“A doença do crescimento tomou conta da economia há muitos anos mas só agora se lhe reconhece o carácter de catástrofe. A imprensa espanhola fala de uma crise abominável no sector automóvel – parece que se venderam menos 450 mil carros do que no ano anterior e o alarme soou, gravíssimo. Os economistas de serviço (uma espécie de astrólogos de segunda categoria) choram, temendo desemprego e recomendando subsídios para a indústria automóvel. Recomendo ao leitor que imagine um milhão de carros novos vendidos todos os anos em Espanha e veja se não é um exagero. A doutrina do crescimento infinito, grata aos economistas e políticos, é que nos levou à crise, de bolha em bolha, exigindo mais camas ocupadas nos hotéis, mais livros vendidos nos supermercados, mais máquinas de lavar vendidas nas lojas, com menos população, pedindo mais população para poderem ser cobrados mais impostos. A economia, como a deixaram os anos noventa, em crescimento infinito, precisa de mudar. O mundo precisa de viver de outra maneira. Com menos crescimento infinito.”
Francisco José Viegas in “A Origem das Espécies”
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