Está um frio que corta. Lembra-me Salamanca, na Castela do frio seco. As noites longas entre as facas do vento e os fornos onde entrávamos como frangos. Gosto do frio, do frio seco, sério e intenso. Ficar na casa quente ou sair com a minha velha canadiana, cobertor que me isola, cachecol enrolado ao pescoço e o vento que desperta a cara. Sem o frio não podia gostar do calor e sem estações o mundo é uma seca confortável, ou não, mas sempre seca. Gosto quando gosto do Inverno, ou quando gosto e gostando estou a gosto. Estranho em mim tamanho bem-estar, mas até sabe bem, o espírito natalício parece chegar aos poucos, frio e de pantufas.