Com algum atraso – pronto, foram só uns anitos – e depois de um pequena derrapagem orçamental – afinal, o que é exceder um orçamento em seis vezes – parece que hoje é inaugurada a Casa da Música. O edifício é realmente uma boa peça de arquitectura, mas será normal que, com tanto dinheiro gasto, ele não possa ser palco de óperas ou bailados por falta de fosso e de teia? Será justificável que o nosso dinheiro pague este buraco orçamental sem que sejam apuradas responsabilidades sobre tamanho disparate? O que está em causa não é a construção do edifício, o problema foi a interminável sucessão de incompetentes que geriram o processo e que permitiram que este quase se transformasse numa Santa Engrácia do século XXI. Como sempre em Portugal tudo é possível, sejam os dinheiros públicos.