
Ingrid Bergman
em Portugal
A indignação geral parece ter ficado pelo primeiro lugar, pois parece ser perfeitamente normal que Cunhal tenha vinte por cento dos votos e fique em segundo. A importância desse grande português ficou expressa no comentário final de Odete Santos: “Isto é uma apologia do fascismo o que é proibido pela constituição”. A censura para esta gente só é má quando vai contra os seus interesses, poucas frases serviriam tão bem para explicar que, em matéria de liberdade, Salazar e Cunhal são duas faces de uma mesma moeda. E eu que teimo em me maçar terrivelmente com esta moeda.
Este fim-de-semana os grandes portugueses estavam nas Selecções Nacionais de Futebol e Rugby. A primeira fez uma belíssima segunda parte e massacrou com arte (ai o golo do Quaresma!) os toscos belgas; a segunda conseguiu tornar-se a única selecção amadora a participar na fase final da Taça do Mundo de Rugby. É caso para dizer: “Brava Dança dos Heróis”.
O genial Rafael de Paula, ou como tornar o toureio numa dança de coreografia imprevisível.
No Corta-Fitas decorre um importante polémica sobre criadas, assunto deveras inquietante e que, pelos vistos, gera revoltas graves em algumas pessoas. Como se dá a coincidência do meu livro de cabeceira ser a “Autobiografia” de Agatha Christie deixo aqui dois excertos a propósito:
“Duvido que hoje exista ainda uma verdadeira empregada doméstica. Existirão possivelmente algumas, entre as idades dos 70 e 80 anos, mas, fora disso, o que existe são diaristas, empregadas que parecem fazer-nos favores, ajudantes domésticas, governantas e encantadoras jovens que pretendem conciliar o ganho de algum dinheiro extra com um horário que lhes convenha e convenha também ás necessidades dos seus próprios filhos. São amadoras gentis; frequentemente tornam-se nossas amigas, mas é raro que inspirem o respeito com que olhávamos os nossos empregados domésticos de antigamente”
“Uma criança que passou algum tempo na nossa casa foi um dia surpreendida pela minha mãe a dizer a uma das suas empregadas: – Você não passa de uma empregada! – e foi de imediato severamente repreendida.
– Espero nunca a ouvir falar desse modo com uma empregada. Os empregados devem ser tratados com a maior cortesia. Fazem um trabalho especializado que não saberia fazer senão depois de longo treino. E lembre-se também que não podem responder do mesmo modo.”