27.9.07

Da bola

Felicitações o senhor Padre Pereira, pela grande proeza terrena do seu Fátima. Terá por certo invocado S. Jorge na luta contra o Dragão. E que invocação!

Grande Santana

A SIC ficou incomodada com a atitude de Santana Lopes de abandonar o estúdio a meio de uma entrevista. O que a SIC esquece, procurando, em vão, defender-se à luz de critérios jornalísticos e da oportunidade do directo, é que, gostemos ou não, Santana Lopes é ex-Ministro, ex-líder do PSD e ex-Primeiro-ministro. Se isto não é motivo para algum respeito, gostaria de ver a SIC fazer o mesmo a Mário Soares ou a António Guterres. Claro que se o directo fosse de um atentado terrorista, ou de uma queda de um avião, ou da erupção de vulcão, se justificaria qualquer incómoda interrupção, mas a reportagem em directo da chegada de um treinador de futebol a Portugal, despedido já há alguns dias da sua equipa, parece-me, como bem disse Santana, digna de um país de loucos. Nada que não desconfiássemos, mas que ontem bem foi evidenciado por Santana. A sua atitude foi mais do que justificada e bom seria que mais gente no país tivesse esta coragem, talvez assim o jornalismo miserável que por aí grassa melhorasse um pouco.

26.9.07

Deliciosa Demagogia

O Pinto de Sousa anda por aí a apresentar propostas universais contra a pena de morte, o que seria uma muito louvável, ainda que inútil, iniciativa. A perplexidade que me assalta é que parece ser o mesmo Pinto de Sousa que recusou receber o Dalai Lama – pelas suas atitudes contra a China onde, curiosamente, existe pena de morte e foram executadas, em números oficiais, 1010 pessoas em 2006 – e se prepara para receber Mugabe, esse paladino dos direitos humanos.

Descoberta do dia

Parece que o PSD está em eleições e que os candidatos se chamam Mendes e Menezes. Não fora o beliscão que acabei de dar a mim próprio e pensaria estar a acordar de um pesadelo.

24.9.07

Para pensar

Não querendo copiar as postas semanais de João Távora, no Corta-Fitas, com os evangelhos de Domingo, não poderia deixar de postar o evangelho de ontem que, pela sua complexidade de interpretação, proporcionou uma das mais interessantes homilias que foi dado escutar nos últimos tempos. Pena que não tenha sido seguida de uma mesa redonda para poder tirar algumas dúvidas e aprofundar alguns temas.
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“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens. Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, porque já não podes continuar a administrar’. O administrador disse consigo: ‘Que hei-de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar não tenho força, de mendigar tenho vergonha. Já sei o que hei-de fazer, para que, ao ser despedido da administração, alguém me receba em sua casa’. Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor e disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’. Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’. O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’. A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza. De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes. Ora Eu digo-vos: Arranjai amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel nas coisas pequenas, também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro».”.Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas, 16,1-13».”
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Evangelho segundo São Lucas 8, 4-15

Four ages of life

Edvard Munch, 1902
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O Impensável fugiu, subtilmente , a uma ruidosa festa que comemorasse os seus quatro anos de idade, ainda assim, e apesar de atrasado, gostaria de lhe deixar esta pequena tela. Não sei se gostará de Munch, apesar de estar quase certo que sim, mas daria muito trabalho descobrir um adequado e obscuro pintor nórdico com temáticas inspiradas em Bergman.

21.9.07

A Prova

As declarações de Pinto de Sousa nos E.U.A. são a prova que faltava sobre a injustiça da acusação sobre favorecimento na conclusão da sua licenciatura, nomeadamente no que refere à disciplina de inglês técnico. Caso para dizer que Portugal é mesmo um país de “bad tongue” e de “very invejuous people”.

19.9.07

Esperemos que de alegria!

O meu intenso fim de tarde desportivo, em Alvalade para o Sporting – Manchester United, tentando acompanhar a primeira parte do jogo dos “lobos” contra a Itália no Mundial de Rugby.

Tristeza

Hoje é o dia em que um regicida – Aquilino Ribeiro – entra no Panteão. Depois das condecorações a bombistas – Otelo e Isabel do Carmo –, mais um passo que o país dá em direcção a um abismo de dignidade e respeito pela história.

18.9.07

Sobre a "nossa" hipocrisia

Com algum atraso, aqui fica um artigo de Ricardo Costa no Diário Económico do qual já tinha ouvido falar, mas que só hoje tive oportunidade de ler. Vale a pena.
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Um hino à hipocrisia
"Portugal teve mais orgulho em quinze pessoas que nunca foram apoiadas do que em toda uma indústria subsidiada (e, já agora, falida) que é o futebol.Ricardo CostaDevo ser dos poucos portugueses que não ficou espantado com as imagens dos jogadores da selecção nacional de râguebi a cantar o hino nacional. Conheço o jogo, tenho filhos que praticam este desporto e sei que toda a actividade do râguebi português gira em torno de boa-vontade, empenho, dedicação e sacrifício. Há ainda características próprias do jogo, que o distinguem de muitos outros, e que fazem de cada partida um “tudo ou nada” em que o colectivo pura e simplesmente apaga a mais ténue vontade de individualismo e fica à vista de todos.
Foi a absoluta “verdade” das imagens que espantou o país. Já ninguém canta o hino daquela maneira, muito menos sem ser a fingir. Portugal ficou a saber que por cá se joga râguebi e que uma equipa de médicos, advogados, estudantes, veterinários (etc) aguenta 80 minutos de pressão total contra alguns dos melhores profissionais do mundo. E ficou a saber isso, quando ainda estava a digerir a descoberta de Nelson Évora e a confirmação de Vanessa Fernandes. Descobrimos isto tudo e descobrimos também que os nossos campeões de atletismo treinam em Espanha porque não temos uma única pista coberta e que a selecção de râguebi treina, muitas vezes, às seis da manhã antes de ir para o trabalho!
Tudo isto somado às miseráveis exibições da selecção de futebol (o desporto de que mais gosto e que mais alegrias nos dá, isso é indiscutível) e à agressão de Scolari mostram que não existe em Portugal um mero rascunho de política de Desporto. Já aqui o escrevi e repito: uma verdadeira reforma estrutural seria implodir o estádio do Algarve, juntamente com o de Leiria e o de Aveiro. E quem devia pagar a dinamite da implosão era o actual primeiro-ministro e o José Luís Arnaut. Só a partir daí é que se pode fazer alguma coisa estrutural.
O que o hino de St. Etiénne nos disse, de forma transparente, foi que, em poucos segundos, Portugal teve mais orgulho em quinze pessoas que nunca foram apoiadas do que em toda uma indústria subsidiada (e, já agora, falida) que é o futebol. Para citar Luís Amado (que teve esta semana um ataque súbito de ‘realpolitik’), tudo isto acontece pelas “razões conhecidas”. E as razões conhecidas são uma mistura de vistas curtas e de hipocrisia.
Agora, já vamos construir uma pista coberta e de certeza que a malta do râguebi vai levar medalhas em Belém e louvores em São Bento. Emenda-se a mão onde se pode, mas nada muda. É um pouco como a triste história do Dalai Lama: a China pede, e nós, de gatas, fingimos que ele não anda por cá e que defende uma causa bizarra e duvidosa; mas quando a perigosa Inglaterra levanta dúvidas sobre o senhor Mugabe, nós batemos com a mão no peito e dizemos que quem manda aqui somos nós. Sinceramente não percebo: desde quando é que a China foi mais recomendável (a não ser, eventualmente, na culinária) que a Inglaterra? Nunca. E é extraordinário que aceitemos os caprichos da China e façamos um braço de ferro com o governo inglês…
A pouco e pouco vamos transformando o país num protótipo de hipocrisia. E é por isso que nos arrepiamos a ver certas imagens. São imagens sem um pingo de artificialismo, que não foram (nem podiam ser) encenadas por nenhuma agência de comunicação nem estudadas pelo protocolo do MNE. São imagens verdadeiras e nós já estamos pouco habituados a isso. Sugiro ao primeiro-ministro que passe as imagens do hino de St. Etiénne no próximo Conselho de Ministros e que as distribua em DVD nos Estados Gerais. São mais rápidas que um discurso do Almeida Santos e mostram o país que somos."
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Ricardo Costa, Director da Sic Notícias

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Copyright: Harry Gruyaert/Magnum Photos

"Desde este lugar sem história,
até um lugar na história,
vão apenas dois minutos,
no elevador da Glória"
Rádio Macau – “O Elevador da Glória”

Porque hoje reabre, após o habitual atraso português nas obras, o Elevador da Glória. Volta assim a funcionar um dos mais deliciosos pequenos pedaços de Lisboa, daqueles únicos e irrepetíveis.

13.9.07

De vergonha

Saber de gente que não recebe o líder de uma mais do que respeitável e pacífica religião, representante de um povo oprimido e prémio Nobel da paz, diz muito dessas pessoas. Quando para além disso se preparam para receber o inenarrável Mugabe, diz ainda mais. E se se disser que é gente que se prostra aos pés do comunismo capitalista chinês, então tudo está dito. O grave é quando essa gente representa um país e, mais grave ainda, quando esse país é o meu.
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P.S. Noto ainda a falta de memória de alguns, que há uns anos atrás gritavam pelo povo oprimido de Timor e se insurgiam com a falta de apoio de alguns países. Agora, curiosamente, já estão do lado dos opressores.

De selecção

A selecção nacional de futebol conseguiu hoje mais um deplorável jogo, cuja qualidade me fez lembrar os tempos liceais de mais do que falhado ponta de lança. Felizmente não tinha o hábito – quando as coisas não corriam bem, ou seja, a maior parte das vezes – de esmurrar os adversários, o que até era uma medida inteligente tendo em conta os meus fracos atributos para andar à pancada. A hipótese Scolari de “esmurra e foge que alguém há-de agarrar o outro” também não era muito boa, já que a rapidez nunca foi o meu forte. Enfim, desde cedo que a minha ligação ao futebol se traduziu em bancadas ou sofás, sem presença de chuteiras nas vizinhanças. Talvez por isso goste de me achar no direito de dar opinião, talvez por isso ache que quem merecia ser esmurrado era Scolari.
Sem tirar o mérito do que já fez, e que é muito, a campanha de apuramento tem feito por desafiar o português mais paciente a resistir a impulsos homicidas contra Scolari. E porque será? Talvez por insistir doentiamente em jogadores fora de forma e com tanta vontade de correr como eu tenho de ler livros do Saramago. Talvez por acreditar numa bailarina de cabelo comprido que no meio do esforço e do tempo perdido a ajeitar o penteado se esquece de fazer aquilo que lhe é pedido, ou seja, marcar golos. Talvez por continuar com um suposto mágico que se esqueceu dos truques em casa e se passeia no campo como a placidez de um nova-iorquino ao Sábado em Central Park. Talvez por se esquecer no banco de jogadores que têm o hábito de correr e, imagine-se, em alguns casos, de resolver jogos. Talvez por achar que defender é sempre o melhor caminho, mesmo quando a coisa corre mal em vezes consecutivas. Talvez por comandar uma equipa cujo futebol entusiasma tanto os adeptos como a selecção de Malta do anos oitenta – porque agora até já evoluíram – apesar da mesma ser formada por um conjunto de jogadores cujo ordenado somado daria para sustentar umas mil famílias de classe média portuguesa. Enfim, por estes e muito mais motivos hoje até me apetecia esmurrar Scolari, até porque os meus raros instintos violentos são sempre com pessoas com uma característica que abunda em Scolari: a arrogância.

11.9.07

11 de Setembro 2001

Copyright: Steve McCurry/Magnum Photos
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Não devemos esquecer. Sem "mas".

10.9.07

Man of the Match






Vasco Uva

Capitão da Selecção Portuguesa de Rugby e eleito o melhor em campo no jogo de hoje contra a Escócia.



Os nossos "Lobos" começaram bem a sua presença no Mundial de Rugby, ao perder apenas por 56-10 com a Escócia - uma das melhores selecções do mundo - e ainda conseguindo marcar um histórico ensaio. Mais importante do que o resultado foi ver a forma como cantaram o hino e como estiveram em campo, tão bom seria que o exemplo de desportivismo e nacionalismo são fosse seguido por outros desportos. Segue-se agora a Nova Zelândia e esperemos que os jogadores mantenham a concentração e não corram campo fora em busca de autógrafos dos melhores jogadores do mundo, em vez de jogar com a garra e o amor ao desporto e à camisola que tão bem os caracteriza.

6.9.07

Luciano Pavarotti

12 de Outubro de 1935 - 6 de Setembro de 2007
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Podia não ser o melhor, do hoje ou do sempre, mas era explosivo, excessivo, magnífico, e como todos os, muito poucos, que conseguem ser de facto "Divos", uma figura que a história não se cansará de lembrar ao longo dos tempos.
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Fotografia - Copyright Peter Marlow/Magnum Photos

3.9.07

Resmungo

E vai uma pessoa de férias e leva com vento, e frio, e até chuva. E a água do mar gélida e uma neura por falta de sol, por falta de fotossíntese. Sim, porque somos como as plantas e precisamos de sol para funcionar, para armazenar energias para o Inverno. E assim como é que vamos suportar o Outono? E agora é que vem o calor, agora que é tempo de trabalhar, que é tempo de ficar no escritório a gastar energia no ar condicionado para sobreviver ao bafo que vem lá de fora. Agora, que é Setembro, que era tempo de marés vivas e nortadas e do regresso a casa já “fotossintetizado”, já saturado do sol, e do calor, e de praia, e do mar. E o que fazer agora? Fugir para umas segundas férias e mandar ás malvas o trabalho e tudo o que nos rodeia? Agarrar no carro e fugir para a Figueira, ou para Sagres, ou para o Guincho, e lá ficar, ficar, e esquecer que o mundo existe até me sentir preparado para voltar à realidade e para resistir ao Outono que se avizinha, com as folhas caídas, e o frio e o vento, e a falta de sol? Todo este lamento se deve a ser português e ter criado uma terrível habituação ao nosso clima, que de tão bom que é me torna exigente, e picuinhas, e refinadamente resmungão a cada vez que ele foge da norma, da norma que eu gosto e a que estou habituado.