Não me apetece fazer balanços ou listas dos melhores do ano. Quanto aos blogues, são certamente os que estão aqui ao lado, os que mais gosto, os que mais leio. Quanto ao resto, tenho boas memórias do ano, só que o trabalho que dava pensar e alinhar os melhores é suplantado por este frio fim de tarde e por um Kousmichoff bem quente. Quanto ao próximo ano, o ideal era que fosse melhor que todos os que já passaram, mas num assomo religioso, que seja como Deus quiser. Um Bom Ano para todos.
29.12.04
Dias Provincianos
Por estes dias festivos “fui à terra”, expressão que me agrada apesar de tantas vezes ridicularizada. A nossa terra é mais do que o lugar onde nascemos ou vivemos, é a terra de onde vimos e para onde voltaremos. Aqui somos um carvalho em lento crescimento, com o passar dos anos marcado num tronco tortuoso e nas folhas que vão caindo.
Gosto destes dias, em que deixo que o tempo seja um apêndice de uma existência completa e visceral com o que nos pertence, afectivamente. O frio cortante mas familiar, que nos obriga à recolha em redor de braseiras ou olhando a lenha a desaparecer nas lareiras. As cartas interrompidas por conversas dispersas, onde se salta subtilmente do último divórcio para o défice, da mais recente criança para os indescritíveis horrores do último terramoto. Os passeios na rua entre cumprimentos de quem não nos lembramos e a passagem pelas poucas lojas da nossa infância que sobreviveram à voracidade da globalização. Aqui sentimos uma aura de protecção, uma alienação quase infantil do mundo.
Amanhã a terra será outra, e no país aqui ao lado espero saltar para um novo ano com boas tapas e uns Riberas, com mais optimismo do que é possível neste comboio descarrilado que se tornou Portugal. O pior será a volta, mas pode ser que a ressaca me impeça de ver o óbvio e que acorde segunda-feira num novo ano sem descer à realidade que nos rodeia.
Gosto destes dias, em que deixo que o tempo seja um apêndice de uma existência completa e visceral com o que nos pertence, afectivamente. O frio cortante mas familiar, que nos obriga à recolha em redor de braseiras ou olhando a lenha a desaparecer nas lareiras. As cartas interrompidas por conversas dispersas, onde se salta subtilmente do último divórcio para o défice, da mais recente criança para os indescritíveis horrores do último terramoto. Os passeios na rua entre cumprimentos de quem não nos lembramos e a passagem pelas poucas lojas da nossa infância que sobreviveram à voracidade da globalização. Aqui sentimos uma aura de protecção, uma alienação quase infantil do mundo.
Amanhã a terra será outra, e no país aqui ao lado espero saltar para um novo ano com boas tapas e uns Riberas, com mais optimismo do que é possível neste comboio descarrilado que se tornou Portugal. O pior será a volta, mas pode ser que a ressaca me impeça de ver o óbvio e que acorde segunda-feira num novo ano sem descer à realidade que nos rodeia.
26.12.04
Outro Natal
Ruas desertas, o fumo das lareiras sobe o céu de Lisboa. Pelas janelas saem gargalhadas e burburinho, e luz, muita luz. Os carros recolheram e são poucos os que passam, velozes, num alegre balanço entre duas casas. A fonte parou, e nas arcadas a tosse cavada de uns cruza o ressonar de outros. O edifício impõe o seu silêncio de betão. Aqui só há abrigo, nas paredes húmidas das arcadas, no chão sujo de couves e óleo, nos papéis de embrulho dos outros, dos outros que somos nós.
Feliz Natal
O Anarcoconservador espera que o Natal dos seus leitores tenha sido excelente e deseja uma continução de Boas Festas para todos.
22.12.04
Natal I
Chego a dia 22 e acho que talvez seja tempo de pensar em comprar alguns presentes. Até agora já tenho um decidido, o que até nem é mau para quem tem vasta família com muitas crianças. Começo a desenhar o meu itinerário do dia com início no Príncipe Real, descida até ao Chiado com incursões no Bairro Alto e, se for necessário e houver tempo, passagem pela Baixa. Para o caminho – a parte de carro porque o itinerário será, obviamente, percorrido a pé – preparo os meus CD’s de Natal que ainda não ouvi este ano e que são fundamentais ao meu espírito natalício, a saber: “Silent Night – A Christmas in Rome” com a Orquestra do Vaticano e Paddy Moloney a juntarem clássicas canções de Natal com um toque celta, e não só, que me agrada; e “Sinatra Rarities – The CBS Years” que não sendo, de todo, um disco de Natal, me deixa submerso no espírito da época, vá-se lá saber porque insondáveis motivos.
21.12.04
Fair-Play
A saga das cadeiras voadoras ou, como alguém teve a distinta lata de dizer, atitudes normais de uma massa associativa efusiva. Ontem, em Guimarães.
20.12.04
Uma ideia
Sócrates finalmente falou e prometeu prosseguir com o processo da co-inceneração. Uma ideia, uma medida, Sócrates abandonou o longo e proveitoso silêncio a que se tinha remetido desde que o PS se lhe ajoelhou aos pés. Pode ser temível, é que se começar a concretizar ideias os portugueses vão descobrir o seu real valor e então…
Domingo
A sorte de não trabalhar para um grande empresa leva a que não tenha de suportar os célebres, famigerados e temidos, jantares de Natal de empresa. Essa figura que obriga à comparência, a conversas circunstanciais, a tolerar – ao abrigo do espírito natalício – "colegas" de trabalho cuja mera presença nos leva a – em situações normais – sair imediatamente da sala. Sobram assim, nos dias que antecedem o Natal, jantares e almoços de amigos nos quais o Natal é mero pretexto para um encontro. Assim foi este fim-de-semana, culminando com um Domingo mesmo Domingo, em que a mera possibilidade de raciocinar se manifestava intolerável. Nestes dias o "Cavaco" – comando de televisão em linguagem cá de casa – é arrebatado quase ao acordar e acompanha o lento e pausado arrastar do corpo pela casa. O dia prolonga-se com o monte de jornais e revistas estrategicamente ao lado do sofá e, por vezes, em destemidos actos, até uns livros são folheados. Uma saída para café, mais um jornal para o monte, e o prolongar de uma quase inexistência ao longo do dia. Enfim, não será um programa fascinante, mas para um Domingo não imagino muitos outros, especialmente junto ao Natal, época em que as ruas, as lojas, os cafés, enfim, os sítios onde poderíamos ir estão invadidas por gente. Pior que um Domingo, só um Domingo com gente, e pior ainda só mesmo um Domingo activo no meio de gente, muita gente.
Re-linque
Com covinhas na cara e um rubor embaraçado, reparo que a Grande Senhora me contradisse e não só não me ostracizou como me re-lincou. Resta-me agradecer, comovido, este meu primeiro re-linque. A posta sobre o deslinque já me valeu uma acusação de choradeira pouco digna por um blogger amigo, fico então num misto de alegria e vergonha, sem saber se me arrependa ou não da mesma. Enfim, como diria o nosso Fugitivo I (novo cognome a usar para primeiros-ministros que fogem): é a vida…
17.12.04
Deslinque
A Grande Senhora da blogosfera deslincou-me. A notícia foi acolhida com choros convulsivos e soluços incomodativos que quase me levaram a afogar a tristeza com uma garrafita de Tullamore Dew bebida com voracidade, algo que a tempo evitei. Esta posta pode parecer um miserável implorar para que volte atrás, no entanto é mais um carpir de mágoas em tom de mea culpa e uma divagação em torno do deslinque, palavra inexistente que até tem direito a verbo – deslincar – numa liberdade blogosférica.
O acto de deslincar é firme, ás vezes ainda mais firme do que o lincar, ás vezes mais fundamentado. Dá trabalho deslincar, só se dá a esse trabalho quem acha que vale a pena. O deslinque é um cartão amarelo, que só não é vermelho porque se pode voltar atrás e re-lincar, algo muito raro. Não conheço re-linques, acho que normalmente quando se deslinca se vota ao desprezo mais profundo o blogue em causa, numa consequência óbvia da desilusão.
A primeira reacção a um deslique é a indignação, a segunda, mais pensada, é a humilhação. Particularmente quando o deslincador é alguém que admiramos, e respeitamos, o deslinque é esmagador, e aí percebemos que a culpa tem mesmo de ser nossa. Para ser deslincado por certo defraudámos um leitor, mais, um leitor do qual somos leitores, mais, um leitor na opinião do qual confiamos. Algo está mal, mas é connosco. Estaremos a escrever pior, a ser chatos e desinteressantes, a ter pouca regularidade? Se calhar tudo isto, se calhar o blogue está mesmo a transformar-se numa merda, se calhar o melhor é fechar para balanço. Aí percebemos que não é bem assim - ou melhor até é, mas negamos a realidade – e então mandamos os deslinques para as urtigas e decidimos continuar. Afinal o blogue só serve para me divertir e esticar os dedos no teclado e não vai ser um simples deslinque – apesar de vir de uma Senhora – a estragar tudo isto.
Como acho que no meio de tudo isto a culpa não é da deslincadora – e tenho de me vingar em qualquer coisa –, vou também deslincar, alguém tem de pagar. Opto então pela versão irónica do Barnabé, que entretanto parece ter acabado. Ele é que paga, e a Grande Senhora continuará aqui ao lado – com a urbanidade aqui apregoada –, pelo menos até ao dia em que acorde como…Ana Gomes.
O acto de deslincar é firme, ás vezes ainda mais firme do que o lincar, ás vezes mais fundamentado. Dá trabalho deslincar, só se dá a esse trabalho quem acha que vale a pena. O deslinque é um cartão amarelo, que só não é vermelho porque se pode voltar atrás e re-lincar, algo muito raro. Não conheço re-linques, acho que normalmente quando se deslinca se vota ao desprezo mais profundo o blogue em causa, numa consequência óbvia da desilusão.
A primeira reacção a um deslique é a indignação, a segunda, mais pensada, é a humilhação. Particularmente quando o deslincador é alguém que admiramos, e respeitamos, o deslinque é esmagador, e aí percebemos que a culpa tem mesmo de ser nossa. Para ser deslincado por certo defraudámos um leitor, mais, um leitor do qual somos leitores, mais, um leitor na opinião do qual confiamos. Algo está mal, mas é connosco. Estaremos a escrever pior, a ser chatos e desinteressantes, a ter pouca regularidade? Se calhar tudo isto, se calhar o blogue está mesmo a transformar-se numa merda, se calhar o melhor é fechar para balanço. Aí percebemos que não é bem assim - ou melhor até é, mas negamos a realidade – e então mandamos os deslinques para as urtigas e decidimos continuar. Afinal o blogue só serve para me divertir e esticar os dedos no teclado e não vai ser um simples deslinque – apesar de vir de uma Senhora – a estragar tudo isto.
Como acho que no meio de tudo isto a culpa não é da deslincadora – e tenho de me vingar em qualquer coisa –, vou também deslincar, alguém tem de pagar. Opto então pela versão irónica do Barnabé, que entretanto parece ter acabado. Ele é que paga, e a Grande Senhora continuará aqui ao lado – com a urbanidade aqui apregoada –, pelo menos até ao dia em que acorde como…Ana Gomes.
16.12.04
Já agora
Por aqui ouve-se agora uma senhora de nome Lhasa de Sela. Pelo que me parece não será um exemplo de artista bem comportada e conservadora, apesar disso, imagine-se a loucura, recomenda-se a sua audição para quem não a conheça.
Arte
Vale a pena ler (ou reler uma vez que é uma re-postagem) esta posta, e também esta que a gerou. Todo o seu conteúdo me soa tão familiar. Quantas vezes me apontaram com incongruente só porque, sendo conservador, gostava do Bairro Alto, ou de ir ao Lux, ou de ouvir Chico Buarque, ou de tanta e tanta música, cinema, pintura ou escrita, conotadas com a esquerda, que não vou enumerar especialmente por um factor: nem me lembro em que lado da barricada estão, conquanto goste, esse é um pormenor de somenos. A arte, quando é realmente boa, não o é pela sua pátria, nem credo, nem ideologia. Alguém terá coragem de negar a qualidade artística de Leni Riefensthal independentemente dos propósitos para que essa qualidade serviu?
15.12.04
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Com o sol que está e o caos em que estamos, mandemos o povo e os políticos para a rua, para fotossintetizar. Talvez melhorem.
14.12.04
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Soltar palavras e divagar, num narcisismo de acharmos que temos importância, que alguém nos vai ler. A recompensa surge se uma, apenas uma e solitária pessoa, gostar.
Não é fácil mudar o mundo com palavras, mas mudar alguém é, nas suas idiossincrasias, muito mais importante. A força das palavras é difícil de definir, mas existe sempre, queiramos ou não.
Não é fácil mudar o mundo com palavras, mas mudar alguém é, nas suas idiossincrasias, muito mais importante. A força das palavras é difícil de definir, mas existe sempre, queiramos ou não.
Definitivamente Insanidade
Em Canas de Senhorim uma repórter da SIC indaga os populares sobre a sua luta e o bloqueio que fizeram a uma estrada, ouço então várias pessoas a compararem o seu caso com a luta do povo de Timor. Depois disto todo o conceito de sanidade mental de um povo é posto em causa, estaremos a entrar definitivamente na “Twilight Zone”? Terei a certeza que sim se Santana Lopes fizer o milagre de ganhar as eleições.
13.12.04
Tremores de sono
Consta que a terra hoje tremeu, talvez por isso tenha embalado até horas obscenas para um dia de semana. Acordei na dúvida se era Domingo, olhando incrédulo para o despertador que não tinha ligado. O humor negro pode levar a pensar que os Lexotans podiam ser substituídos por uns abalozinhos de terra. Apesar de não consumir, acho que era grave que assim fosse, é que com as insónias que andam por aí a terra mexer-se-ia ao ritmo de um Techno bem agressivo.
9.12.04
Insanidades VI
O nosso presidente já deu a Assembleia por dissolvida, mas devido à urgência desta atitude, apesar dos motivos desconhecidos, ainda não consultou quem tem por lei de consultar. Seria tão urgente dissolver que não pudesse esperar por estas reuniões consultivas para o anunciar? Aquando da partida do “Fugitivo” (vulgo Barroso) Sampaio consultou este país e o outro, arrastou a decisão por dias e dias. Agora, em que realmente optou pela decisão mais drástica, decidiu sem perguntar nada a ninguém, mesmo a quem é obrigado a fazê-lo. Entretanto, o país - independentemente do alívio pelo travão posto ao desgoverno de Santana - aguarda inquieto o porquê da dissolução, uma vez que os motivos permanecem ocultos. Será assim tão difícil ser sensato neste país?
Por causa dos rebuçados
Num qualquer café de bairro vislumbro, por entre o balcão, uma taça com rebuçados familiares. A embalagem branca faz-me recuar anos, àqueles felizes e inconscientes anos da infância, de vida singela e provinciana.
O Sr. Pombo era uma mercearia mínima, daquelas em que o arroz se equilibra instavelmente sobre a farinha e o detergente da roupa, em que cada milímetro é ocupado pelos mais diversos produtos, em que é difícil movermo-nos sem atirar as alfaces para cima dos rabanetes. Esta não era a nossa mercearia de mão – saudoso Sr. António –, mas aqui comprava-se, inquestionavelmente, o fiambre. A marca era importante, mas mais do que isso o que o tornava especial era o corte, as lâminas finíssimas de bom fiambre, com a gordura transparente, tudo embrulhado em papel vegetal. Para mim este factor era importante – tinha de pensar nas tostas mistas –, mas aquilo que me fazia rejubilar quando a senhora minha mãe me incumbia da tarefa do fiambre, era uma fantástica vitrina rotativa cheia de rebuçados. Lá em casa os rebuçados não eram unânimes, minha mãe pedia sempre um embrulhinho em papel pardo cheio dos mais caramelizados Santo Onofre, enquanto eu enchia os bolsos com os anizados Dr. Bayard. Ambos eram, e felizmente ainda são, excelentes, longe dos concentrados de corantes e conservantes que inundam as grandes superfícies de hoje. Graças ao Dr. Bayard, a sempre odiada tarefa de fazer recados aos pais era aqui um gosto, talvez por isso tantas memórias me tenham chegado ao ver a taça destes rebuçados naquele café de bairro, talvez por isso mais uma vez tenha enchido gulosamente os bolsos de rebuçados.
O Sr. Pombo era uma mercearia mínima, daquelas em que o arroz se equilibra instavelmente sobre a farinha e o detergente da roupa, em que cada milímetro é ocupado pelos mais diversos produtos, em que é difícil movermo-nos sem atirar as alfaces para cima dos rabanetes. Esta não era a nossa mercearia de mão – saudoso Sr. António –, mas aqui comprava-se, inquestionavelmente, o fiambre. A marca era importante, mas mais do que isso o que o tornava especial era o corte, as lâminas finíssimas de bom fiambre, com a gordura transparente, tudo embrulhado em papel vegetal. Para mim este factor era importante – tinha de pensar nas tostas mistas –, mas aquilo que me fazia rejubilar quando a senhora minha mãe me incumbia da tarefa do fiambre, era uma fantástica vitrina rotativa cheia de rebuçados. Lá em casa os rebuçados não eram unânimes, minha mãe pedia sempre um embrulhinho em papel pardo cheio dos mais caramelizados Santo Onofre, enquanto eu enchia os bolsos com os anizados Dr. Bayard. Ambos eram, e felizmente ainda são, excelentes, longe dos concentrados de corantes e conservantes que inundam as grandes superfícies de hoje. Graças ao Dr. Bayard, a sempre odiada tarefa de fazer recados aos pais era aqui um gosto, talvez por isso tantas memórias me tenham chegado ao ver a taça destes rebuçados naquele café de bairro, talvez por isso mais uma vez tenha enchido gulosamente os bolsos de rebuçados.
2.12.04
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O mais normal é um duelo Sócrates-Santana em Fevereiro: “entre les deux mon coeur ne balance pas, il se reste moribond“.
Insanidades V
(Esta posta já estava alinhavada antes da decisão de Sampaio sobre a dissolução)
Os imbecis que nos governavam queriam proibir de fumar em espaços públicos, nos quais incluíam restaurantes, bares ou discotecas. Será que temos esperança de que com a queda do governo esta inanidade não vá em frente?
Que país magnífico é o nosso, com tanta coisa em que se preocuparem, os políticos resolveram decretar guerra aos fumadores. O ministro da Saúde (agora ex-), que continua sem resolver as filas de espera nos hospitais, que continua ás apalpadelas sobre os sistemas de gestão hospitalar a usar, resolveu aparecer, e que boa maneira de o fazer.
Esclarecendo já, sou fumador. Compreendo todo o incómodo que o fumo causa a quem não fuma. Acho que os não fumadores têm todo o direito a espaços livres de fumo.
O que está em causa é o direito de opção. Todos os locais onde a população em geral se tenha de deslocar devem ser livres de fumo na sua generalidade, mas também devem, sempre que possível, ter zonas de fumadores desde que as mesmas estejam devidamente delimitadas e assinaladas. Restaurantes, bares ou discotecas não são sítios de presença obrigatória dos cidadãos, ninguém é obrigado a levar com fumo, basta escolher um restaurante com zona de não fumadores – não há muitos, mas lembro os McDonalds e os Tibetanos. O que o Estado deveria fazer, se realmente quer fazer algo pelos não fumadores, é estabelecer a classificação obrigatória dos restaurantes, bares ou discotecas em fumadores, não fumadores e fumadores, ou estritamente não fumadores. Assim toda a gente poderia escolher o que mais lhe conviesse sem incomodar os outros. Isto sim era uma medida de um regime de liberdade. O que este governo queria era aderir à tendência fascizante do um certo mundo de hoje, colhendo com os ensinamentos dessa estranha sociedade norte-americana que já tem cidades onde nem na rua se pode fumar.
Hittler quis criar o ser perfeito, a raça pura ariana, saudável e bela. Teremos nós que aceitar que nos imponham uma visão semelhante na sociedade de hoje? Os gordos são olhados de lado, os feios ignorados, agora são os fumadores. Será possível sonhar com uma sociedade tolerante em que o Estado não insista em se meter na vida das pessoas?
Os imbecis que nos governavam queriam proibir de fumar em espaços públicos, nos quais incluíam restaurantes, bares ou discotecas. Será que temos esperança de que com a queda do governo esta inanidade não vá em frente?
Que país magnífico é o nosso, com tanta coisa em que se preocuparem, os políticos resolveram decretar guerra aos fumadores. O ministro da Saúde (agora ex-), que continua sem resolver as filas de espera nos hospitais, que continua ás apalpadelas sobre os sistemas de gestão hospitalar a usar, resolveu aparecer, e que boa maneira de o fazer.
Esclarecendo já, sou fumador. Compreendo todo o incómodo que o fumo causa a quem não fuma. Acho que os não fumadores têm todo o direito a espaços livres de fumo.
O que está em causa é o direito de opção. Todos os locais onde a população em geral se tenha de deslocar devem ser livres de fumo na sua generalidade, mas também devem, sempre que possível, ter zonas de fumadores desde que as mesmas estejam devidamente delimitadas e assinaladas. Restaurantes, bares ou discotecas não são sítios de presença obrigatória dos cidadãos, ninguém é obrigado a levar com fumo, basta escolher um restaurante com zona de não fumadores – não há muitos, mas lembro os McDonalds e os Tibetanos. O que o Estado deveria fazer, se realmente quer fazer algo pelos não fumadores, é estabelecer a classificação obrigatória dos restaurantes, bares ou discotecas em fumadores, não fumadores e fumadores, ou estritamente não fumadores. Assim toda a gente poderia escolher o que mais lhe conviesse sem incomodar os outros. Isto sim era uma medida de um regime de liberdade. O que este governo queria era aderir à tendência fascizante do um certo mundo de hoje, colhendo com os ensinamentos dessa estranha sociedade norte-americana que já tem cidades onde nem na rua se pode fumar.
Hittler quis criar o ser perfeito, a raça pura ariana, saudável e bela. Teremos nós que aceitar que nos imponham uma visão semelhante na sociedade de hoje? Os gordos são olhados de lado, os feios ignorados, agora são os fumadores. Será possível sonhar com uma sociedade tolerante em que o Estado não insista em se meter na vida das pessoas?
Insanidades IV
O primeiro-ministro foge, a meio de um mandato legítimo de quatro anos, para um cargo de prestígio unicamente pessoal, disfarçando a ambição com o suposto interesse para o país de ter um presidente da Comissão Europeia. O Presidente da República ouve metade da população portuguesa e decide manter a Assembleia e a maioria, chamando-a a formar governo. O Presidente da Câmara de Lisboa, que começava a dar sinais de desgaste do cargo, é surpreendentemente chamado a dirigir os destinos da nação. A “inteligentzia” entra em epilepsia e esgota os adjectivos e insultos contra o senhor. O governo toma posse e o líder do segundo partido da coligação não esconde o espanto ao saber no próprio dia que tem de gerir o Mar. Mal toma posse o governo tem de se haver com fogos, mesmo aqueles que nada tem a ver consigo. A Ministra da Educação herda um programa de colocação de professores com o qual nada tem a ver, no entanto consegue gerir a situação crítica com uma subtileza e capacidade política que terão deixado engasgado até o primeiro-ministro. Há uma explosão numa refinaria e o Ministro do Ambiente anuncia as conclusões da investigação sobre o caso com dados comprometedores sobre a empresa – muito bem –, o ancião Ministro da Economia não gosta e o ambiente gela. O Ministro “de qualquer coisa” Gomes da Silva (por acaso amigo pessoal de Santana) exige contraditório a um comentador político, esse comentador por acaso é Marcelo, que apesar de ser do PSD é dos que mais arrasa a desgovernação de Santana. Marcelo sai por alegadas pressões censórias sobre a TVI. Abre-se uma crise sobre a liberdade de expressão que se agrava com a tentativa de criação de uma central informativa do governo. O gabinete do primeiro-ministro resolve desmentir uma notícia sobre uma sesta, dando um relevo interessante ao facto. Chega a hora de apresentar o orçamento e, num dia os impostos descem, no outro não, os salários vão subir, talvez não, Santana e Baião dizem e desdizem durante uns dias, ninguém sabe o que se passa e como vai ser de facto o orçamento. No fim os impostos descem, os salários e as pensões sobem e é um orçamento de contenção? O ministro “de qualquer coisa” Chaves (por acaso amigo pessoal de Santana) diz, aquando de uma remodelação que o abrange, que tinha trabalho a mais que era bom redistribuir tarefas dentro do governo, dias depois (apenas quatro) diz que não gostou da remodelação e da forma como foi conduzida, diz que não o deixaram trabalhar na coordenação do governo e que no fundo nada fazia e faz críticas ferozes quando se demite. Parece que outro Ministro (Arnaud) também estaria de saída e que estaria em confronto com o ancião Ministro da Economia. O primeiro-ministro adia a tomada de posse porque tem de assistir ao casamento da filha da sua chefe de gabinete. Como uma gota que transborda o copo o Presidente resolve dissolver a Assembleia. Parece que o argumento será a instabilidade económica, mas a Assembleia só será dissolvida após aprovar o orçamento...
Apenas passaram quatro meses e tudo isto se passou – e mais algumas coisas que me esqueci –, até com o Verão pelo meio! Alguém que não vivesse em Portugal e lesse estas linhas pensaria tratar-se de um romance político passado numa República de Bananas…
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