27.5.04
Camisa-de-forças
Por vezes devia sair à rua com uma camisa-de-forças, não por aparentar uma loucura evidente ou uma tendência para a agressividade, o meu problema é entrar numa feira do livro ou em qualquer boa livraria. Ontem dei o meu primeiro passeio - e a minha bolsa espera que último - pelo Parque Eduardo VII, por entre um sol maravilhoso e uma vista soberba sobre Lisboa. Ao meu lado sucediam-se bancas com apetitosos livros e, com descuido evidente, fui vendo, folheando e, com displicência, comprando. A volta até não foi muito grande mas o suficiente para os braços se tornarem dormentes e as costas se queixarem do esforço. Não fiz contas, aliás em dias de loucura consumista prefiro mesmo ignorá-las, mas um peso na consciência abala-me qual ressaca mal curada. Talvez a Camisa-de-Forças seja excessiva, mas devia encontrar algum mecanismo - bloqueio do Multibanco, declaração de incapacidade, proibição de compra - que me impedisse de me exceder, não só em feiras - das quais até não sou grande adepto - mas em qualquer livraria (acrescento também as diabólicas lojas de discos). A minha sanidade mental poderia queixar-se mas a bolsa e o espaço da minha casa agradeceriam aliviados.
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