14.10.03

Para as termas, e depressa.

Após o abalo governativo no qual caíram dois ministros, foram duas as senhoras escolhidas para os substituir. Talvez por inveja deste súbito protagonismo das mulheres do centro para a direita, eis senão quando surge Ana Gomes em todo o seu esplendor, saindo de dentro das nossas televisões com a infinita delicadeza de um elefante numa loja de cristais. A potência da sua presença foi tal que conseguiu a ubiquidade de estar a ser entrevistada em dois canais ao mesmo tempo.
Num acesso que facilmente se qualificaria de histeria, disparou para todo o lado. Primeiro que um artigo do Le Point (aliás já com alguns meses durante quais permaneceu silenciosa) teria referido dois ministros como sendo clientes habituais do Parque Eduardo VII. Não consta que até hoje tenham sido referidos por abuso de crianças, não consta até hoje que tenham sido investigados no caso Casa Pia, consta apenas que seriam frequentadores de um local de engate e prostituição homossexual. Segundo as palavras desta Passionária inflamada estes senhores deveriam estar a ser investigados (e como saberá ela que não o estão a ser?) , mais, parece que todos deveríamos saber os seus nomes, entrando assim por intimidades que me parece não interessarem a ninguém senão por sórdida curiosidade.
Continuou com a defesa do camarada Pedroso, insistindo que o assunto era político e voltando a falar na famigerada cabala, sob outros nomes, agora que este saiu de moda. Voltou a defender a festança no parlamento e todas as outras manifestações que, na sua sempre brilhante opinião, em nada são pressões sobre a justiça e que, em nenhuma circunstância, são formas de politizar a questão. Parece estranho, afinal o que seria necessário para politizar esta questão para além de tudo o que fez o PS?
Não contente com todos estes pensamentos ainda questionou a nomeação de José Lamego para o Iraque, desvinculando totalmente o partido desta decisão e esclarecendo que a mesma foi tomada apenas a título pessoal. Curioso raciocínio que estabelece um trabalho ao serviço do país como algo do foro pessoal e um crime de pedofilia como um crime político.
Aparentemente o PS apercebeu-se de mais uma salva de tiros no pé e, ainda hoje, António Costa veio a público puxar a orelhas da camarada Ana, pedindo silêncio e prudência sobre este tema. Parece que o Dr. Costa percebeu que a histeria colectiva do PS estaria a entrar em patamares dignos de internamento. Termas meus senhores, termas recomendam-se e para já. O país aguarda ansioso.
JAC

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