27.6.08

Ainda há futebol?

Numa meia-final ganha uma equipa com tantos golos como remates à baliza, depois de um jogo em que se parecia arrastar adormecida e ausente. Ontem, jogava a grande surpresa do europeu, responsável pelos melhores minutos de futebol que vi nos últimos tempos. Do outro lado uma selecção que ganhara nos quartos finais após um jogo de não futebol, em que conseguiu ter a sorte de marcar um penalty a mais. A primeira não esteve lá, provavelmente ausente em passeios imaginários pelas estepes ou pelas ruas aristocráticas de S. Petersburgo. A segunda desenhou uma obra-prima digna de Picasso, Dali ou Goya. Que jogo fez a Espanha!
Ainda vai havendo futebol, mas resta a inquietação de que esse futebol não ganhe no final, dando razão aos anestesiantes treinadores que pretendem mudar, talvez até estatutariamente, o objectivo do futebol, trocando o de “marcar golos” com o de “não sofrer”. Espanha devia ganhar, mas mais importante ainda é que a Alemanha devia perder. E por muitos e vistosos golos, numa humilhação requintada da arte sobre a eficácia, da civilização sobre a força bruta.

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