Nos dias que correm dou por mim a olhar com volúpia reprimida para boiões de cola. O motivo nada tem que ver com uma compulsiva vontade de efectuar trabalhos de bricolage, apenas com uma enorme curiosidade sobre os efeitos da inalação de cola, pois consta que é coisa de poderosa alienação. Neste país virtual é cada vez mais necessário recorrer a estímulos artificiais que nos permitam acompanhar o delírio com que somos desgovernados. Enquanto não liberalizam as drogas leves, é difícil encontrar bons cogumelos alucinogénicos e o absinto puro continua proibido, talvez a cola seja uma adequada solução para acompanhar este filme de Terry Gilliam em que se tornou este país da grande modernidade ao nível do norte da Europa, mas onde se continua a morrer de fome e a pobreza alastra.
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