13.2.04

Porto

Depois de Portugal o Porto. A depressão ao que parece está a ser mais sentida pelo Norte. A "Grande Reportagem" de Sábado trazia artigo de fundo sobre a depressão portista, ontem um encontro discutiu estes problemas.
O Porto sofre, há muito, de algum complexo de inferioridade. Certo que é a segunda metrópole (que não cidade) do país, mas a sua insistência - para além do normal - em colar-se a Lisboa sempre me levou à seguinte pergunta: Deverão Coimbra, ou Braga, reclamar para se aproximarem do Porto? A dúvida é entre bipolarizar na primeira cidade ou na segunda. Custa-me que num país tão pequeno se questione a existência de uma capital destacada, querendo à força que a segunda cidade esteja ao seu nível.
Até aqui poderia parecer um ataque cerrado ao Porto, nada mais errado. O Porto é uma cidade muito particular, na sua arquitectura e clima, nas suas gentes. Gosto do Porto, gosto particularmente por ver nele uma quase antítese de Lisboa, uma complementaridade. O que me leva a mim, e alguns outros mais, a vociferar contra um certo Porto, é a postura adoptada por energúmenos como Pinto da Costa ou Fernando Gomes, sempre ao ataque contra Lisboa como se ela fosse a cidade do inferno. Tudo ao Sul é mau, contra eles, contra um Porto perfeito, contra a capital da virtude. Sempre me irritei com superioridades morais (daí me irritar com certa esquerda) e esta é repugnante. Não confundo estes senhores com o Porto, nem com as gentes do Porto, mas infelizmente há quem confunda. A regionalização foi disso exemplo, no dia de boa memória do referendo. Não duvidemos que a derrota da regionalização teve por base o Porto e a sua atitude interesseira de querer criar um segundo centralismo. Sim, alguém terá dúvidas que os Ayatholas do Norte queriam uma capital centralizadora do Tejo para cima? A regionalização não ia descentralizar, ia centralizar em mais locais, apenas isso.
Enquanto do Porto se ouvir "querer ver Lisboa arder" com a anuência de pessoas com responsabilidades, Lisboa nunca os verá muito a sério, e o país também não.

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