Francisco José Viegas no "A Origem das Espécies".
“Gosto da Feira do Livro com as barraquinhas. Gosto de ir lá à tarde e de encontrar amigos, gente que não vejo há muito tempo, trocar «notícias» por «notícias». Gosto de ir às barraquinhas de livros velhos, stocks, obras completas de Mao, Escritos Escolhidos de Lenine, A Cozinheira Ideal ou os John Le Carré em hardcover. Gosto de comprar Rex Stouts repetidos. Não gosto de novidades na Feira; prefiro livros de há anos, são esses os que procuro, os que perdi e que quero repor na estante. Gosto de comprar livros por 1€, 3€, 5€. Gosto de encontrar amigos a dar autógrafos e de ir para as filas pedir-lhos. Gosto de churros com chocolate (este ano estão a 2€, o que é um assalto). Gosto das cores das barraquinhas. Gosto dos grupos que se sentam ao sol, na relva do Parque. Gosto de encontrar editores que vão sempre à Feira. Gosto de gente que atravessa a Feira assinalando títulos nos catálogos. Gosto da Feira com ar saudável e relativamente anárquico, com cadeirinhas na calçada onde autores se sentam perto de quem passa, com ar desprotegido (por isso é que se reconhece um editor; é ele que está lá, ao lado, a fazer companhia). Gosto de ir à Assírio & Alvim perguntar se tem o Equador. Gosto da Feira com sol, gosto quando chove. Gosto quando o MJM me telefona a dizer que encontrou um livro meu com uma fotografia que nem vista se acredita. Gosto das sacolas pretas da Tinta-da-China e de ficar por ali. Gosto das cores da Oficina do Livro. Gosto de ir à Guimarães Editores, à Relógio d'Água ou às bancas da Vampiro. Sinto-me um provinciano feliz que está onde quis ir. À Feira.”
Gosto de subscrever e gosto assim de ir à feira. Ainda não fui. Ainda não procurei volumes antigos do Tenente Blueberry encontrando o Martin Milan que me faltava. Ainda não persegui pechinchas descobrindo magníficos monos. Na sexta-feira irei, em busca desta feira que eu gosto e que aqui tão bem foi descrita. Talvez encontre por lá o Dr. Sousa Homem, numa rara saída do seu retiro minhoto, por motivo do lançamento do seu segundo volume de crónicas, que dá pelo nome de “Os Males da Existência”. Gostava de o cumprimentar.
Gosto de subscrever e gosto assim de ir à feira. Ainda não fui. Ainda não procurei volumes antigos do Tenente Blueberry encontrando o Martin Milan que me faltava. Ainda não persegui pechinchas descobrindo magníficos monos. Na sexta-feira irei, em busca desta feira que eu gosto e que aqui tão bem foi descrita. Talvez encontre por lá o Dr. Sousa Homem, numa rara saída do seu retiro minhoto, por motivo do lançamento do seu segundo volume de crónicas, que dá pelo nome de “Os Males da Existência”. Gostava de o cumprimentar.
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