A propósito de uma conversa sobre sítios e objectos e a sua importância nas nossas vidas, tida numa longa noite outonal de lareira, recebi um texto de uma amiga, então presente, que aqui reproduzo.
“Hoje presenciei o enterro de alguém que nasceu, viveu e morreu numa casa velha.
A velhice das casas embora seja muito incómoda tem o seu significado e daí a sua felicidade.
A estética, a vivência e os cheiros de uma casa velha não se explicam, sentem-se, saboreiam-se e vivem-se.
Eu também tenho a sorte de ter uma casa velha, onde a passaram os meus bisavós, avós, tios e mãe, e onde ainda posso encontrar vestígios da sua presença e da sua maneira de ser.
Mas esse alguém cujo enterro presenciei teve outra grande felicidade, a sua morte foi celebrada numa igreja velha e com as vozes dos seus irmãos e sobrinhos.
Não imaginam o amor e a ternura que pode transparecer dumas paredes velhas com caliça a cair.
Não há de facto sítio com melhor acústica.
Na verdade até as tomadas já nem deixam entrar as fichas dos aquecedores modernos que ajudei a arrumar para que não sentíssemos o frio e a humidade daquele sítio velho.
Quando morrer espero que ainda hajam igrejas velhas para poderem celebrar a minha morte, e vozes da minha família para cantarem a subida da minha alma ao céu (ou ao inferno!).”
“Hoje presenciei o enterro de alguém que nasceu, viveu e morreu numa casa velha.
A velhice das casas embora seja muito incómoda tem o seu significado e daí a sua felicidade.
A estética, a vivência e os cheiros de uma casa velha não se explicam, sentem-se, saboreiam-se e vivem-se.
Eu também tenho a sorte de ter uma casa velha, onde a passaram os meus bisavós, avós, tios e mãe, e onde ainda posso encontrar vestígios da sua presença e da sua maneira de ser.
Mas esse alguém cujo enterro presenciei teve outra grande felicidade, a sua morte foi celebrada numa igreja velha e com as vozes dos seus irmãos e sobrinhos.
Não imaginam o amor e a ternura que pode transparecer dumas paredes velhas com caliça a cair.
Não há de facto sítio com melhor acústica.
Na verdade até as tomadas já nem deixam entrar as fichas dos aquecedores modernos que ajudei a arrumar para que não sentíssemos o frio e a humidade daquele sítio velho.
Quando morrer espero que ainda hajam igrejas velhas para poderem celebrar a minha morte, e vozes da minha família para cantarem a subida da minha alma ao céu (ou ao inferno!).”
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