revolta.