26.2.09

Coisas de costumes

Depois do Magalhães de Torres Vedras, o Courbet de Braga. Vi o filme “Carrington” na televisão e fiquei a pensar na evolução das mentalidades. Talvez se fosse uma fotografia de Mapplethorpe as coisas fosse diferentes pelo medo da brigada do politicamente correcto.

Courbet

Mapplethorpe

P.S. Assumo que fui puritano na escolha da fotografia de Mapplethorpe. Assim como assim, uma fotografia não é uma pintura e não me apetecia ter um homem nu neste blog. Coisas minhas.

20.2.09

Visão do paraíso




Freida Pinto em “Slumdog Millionaire”.

Postais atrasados



Florença, Janeiro de 2008

Passeio nocturno por entre overdose patrimonial.

São Magalhães

Censurar uma representação do computador Magalhães com imagens de mulheres semi-nuas, constante num monumento alegórico do Carnaval de Torres Vedras, com o argumento de serem pornográficas e ofenderem a moral pública, ultrapassa o que seria feito por uma inquisição católica dos tempos modernos.
O Magalhães é o santo e sagrado dos “modernitos” que nos governam. Sim, não se pense que a censura foi moral, o bufo fez queixa, por certo, por achar ofensivo associar “gajas nuas” ao Magalhães. Ofende a castidade desse santo omnipresente, dessa instituição sagrada.
As coisas andam complicadas neste pais cinzento e salazarento e vou dando graças por escrever sob pseudónimo, pois isto de dar o nome à crítica vai sendo perigoso.

Gostava de ser checo

Para ter um primeiro-ministro, Vaclav Klaus, capaz de ir ao Parlamento Europeu dizer:

"the present decision-making system in the European Union is different from a classic parliamentary democracy, tried and tested by history. In a normal parliamentary system, part of the MPs support the government and part support the opposition. In the European Parliament this arrangement has been missing. Here only one single option is being promoted and those who dare think about a different option are labelled enemies of European integration."

there is "a great distance (not only in a geographical sense) between citizens and Union representatives, which is much greater than inside the Member countries. This distance is often described as the democratic deficit, the loss of democratic accountability"

"the proposals to change the current state of affairs - included in the rejected European Constitution or in the not very different Lisbon Treaty - would make this defect even worse".

"Since there is no European demos - and no European nation - this defect cannot be solved by strengthening the role of the European Parliament either"

"attempts to speed up and deepen integration" could "endanger all the positive things achieved in Europe in the last half a century" and he urged that the situation must not be allowed "where the citizens of Member countries would live their lives with a resigned feeling that the EU is not their own, that it is developing differently than they would wish, that they are only forced to accept it".


Estas palavras “ofensivas” levaram a que vários deputados abandonassem o hemiciclo com grande indignação, em mais uma cabal demonstração da democraticidade desta “Europa”.

Palavras de outros

"a grande porca"
Há algumas semanas atrás, na SIC, Medina Carreira citou a expressão de Bordalo Pinheiro referindo-se à política em Portugal. Plagio Medina Carreira num dia em que são publicadas novas notícias sobre José Sócrates, desta feita a propósito da compra da sua casa no edifício Heron Castilho.
Ponto prévio - não sei se o primeiro-ministro:
- recebeu luvas no Freeport;
- simulou o valor pelo qual comprou a sua actual casa aquando da escritura;
- terminou a licenciatura por favor, beneficiando do facto de António Morais ser professor de 4 das 5 últimas cadeiras do seu curso;
- enviou o exame de inglês técnico por fax do ministério;
- assinou projectos, enquanto engenheiro técnico, que não foram por si elaborados;
- foi sócio de Fátima Felgueiras e de Armando Vara na Sovenco, ignorando propositadamente tal facto na sua biografia;
- sabia que o famoso relatório sobre a educação não era da OCDE quando afirmou o seu contrário;
- ...
O que sei é que vários ministros de Cavaco foram, por muito menos, 1.ªs páginas do Independente.
O que sei é que o anterior Governo, liderado por Santana Lopes, foi demitido por muito menos (por via da dissolução parlamentar).
O que sei é que a procuradora que tem a seu cargo o processo do Freeport já veio a público manifestar compreensão pelo mau estar do primeiro-ministro com o caso.
O que sei é que se fala de uma gravação em que alguém afirma ter pago luvas ao primeiro-ministro.
O que sei é que já vieram diversos camaradas de Partido sugerir que Sócrates desse explicações.
Posto isto, é para mim incompreensível que o primeiro-ministro não tome a iniciativa de esclarecer todas as dúvidas acerca dos temas acima mencionados, e que continue a persistir na tese da calúnia e da difamação.
Se eu estivesse no lugar dele, e não tivesse nada a esconder, podem ter a certeza que nesta altura já teria disponibilizado o acesso a todos os meus dados pessoais que permitissem calar os alegados boatos, arrumando de uma vez por todas com as suspeições vindas a público nestes últimos tempos.
Não ponho em causa que, no âmbito criminal, Sócrates é inocente até trânsito em julgado de condenação. Não é isso que está em discussão. O que está em discussão é a sua honorabilidade. O que está em discussão é saber se Sócrates tem condições para continuar a governar o país.
Eu acho que não tem.

Rui Castro no 31 da Armada

19.2.09

Leve ironia acerca do "casamento" gay

O OBJECTO

"Há que dizer-se das coisas
o somenos que elas são.
Se for um copo é um copo
se for um cão é um cão.
Mas quando o copo se parte
e quando o cão faz ão ão?
Então o copo é um caco
e um cão não passa dum cão.

Quatro cacos são um copo
quatro latidos um cão.
Mas se forem de vidraça
e logo forem janela?
Mas se forem de pirraça
e logo forem cadela?

E se o copo for rachado?
E se o cão não tiver dono?
Não é um copo é um gato
não é um cão é um chato
que nos interrompe o sono.

E se o chato não for chato
e apenas cão sem coleira?
E se o copo for de sopa?
Não é um copo é um prato
não é um cão é literato
que anda sem eira nem beira
e não ganha para a roupa.

E se o prato for de merda
e o literato de esquerda?
Parte-se o prato que é caco
mata-se o vate que é cão
e escreveremos então
parte prato sape gato
vai-te vate foge cão

Assim se chamam as coisas
pelos nomes que elas são."

José Carlos Ary dos Santos

P.S. Os sublinhados são por minha conta.

“Porto Livre”

Segundo a procuradoria, o processo não parou durante os últimos quatro anos.
Segundo a procuradoria, a carta rogatória dos ingleses nada acrescenta ao que já se sabia e nada do que saiu na imprensa revela novos dados sobre o caso.
A procuradoria, até ontem, não tinha interrogado nenhum dos citados no processo e não tinha suspeitos.
A procuradoria interrogou, ontem, Júlio Monteiro e outros intervenientes.
Se não há dados novos e o processo não tinha parado, quer dizer que demoraram quatro anos a passar à fase de interrogatórios prévios?
O que os fez interrogar esta gente e deixar, até ver, de fora o sobrinho de Júlio Monteiro?
Nada disto se percebe, mas já se percebeu que a ideia é que não se perceba nada.

Coisas Boas

A nova Fundação Francisco Manuel dos Santos, criada com o apoio da família Soares dos Santos e dirigida por António Barreto. Esperemos que esta fundação contribua para que passemos a ter “estudos” feitos com independência e competência que possam servir de base a tomadas de decisão mais responsáveis.

18.2.09

Luz

Voltei a reconhecer Lisboa. O brilho desta luz lembrou-me onde estava e desfez a ideia de ter sido transportado para uma qualquer aborrecida cidade do norte da Europa.

Coisas fora de moda

Sensatez.

17.2.09

Treinador de bancada

Os saltos entusiasmados, o segredar conspirativo aos seus vizinhos de lugar, os papéis passados pela sua mão, os sinais para refrear indignação, o constante revolver na cadeira. Daniel Oliveira parecia, ontem no “Prós e Contras” – e ao exemplo de outros debates –, o Jorge Jesus da esquerda fracturante. Sempre gesticulando, sempre dando indicações com veemência, sempre com ar muito agressivo e com aparente vontade de invadir o campo.

Os jogadores

Mister Oliveira tinha, ontem, alguns jogadores com excesso de entusiasmo que, por certo, contrariaram as suas ordens, em particular a jurista Isabel Moreira para quem a vida deverá ser feita de leis – tornando-a por certo uma pessoa bastante aborrecida. O entusiasmo era tal que, numa das suas intermináveis tiradas, acabou por dizer que se a lei do casamento gay não for aprovada estamos perante uma inconstitucionalidade. Que o direito é coisa complexa e subjectiva, já o sabemos, mas parece-me que a postura da senhora era de alguma arrogância quanto à interpretação da constituição, em especial quando contraria com displicência o Professor Jorge Miranda. Não sei mesmo como o Padre Vaz Pinto não lhe retorquiu, em resposta à sua insinuação de que iria presumir das “boas intenções” do senhor padre, que iria presumir da “inteligência” das intervenções da senhora Dra.

Preconceitos

Os defensores do casamento gay acusam quem o contraria de preconceito. Nalguns casos terão, efectivamente, razão. Há homofobia em Portugal e, como é óbvio, ela está do lado do “Não”. O que o debate de ontem também demonstrou, ainda que a isso tentassem inteligentemente fugir, é que do outro lado há um forte preconceito contra a visão da sociedade judaico-cristã. A arrogância moral foi patente, como sempre é nestes debates de “valores”, pois eles acham-se melhores que nós. Preconceito?

Palavras de outros

Mário Crespo continua em excelente forma e de leitura indispensável.

"O Horror do Vazio"
Depois de em Outubro ter morto o casamento gay no parlamento, José Sócrates, secretário-geral do Partido Socialista, assume-se como porta-estandarte de uma parada de costumes onde quer arregimentar todo o partido.
Almeida Santos, o presidente do PS, coloca-se ao seu lado e propõe que se discuta ao mesmo tempo a eutanásia. Duas propostas que em comum têm a ausência de vida. A união desejada por Sócrates, por muitas voltas que se lhe dê, é biologicamente estéril. A eutanásia preconizada por Almeida Santos é uma proposta de morte. No meio das ideias dos mais altos responsáveis do Partido Socialista fica o vazio absoluto, fica "a morte do sentido de tudo" dos Niilistas de Nitezsche. A discussão entre uma unidade matrimonial que não contempla a continuidade da vida e uma prática de morte, é um enunciar de vários nadas descritos entre um casamento amputado da sua consequência natural e o fim opcional da vida legalmente encomendado. Sócrates e Santos não querem discutir meios de cuidar da vida (que era o que se impunha nesta crise). Propõem a ausência de vida num lado e processos de acabar com ela noutro. Assustador, este Mundo politicamente correcto, mas vazio de existência, que o presidente e o secretário-geral do Partido Socialista querem pôr à consideração de Portugal. Um sombrio universo em que se destrói a identidade específica do único mecanismo na sociedade organizada que protege a procriação, e se institui a legalidade da destruição da vida. (artigo completo)

13.2.09

(Novas) Causas Fracturantes - Poligamia

Um homem pode casar com uma mulher. Querem que uma mulher possa casar com outra, assim como dois homens entre eles. Passarei a reclamar o direito à poligamia. Acho que, no caso de ser aprovado o casamento homossexual, estaremos perante um caso de discriminação intolerável para com todos os muçulmanos, marialvas com amantes não assumidas e mulheres de ninfomania descontrolada.

P.S. Leia-se no Mar Salgado a história de Francisco, Rute e Renata.

Pedimos desculpa pela interrupção

No DN de hoje: “Plano Regional de Ordenamento do Território de Lisboa apenas previa para Alcochete um pólo de apoio ao Turismo de muito baixa densidade e uma vocação para a instalação de actividades de investigação ligadas ao estuário do Tejo. Foi aprovado um mês antes da decisão do Freeport.” Leia o resto aqui.
Pronto, já podemos falar da eutanásia, do casamento gay ou da “nova” licença de paternidade.

11.2.09

Súbita boa disposição

Hoje faz sol. O verde de Monsanto brilha em tonalidades escuras sob o céu de tímido azul claro. Abriu-se a luz sem a qual Lisboa é como uma feia espanhola sem a maquilhagem lhe dá salero que a torna bela.

Coisas que se fazem

A SIC resolveu mostrar a vida privada de Salazar numa versão que, ao que parece, transforma o senhor num frenético e empenhado conquistador. Até hoje, muitas particularidades foram apontadas ao Dr. António, agora fazer dele um Santana Lopes “avant la lettre” talvez seja manifestamente excessivo. Comento mas não vi a série, pois o simples facto de Salazar ser interpretado por Diogo Morgado retira qualquer hipótese de perder o meu tempo.

10.2.09

Postais atrasados

Veneza, 7 de Janeiro de 2009

Coisas fora de moda

Decência.

Palavras de outros

“Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.
Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos media. Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal. Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso. Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.”
Mário Crespo in “Jornal de Notícias”

9.2.09

L’angoisse

Chuva incessante, vento desagradável, algum frio, bastante trabalho.

Diálogos Imaginários

– Charles, preciso de algo que me tire da angústia deste Inverno intolerável.
– Com certeza, menino. O que acha de umas perdizes recheadas com foie para o jantar, acompanhadas por uma boa colheita de Vale Meão.
– Charles, só a ideia já está a melhorar a minha disposição. Acho que fico em estado de esquecer a ideia de ficar fechado em casa sem comunicar com ninguém. Vou ligar a umas amigas para tomar um chá.
– Menino, não esqueça que chegou a encomenda da Mariáge Fréres. Poderei fazer um Thé de Fête e uns scones.
– Magnífico, Charles, só você para transformar a minha penosa vida em algo imensamente agradável.

Coisas fora de moda

Honestidade.

5.2.09

Coisas que animam

Assistir ao Sporting a despachar, com traços de massacre, o F.C.Porto com uma belíssima cabazada.

Náusea

As intervenções de Augusto Santos Silva têm o condão de me fazer correr para o estojo dos remédios em busca de sais de fruto ou Kompensans.

Curiosidades

Não deixa de ser curioso que o primeiro-ministro fale em poderes ocultos. Logo ele que escolheu Rui Pereira, eminente membro da Maçonaria, para Ministro do Interior. Ao que consta, e que uma boa investigação poderia provar, os serviços secretos estão a ser subtilmente infiltrados por "irmãos". Afinal falamos de que poderes ocultos?

3.2.09

Estado de espírito

Até quinta-feira passada não acreditava que houvesse dinheiros envolvidos na actuação de Pinto de Sousa no processo “Porto Livre”.

“Lixívias & Detergentes”

Constou-me, por telefonema de um amigo, que o “Prós e Contras” de ontem era sobre o caso “Porto Livre”. Logo perguntei quais eram os convidados. A resposta deixou-me a pensar no nome do programa, que talvez devesse mudar para “Prós”, porque ter José Miguel Júdice no lado dos “Contras” só pode ser uma brincadeira. Claro que logo resolvi não ver.

Curiosidades

Segundo a sondagem de hoje, há 19% que acham que o primeiro-ministro se justificou bem. O senhor pode ser inocente, mas achar que se justificou bem parece coisa de fanática crença religiosa.