28.7.05

Diploma

O claustro estava vazio, contudo sons rodeavam a minha cabeça, conversas, suspiros, músicas. Não havia vivalma e atravessei até ao bar para um café; tudo igual, as paredes, o balcão, o Paulo. Há uns tempos que não voltava à minha escola, à minha Universidade. Cinco anos, mais ou menos, desde que o curso se deu, com grande pena, por terminado. Já tinha voltado, várias vezes mesmo, mas hoje a tranquilidade das paredes e falta de burburinho, de gente, de caras conhecidas, tornava o ar estranho, carregado de nostalgia. O diploma, o almejado diploma, estava finalmente pronto, com a rapidez que caracteriza o nosso país demorou quase tanto tempo a ser escrito como demorou a ser acabado. Talvez seja essa a ideia. A secretaria estava diferente, sem os guichets de madeira e os buracos para falar, agora com a entrada toda em vidro e uma cara nova no atendimento. Modernices. Felizmente o edifício é difícil de estragar e o claustro, com o imutável Quercus a meio, esperava tranquilamente, à impiedosa luz do sol, por um Setembro mais animado com praxes e “carne fresca”.
As romagens ao passado marcam sempre. Ao contrário de muitos, para mim a faculdade foi um lugar feliz e de boas (óptimas) recordações. Ganhei vida, mundo e muitos amigos que até hoje perduram. Por isso o diploma foi como que um corte umbilical com a minha escola, um ponto (aparentemente) final numa ligação. Hoje estou nostálgico e tive de ir ás compras. Enfim, há maneiras diferentes de “curtir” a nostalgia, hoje estava fútil e apeteceu-me ir ao Chiado comprar. Podia ter sido pior.