8.7.05

Gente

Sexta-feira, à porta do Lux. Uma velha, de ar andrajoso e por quem o tempo passara, destoa de tudo o resto. No meio do bulício da noite faz o seu estranho caminho, passo lento, tranquilo, estranhamente decidido. Enquanto espero alguém sigo-a com o olhar. O lenço na cabeça, colorido, os sapatos antigos como ela. Dirigiu-se à porta. Ao longe, na impossibilidade de me transformar em mosca, imaginava conversas delirantes com o porteiro; Quereria entrar? Pediria para ir à casa de banho? Estaria a perguntar por alguma informação? Seria definitivamente louca? Nada compreendi, apenas a vi voltar a fazer o mesmo caminho em sentido contrário, no mesmo passo tranquilo, pausado mas decidido. Como diria uma amiga minha “Quem seria esta velha que ousou entrar nas brumas da noite?”