31.10.06

Aborto (questões avulsas)

Quando ainda faltará algum tempo para o referendo, a discussão sobre o aborto já começou. Ontem foi um “Prós e Contras” demasiado animado, na blogsfera já se escreve sobre o assunto em muitos blogs e até já há blogs consagrados ao assunto.
A discussão deriva sempre, e em demasia, para pontos acessórios, escapando ás questões essenciais que este assunto levanta. O que está, de facto, em causa? Uma lei que vai ser referendada e se a seguinte pergunta vai, ou não, ser aprovada:
“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”
Sobre isto ficam algumas questões no ar:

– O que é a “opção da mulher”? É a escolha entre um aborto gratuito e uma maternidade sem aconselhamento médico e psicológico, sem outras opções para além do aborto? Será apenas isso? O aborto é assim considerado um fim per si, que assume uma desresponsabilização do Estado no apoio à maternidade. Haverá opção real sem soluções alternativas?

– O que entende o PS por despenalizar? Depreendo que seja impedir as mulheres de serem acusadas por abortarem. E o que se passa com as clínicas abortivas, se não são penalizadas passam a ser legais?

– Porquê dez semanas? É de facto diferente uma mulher que aborta ás nove semanas e meia daquela que aborta ás dez semanas e meia? Se não há qualquer base científica para estabelecer este limite, porque é que ele existe? Convém clarificar se passamos a ter um crime sem pena até ás 10 semanas, que no espaço de um dia passa a ser penalizado?

– O que se vai passar com as mulheres que abortem fora de tempo? Quem vai fiscalizar os médicos que fazem abortos para verificar se as semanas são cumpridas? Vai haver uma “brigada das semanas”? É que se é estabelecido um limite numa lei que é suposto resolver um problema, esse limite será para cumprir integralmente, doa a quem doer. Serão as mulheres realmente presas? A questão é tão mais pertinente quanto nos, poucos, casos levados até hoje a julgamento, que contaram com grande contestação dos adeptos do “Sim”, as mulheres em causa abortaram fora do prazo que pretendem legalizar.

– “…em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?” Privado ou público? Se for privado não dá resposta ao discurso neo-realista das mulheres pobres e desgraçadas, pois elas terão de pagar para recorrer a este serviços. Se for público teremos um grave problema no país. Portugal tem um sistema nacional de saúde a rebentar pelas costuras e sem dinheiro, onde há filas de espera para consultas e operações. Se o aborto vier a ser feito em hospitais públicos, das duas uma, ou passa à frente (por causa das dez semanas) podendo impedir actos médicos que salvem vidas humanas, ou então espera e passa o tempo legal. Como prevê o Ministro da Saúde resolver este problema?

– Os hospitais públicos são pagos pelo contribuinte, ou seja, os impostos virão a ser utilizados para efectuar abortos. Concluímos que o Estado irá pagar para matar?

30.10.06

Elogio do Silêncio

(a propos de “Into Great Silence”, de Philip Gröning, exibido sexta-feira no DocLisboa)

A deslocação a um cinema para ver um documentário de cerca de três horas sobre a vida monástica dos cartuxos (a ordem de clausura com regras mais ascéticas) – filmado com som ambiente, luz natural e sem equipa técnica, que não o realizador, segundo regras estabelecidas pelo abade para, dezasseis anos após o pedido de Gröning, autorizar a entrada na Cartuxa – é experiência radical a que não aconselharia noventa por cento dos meus amigos. Tudo levava a imaginar um filme chatíssimo, e apenas uma conjugação de interesse artístico e religioso me levou aceitar a experiência. Sim, a experiência, porque é disso que o filme trata. A experiência de partilhar uma forma de vida exótica perante os padrões de vida de hoje em dia. Mais do que “entrar” no silêncio, entramos num mundo paralelo em que o tempo é conceito diferente, regrado e repetitivo, mas tranquilo.
A clausura sempre foi uma manifestação de fé que tinha grande dificuldade em compreender. O que levaria um ser humano livre a deixar-se reger por um regime de vida profundamente ascético e que tornava a sua existência um mero ritual repetitivo de oração? Porque motivo alguém escolhe, no mundo de hoje em que as liberdades são conhecidas por (quase) todos, uma vida em que o mundo é apenas uma existência física para lá de muros e paredes? O filme não procura esta resposta, como aliás não procura nenhuma resposta, seguindo o rigor jornalístico na forma com se “limita” a mostrar uma vivência, uma opção de vida, sem um julgamento moral ou social. Gröning não nos diz que esta reclusão, ou qualquer outra reclusão, é boa ou má, aceitável ou não, apenas nos mostra com crueza e rigor como é vivida essa reclusão. Claro que observar como é a vida de clausura nos permite ter o nosso próprio julgamento, não condicionado por ideias veiculadas no filme, mas sim pelo nosso julgamento perante a realidade que nos é mostrada. Ao ver como é a vida destes monges, consigo melhor perceber que assim consigam viver.
O silêncio é algo de que tendemos a esquecer o valor. Quantas vezes poderemos dizer que estamos, de facto, em silêncio? Hoje, a sociedade associa o silêncio à solidão, à tristeza, a uma fuga da realidade cada vez mais barulhenta e feérica, a uma fuga do mundo. Acredito que isto se passe em cada monge que escolheu a vida da Cartuxa, apenas um factor não é semelhante, para eles o seu mundo não é o nosso mundo vulgar e comezinho, o seu mundo é o espiritual, e o “nosso” é apenas suporte físico intermédio numa relação permanente com o divino.
Será a clausura necessária para alguém poder dedicar a sua vida a Deus? Não creio, mas é uma forma como qualquer outra para alguém se encontrar consigo próprio e com o divino. Não será tão exótica esta opção de vida radical como será a dos hippies ou dos ciganos nómadas? Cada vez mais a sociedade nos manipula a acolher diferenças que se tornam politicamente correctas e que acabamos por ter de aceitar, porque não aceitar que alguém queira simplesmente ter o seu mundo sem incomodar ninguém?
Cinematograficamente o filme é interessantíssimo, pois mostra o enorme talento de Gröning para filmar em condições mais do que complicadas. Ele não podia utilizar as técnicas habituais, a sua câmara teria de ser crua e discreta, simples e sem artifícios. A beleza estética que resulta das imagens é impressionante, e há planos inesquecíveis, tais como as orações nocturnas acompanhadas por cantos gregorianos ou os primeiros planos frontais dos monges. Não obstante, o mais notável no filme é a forma como o mesmo é montado e com isso consegue criar uma lógica argumentativa. A montagem consegue tornar o filme surpreendentemente ritmado, criando uma série repetitiva de tempos, nunca fechada, permanente. A sequência de imagens alterna imagens da vivência dos monges – rezando, comendo, cantando – com a natureza em redor – com a maravilhosa natureza em redor e as suas montanhas cobertas de neves ou ribeiros correndo na primavera. Gröning consegue, através de uma brilhante realização e de uma fabulosa montagem, criar uma quase-hipnose ao longo do filme da qual apenas somos despertados quando as luzes se acendem. No final do filme, a sensação é a de que de facto estivemos na “Grande Chartreuse” por tempo indefinido, há um tempo indefinido. Enquanto o filme dura esquecemos o mundo, o nosso mundo, e compartilhamos a experiência de espiritualidade vivida pela oração, por uma vida de constante oração.

Amadorismos

Como será possível que, num festival internacional de cinema (DocLisboa), um filme (Into Great Silence) passe com um enquadramento maior do que o ecrã que capta a imagem projectada e que, pior ainda, durante uns dez minutos tivesse o enquadramento deslocado em um terço para fora do ecrã! Numa sala de cinema do Colombo protestaríamos, mas ainda poderíamos desculpar, agora num festival de cinema…só mesmo em Portugal.

26.10.06

Diálogos Imaginários

– Charles, tenho a cabeça feita em água. Já não sei o que vista, com a chuva inclemente e esta temperatura difícil de perceber.
– Menino, acho que isso se poderá resolver. Vou buscar os seus casacos impermeáveis e sapatos adequados, mas acho que ainda será excessivo para camisolas.
– Já não sei nada, Charles. Já não há estações calmas e previsíveis como antigamente.

25.10.06

Estações

Ontem à noite senti falta de uma vela, ou de uns remos, enquanto atravessava o rio da segunda circular. Ainda olhei, por entre o dilúvio, em busca de umas carpas saltitantes. Apenas água, e muita, por todo o lado.

Plágio

Anda por aí um grande bruá por causa do suposto plágio de Miguel Sousa Tavares. Apesar de ter lido o livro, de que aliás gostei, não me interessa muito a factualidade de haver, ou não, plágio. O livro em questão, um romance histórico, mostra a bibliografia de consulta onde consta o livro supostamente plagiado. Como tenho Miguel Sousa Tavares como uma pessoa inteligente, e muito acima da média em tudo o que não esteja relacionado com futebol, acho que a burrice de fazer um plágio descarado de uma obra citada não é coisa dele.

24.10.06

Filmes do País

O governo, sempre tão atento ás coisas modernas, estranhamente ainda não se lembrou de contactar M. Night Shyamalan, conhecido realizador de cinema, para se deslocar a Portugal. Seria uma importante operação com vista à cedência de direitos de algumas histórias passadas no nosso país, com a contrapartida de as mesmas serem filmadas por cá. Ao chegar, por certo que o realizador resolveria mudar-se por tempo indeterminado, ao descobrir um filão de histórias, tão ao seu gosto, em que as mais improváveis coisas parecem ter força e vida próprias. Vejamos:

1 – Há uma ponte que resolve cair. Não por que uma tempestade devastadora, com furacões seguidos de tremores de terra, pesasse sobre ela, apenas porque sim, porque terá ganho vida própria e, por qualquer motivo, lhe apeteceu. O seu estado de conservação era excelente e ninguém tinha elementos que lhe permitissem desconfiar que ia cair. Apenas caiu.

2 – Há um túnel do metropolitano que é previsto para uma zona ribeirinha. O projecto e a obra são exemplares e têm em conta todas as especificidades de subsolo da zona do em causa. Estranhamente, parece que o túnel ganha vida própria e insiste em não querer ser concluído. Mete água, faz deslizar a terra à sua volta, e deixa perplexos os projectistas, os construtores e os donos de obra. Há quem questione maldições relacionadas com naus afundadas nas redondezas, certo é que os anos passam e em seu redor continua um magnífico estaleiro sobre o rio.

3 – Um túnel de provecta idade chegou a um tal estado de degradação que necessitava, por razões de segurança, de obras. Tudo se acerta e estabelece-se que a obra durará um ano, durante o qual o túnel será encerrado. Passado esse tempo sabe-se que a obra quase não avançou e demorará mais algum tempo. O motivo parece ser a presença de um fantasma do Adamastor que teima em não deixar que as modernices entrem no túnel e lhe levem a patine adquirida ao longo dos anos.

Na forja:
4 – Crianças de uma instituição estatal são comprovadamente abusadas. O processo arrasta-se em tribunal e ninguém é condenado. Fica um mistério assustador: que estranho ser terá abusado repetidamente das crianças desaparecendo posteriormente sem deixar rasto?

5 – O futebol do país treme com um enorme processo de corrupção que atinge muitas das maiores figuras do meio. São tornadas públicas escutas claramente comprometedoras. O processo é arquivado perante a estupefacção geral. Um conhecido imitador é preso por obstrução à justiça e desrespeito pela autoridade, negando veementemente todas as acusações. Quem terá sido o maléfico criador de todo este processo sobrenatural?

21.10.06

Adivinha

Qual é coisa qual é ela que está disponível para comprar a tempo de se ler mesmo antes de nascer?






A resposta é o Sol, o único jornal já nas bancas ás cinco e meia da manhã de ontem.

Promessas

Apesar de ter passado a campanha eleitoral com um cuidado asséptico em não se manchar com promessas, o primeiro-ministro José Pinto de Sousa conseguiu o prodígio de, um ano e meio passado, conseguir quebrar a grande e veemente promessa de não admitir portagens nas SCUT. Os jornais e a opinião pública espantam-se e indignam-se com facto, esquecendo que o mesmo é (e já era ao tempo da campanha) uma inevitabilidade por motivos económicos. Quanto ás promessas, parece que ainda há quem persista num desmedido optimismo de acreditar nos nossos políticos, claro que serão os mesmos que daqui a dois anos reelegerão o Eng. Pinto de Sousa e o seu PS para mais quatro anos de governo.

20.10.06

Jóias

A questão das jóias portuguesas roubadas na Holanda, já por aqui falada, volta a mexer com uma petição para que, com o dinheiro compensatório, sejam efectuadas cópias dignas do valor do património perdido. Assine aqui.

Versões

Continuando com “Nature Boy”, aqui vão mais duas versões, a mais conhecida, de Nat King Cole, e a de David Bowie para a banda sonora de Moulin Rouge.

Blogosfera

O Insurgente” mudou de endereço e a correcção já foi feita aqui ao lado. 500 000 visitas é um número impressionante que merece parabéns. Aproveito para agradecer a simpática referência ao post anterior.

18.10.06

Ocupação

Seguindo o exemplo dos ocupantes do Rivoli, estou seriamente a pensar juntar uns amigos e ocupar a Casa dos Bicos em protesto com a falta de políticas de conservação e restauro do património português. Aproveitaremos para denunciar o esbanjamento de dinheiros públicos no sustento de obscuros artistas que, ao abrigo de uma suposta vanguarda, se entretêm a levar à cena peças inqualificáveis e das quais a única lembrança que restará será o trauma de quem a elas assistiu. Defenderemos os músicos e os escritores que não conseguindo caçar subsídios, como os colegas do teatro, vão tendo de criar as suas vanguardas a custas próprias e sem apoios do Estado. Denunciaremos também a frenética construção de novos centros culturais e pavilhões multiusos por parte dos municípios, que leva ao abandono de excelentes salas de espectáculos já existentes, servindo apenas para, com o aval do desenvolvimento da cultura, enriquecer, ainda mais, os empreiteiros da zona. Será também ponto de ordem a indignação com a incompetência óbvia da maioria dos nossos cineastas que, tendo escolhido uma arte cara, acham que o Estado é obrigado a financiar os seus caprichos, nomeadamente fazer filmes que nem sequer estreiam ou que ganham prestigiados prémios em festivais de cinema alternativo no Burundi.
A bem da cultura e na revolta invejosa de quem, com grande pena, não é pago pelo Estado para fazer o que gosta. Seria realmente divertido que o Ministério da Cultura me financiasse uma bolsa criativa para estudar as praias do Mediterrâneo, podendo depois levar à cena uma peça minimalista, sem diálogos, com o meu ar de gozo a olhar as fotografias passadas em slide-show no palco ao som de quartetos de cordas de Haydn.

17.10.06

Contradanças

Acabada a época dos casamentos, e passada que está a festa do Lux, tornar-se-á difícil voltar a dançar Frank Sinatra, rodopiando freneticamente pista fora agarrado a um obediente, bonito e ritmado par. Restam sempre jantares caseiros em que a bebida empurre os pés para acompanhar os delírios dos Pink Martini. O Outono chegou com as nas suas brumas e chuvas.

Thanks (to you)

Com as covinhas a aparecer na cara, consequência inevitável de um sorriso, agradeço a quem se deu ao trabalho de me felicitar pelos três anos deste blogue. Fico com vontade de experimentar a receita de “Bombe Glacée” enviada pelo Impensável, quem sabe para um lanche em que convidaria outra Bomba que simpaticamente destacou este discreto sítio.

13.10.06

Happy Birthday (to me)

Manif

80 mil pessoas, em dia de semana e horário de trabalho, entupiram ontem o centro de Lisboa. Parece que gritaram com grande indignação contra o governo de Sócrates. Tudo certo e correcto, não fora o incómodo que causou a muita gente. Porque não se juntaram no Estádio da Luz onde até poderiam aproveitar para dar uns toques na bola?

Touros

Na sua habitual fúria proibicionista, o Parlamento Europeu votou ontem uma proposta para “por fim à luta de cães, touros e galos e adoptar normas legais nacionais ou comunitárias, segundo os casos, que assegurem que as pessoas implicadas não recebem subvenções nacionais ou estatais para organizar esses eventos”. A proposta foi aprovada após ser retirada a palavra touros. Podemos assim, por mais algum tempo, assistir, sem espírito de resistência armada, a touradas. A liberdade cultural continuará e a emigração para o México deixa de ter fortes motivos.
Na tentativa insistente de proibir as touradas, fico sempre com a mesma dúvida: o que quereriam eles fazer dos touros bravos? Se os cães e galos são animais domesticados, com existência indiscutível muito para além das suas lutas, que aliás não me interessam nada, onde iriam parar os touros? Talvez por ingenuidade, não imagino touros bravos domesticados num T1 em Telheiras ou no quintal de uma moradia em Oeiras. Nem me parece que possa alimentar a esperança de ver o Dr. António Maria Pereira a passear no Chiado acompanhado por um bonito exemplar da Ganadaria Vinhas a quem, de quando em quando, daria festinhas carinhosas. Talvez seja mais interessante pensar em ver os animais a passear à solta pelos jardins de Lisboa onde, quais pombos, viessem comer ás mãos das pessoas. Qualquer solução seria sempre muito interessante, foi aliás por isso que já sugeri a ganaderos que ofereçam alguns exemplares ás associações de defesa dos animais. Sempre gostava de ver se os tratavam melhor do que eles.

10.10.06

Versões

O som aqui do lado vai passar a ter alguma ordem, a partir de hoje serão apenas versões. Comecemos então com “Nature Boy”, uma música de Eden Ahbez, e com duas das suas múltiplas versões: Vinicius de Moraes e Toquinho, no disco “O Poeta e o Violão”, e Lisa Ekdahl, no disco “Heaven, Earth and Beyond". Para ouvir as diferenças da mesma música em duas óptimas, e tão distintas, versões.

6.10.06

Jóias

Há alguns dias, foi revelado que Portugal iria receber uma indemnização de 6,2 milhões de Euros pelo roubo das jóias destinadas a uma exposição na Holanda. Num país com o património no estado em que está, este dinheiro poderia ser importante contributo para, feito o mal de se perder um património provavelmente irrecuperável, conseguir efectuar importantes restauros. O medo vem ao olhar para a ministra que assinou o protocolo Berardo e temer que o dinheiro das jóias dos séculos XVIII e XIX se converta em prestações desse ruinoso e vergonhoso protocolo e se troquem as jóias por instalações com bidés e papel higiénico. A bem do comendador e a mal do país.

5.10.06

Comemorar o quê?

Dezasseis anos de caótica e sanguinária pseudo-democracia?
Sete anos de ditadura militar?
Quarenta e um anos de ditadura cinzenta?
Um ano de perigosos despojos revolucionários?
Trinta e um anos de democracia quase sempre mal governada?

4.10.06

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Jardim Botânico de Coimbra, 2006

Será um sinal?

Paulo Portas voltou à gravata, ontem, no “Estado da Arte”.
Irá também voltar à política activa?

Serviço Público

“Portugal de…”, conduzido por Rui Ramos, com Maria Filomena Mónica. Seguirá com outros ilustres portugueses ás terças à noite na RTP1.

Esperança

O novo Plano de Revitalização da Baixa-Chiado, coordenado por Maria José Nogueira Pinto, foi apresentado, na passada segunda-feira, pela Câmara Municipal de Lisboa.
Ao passar os olhos pelo plano fica a esperança de poder ver, finalmente, o Terreiro do Paço sem carros e com a dignidade que merece. Fica a esperança de ver gente a viver na Baixa e de que a mesma deixe de ser, à noite, um deserto de marginalidade. Fica a esperança de que a urbanidade do Chiado e a genuinidade de Alfama e do Castelo desçam as colinas e se encontrem na abandonada Baixa. Fica a esperança de que, pelo menos numa parte, Lisboa recupere dos consecutivos anos de degradação e se torne numa cidade mais civilizada.
Concebido por uma equipa credível (Manuel Salgado, Elísio Summavielle ou Raquel Henriques da Silva, entre outros), podemos ter esperança na qualidade da proposta. Haja esperança que o poder político avance, de facto, com o projecto.

2.10.06

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Quem um dia disse que o saber não ocupa lugar nunca terá tido de arrumar uma casa a olhar horrorizado para pilhas de livros e discos.