27.9.06
22.9.06
Impensável
Acho que um Hooper é um presente adequado para comemorar os três anos de companhia assídua do Impensável. Muitos parabéns.
Edward Hooper, “A Woman in the Sun”, 1961
Estado do Sítio
Por entre o pó atrás dos armários e as altas e desequilibradas pilhas de livros retiradas das estantes. Armários contra armários, em duelos renhidos pelo escasso espaço. O assumir da acumulação como uma doença de devastadoras consequências. A sala em versão armazém, cheia de coisas conhecidas, mas também muitas esquecidas. A tranquilidade que nos obrigamos como condição para evitar o mergulho janela abaixo. A poesia das mudanças por causa de pequenas obras em casa.
19.9.06
O mundo está perigoso
O fundamentalismo islâmico parece querer-nos cercar de todas as formas: primeiro são as bombas que nos ameaçam a vida a qualquer momento e em qualquer parte do mundo, agora é a vitimização que nos ameaça a liberdade de expressão.
Tornar o choque civilizacional em que nos encontramos numa guerra santa é de um perigo imenso, mas ceder, sem reservas, a um ambiente de constante pressão sobre os valores mais essenciais em que assenta a nossa civilização não será a melhor solução. O medo é, e sempre será, uma demonstração de fraqueza, não só física, mas também de ideais, de convicções e de valores. No momento em que mostremos medo e reverência, em que condicionemos o nosso dia-a-dia e a nossa vida a factores externos, estaremos a mostrar ao mundo que a força, o terror e as ameaças podem vencer, que nos podem vencer. Nesse momento a sociedade pela qual os nossos antepassados lutaram estará a caminho do fim e o que se seguirá é um mistério que prefiro não tentar desvendar.
Tornar o choque civilizacional em que nos encontramos numa guerra santa é de um perigo imenso, mas ceder, sem reservas, a um ambiente de constante pressão sobre os valores mais essenciais em que assenta a nossa civilização não será a melhor solução. O medo é, e sempre será, uma demonstração de fraqueza, não só física, mas também de ideais, de convicções e de valores. No momento em que mostremos medo e reverência, em que condicionemos o nosso dia-a-dia e a nossa vida a factores externos, estaremos a mostrar ao mundo que a força, o terror e as ameaças podem vencer, que nos podem vencer. Nesse momento a sociedade pela qual os nossos antepassados lutaram estará a caminho do fim e o que se seguirá é um mistério que prefiro não tentar desvendar.
Será desta?
A presença da Ministra da Educação no “Prós e Contras” de ontem serviu para que, pela primeira vez em muitos anos, passasse a ideia de que esta pasta foi entregue a alguém minimamente sensato e cujo objectivo é melhorar de facto o ensino. Não vou dizer que a Ministra é o máximo, até porque não tenho conhecimento suficiente para o fazer, mas que me pareceu que o seu discurso foi dominado pelo bom senso, isso sim. Como a sensatez é algo que escasseia neste país fiquei satisfeito, talvez seja pouco, talvez não chegue, mas seguramente é um bom caminho. Além disso, é prova da mais elementar sensatez que a Ministra esteja em colisão com os sindicatos de professores, entidades que parecem zelar mais por manter um estado contínuo de PREC do que pelos professores e pelo ensino em Portugal.
18.9.06
Desporto
O futebol em Portugal promete tratar-se de um caso de polícia. Fosse este um país (realmente) civilizado e tudo passaria das escutas desvendadas nos jornais, das claras acusações do presidente de um clube e dos golos de andebol marcados impunemente. Como estamos em Portugal, e já quase nos esquecemos do interminável caso da Casa Pia, tudo acabará em ”águas de bom bacalhau”, com o Major a ser condecorado pelo Estado com uma qualquer ordem de mérito. No campo, onde se devia jogar o futebol segundo as regras e onde alguns ingénuos jogadores persistem em correr atrás da bola, tudo deixa de fazer sentido, tão clara é a batota que envolve tudo isto.
Agradecimento
Ao André Azevedo Alves, de “O Insurgente”, pela simpática referência que fez disparar o Sitemeter.
12.9.06
Pena
A parte final que vi do “Prós e Contras” de ontem chegou. Chegou para lamentar a progressiva senilidade que infelizmente tomou conta do outrora lúcido Dr. Mário Soares. Enfim, a vida prega destas partidas e uma altura há em todos começamos a perder faculdades. Pena é que, apesar disso, se apareça na televisão de forma voluntária e se esteja, com penoso esforço, a debitar inanidades e vulgaridades ao longo de mais de duas horas.
11.9.06
Músicas
Novos sons aqui ao lado. Na Grafonola toca “Lamento no Morro”, da dupla Jobim-Vinicius, interpretado por Vinicius de Moraes, Toquinho e Maria Creuza, ao vivo em “La Fusa”. No Gira-Discos passa “La Soledad”, dos Pink Martini, com um curioso início ao som de Chopin.
6.9.06
.
O calor que queima faz-me querer voltar ao meu chapéu-de-sol de riscas azuis e brancas, à areia grossa e ao mar infelizmente calmo. Ás tardes divididas entre imersões marítimas, conversas paisagem, jogos de cartas ou o simples esparramar ao sol.
Com o calor não se consegue pensar, por isso a indolência é a melhor opção, aquela que apetece fazer agora, mas não aqui. Preciso das minhas noites longas com brisa vinda da serra e dos dias no meu chapéu-de-sol azul e branco.
A importância do chapéu-de-sol não é despicienda, para além de parte essencial ao processo de suportar os excessos de temperatura, é essencial na definição estética da “minha” praia, que sem as riscas de várias cores seria mais uma impessoal praia, como tantas outras. Por isso apetecia lá estar.
5.9.06
O Independente
Acabou “O Independente”. Aliás, acabou fisicamente, pois há anos que se arrastava penosamente encostado a um nome. “O Independente”, pelo menos o “meu” Indy, acabou após a saída de Miguel Esteves Cardoso de director. A segunda saída, após ser chamado para tentar inverter a decadência em que o jornal já se encontrava. Ainda assim faz pena, ou como dizia o MEC na última edição, está mal.
A minha geração cresceu com “O Independente” e irremediavelmente dividia-se entre os que o adoravam e os que o detestavam. Ninguém podia ficar indiferente a uma postura nunca antes vista em Portugal, a uma visão conservadora da sociedade que apresentava uma linguagem e um estilo mais revolucionários do que se podia imaginar em sonhos. As grandes campanhas do Bloco, muito cuidadas na imagem e linguagem, são brincadeiras de meninos ao lado do Caderno 3 dos bons tempos.
Os frutos do Indy estão aí, nos blogues e nos jornais, nas revistas e nos livros. Uma nova geração que perdeu o pudor – quer na escrita, quer nas ideias. Ser de direita deixou de ser um estigma a esconder dentro de um armário bem fechado. Escrever de forma desprendida e legível deixou de ser um crime lesa pátria.
A geração Indy mostrou-se, mas talvez pelo demasiado desprendimento e independência passa ainda ao lado da política activa, dos partidos. O anti-cinzentismo ainda não vingou e os órgãos de poder continuam iguais ao que eram em tempos de cavaquismo. Talvez seja melhor assim, talvez seja melhor poder lê-los do que ter de os ver a discursar no parlamento. Fica ainda assim uma réstia de pena, de pena que o país não tenha assimilado mais o que foi o Indy, que não seja mais Indy.
A minha geração cresceu com “O Independente” e irremediavelmente dividia-se entre os que o adoravam e os que o detestavam. Ninguém podia ficar indiferente a uma postura nunca antes vista em Portugal, a uma visão conservadora da sociedade que apresentava uma linguagem e um estilo mais revolucionários do que se podia imaginar em sonhos. As grandes campanhas do Bloco, muito cuidadas na imagem e linguagem, são brincadeiras de meninos ao lado do Caderno 3 dos bons tempos.
Os frutos do Indy estão aí, nos blogues e nos jornais, nas revistas e nos livros. Uma nova geração que perdeu o pudor – quer na escrita, quer nas ideias. Ser de direita deixou de ser um estigma a esconder dentro de um armário bem fechado. Escrever de forma desprendida e legível deixou de ser um crime lesa pátria.
A geração Indy mostrou-se, mas talvez pelo demasiado desprendimento e independência passa ainda ao lado da política activa, dos partidos. O anti-cinzentismo ainda não vingou e os órgãos de poder continuam iguais ao que eram em tempos de cavaquismo. Talvez seja melhor assim, talvez seja melhor poder lê-los do que ter de os ver a discursar no parlamento. Fica ainda assim uma réstia de pena, de pena que o país não tenha assimilado mais o que foi o Indy, que não seja mais Indy.
Blogosfera
Os parabéns – atrasados, é claro – por um ano de “Origem das Espécies”.
O agradecimento ao “Sempre a Produzir” pelo link para este estabelecimento.
O agradecimento ao “Sempre a Produzir” pelo link para este estabelecimento.
1.9.06
Diálogos Imaginários
– Charles, estou a cozer e apetece-me ainda menos que o habitual desmanchar malas.
– Não se preocupe menino, para isso é que eu estou aqui.
– Não se preocupe menino, para isso é que eu estou aqui.
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