30.3.07
27.3.07
Ota II
Grandes Portugueses IV
Grandes Portugueses III
A indignação geral parece ter ficado pelo primeiro lugar, pois parece ser perfeitamente normal que Cunhal tenha vinte por cento dos votos e fique em segundo. A importância desse grande português ficou expressa no comentário final de Odete Santos: “Isto é uma apologia do fascismo o que é proibido pela constituição”. A censura para esta gente só é má quando vai contra os seus interesses, poucas frases serviriam tão bem para explicar que, em matéria de liberdade, Salazar e Cunhal são duas faces de uma mesma moeda. E eu que teimo em me maçar terrivelmente com esta moeda.
Grandes Portugueses II
Grandes Portugueses II
Grandes Portugueses I
Este fim-de-semana os grandes portugueses estavam nas Selecções Nacionais de Futebol e Rugby. A primeira fez uma belíssima segunda parte e massacrou com arte (ai o golo do Quaresma!) os toscos belgas; a segunda conseguiu tornar-se a única selecção amadora a participar na fase final da Taça do Mundo de Rugby. É caso para dizer: “Brava Dança dos Heróis”.
Admirável Governo Novo – Obras Públicas
O TGV foi algo incompreendido pela população, pois será uma obra vital para ligar o país, nomeadamente os grandes centros que são os que interessam. A queda do comboio na linha do Tua demonstrou, uma vez mais, que o interior deveria ser abandonado e que o TGV será um óptimo veículo para uma maior litoralização do país em grandes centros urbanos. A ligação a Espanha é apenas um pretexto, pois o mais importante é ganhar meia hora no trajecto Lisboa-Porto, tempo que justifica plenamente os milhares de milhões a investir no projecto.
23.3.07
Mentir
Agora que parece perder o título ficamos sem saber como nos dirigir ao homem, continuaremos a usar o segundo nome próprio (Sócrates) – estilo senhor João, o homem do talho – ou passaremos a usar os apelidos para o tratar por senhor Pinto de Sousa?
22.3.07
Admirável Governo Novo – Cultura
No capítulo das artes a ministra teve ainda duas intervenções vitais para o país: despedir Paulo Pinamonti, o director do Teatro S. Carlos que insistia em o tornar europeu esquecendo “a prata da casa” que tão bons resultados havia apresentado nos anos anteriores, optando assim por um teatro de ópera mais nosso e menos pretensioso; a gestão do caso Rivoli, um exemplo de compreensão perante os protestos de uma grande companhia de teatro que se viu sem os apoios, a que indiscutivelmente tem direito, para fazer teatro de vanguarda. A importância para o país da sobrevivência do teatro independente é enorme, e as críticas por falta de público uma óbvia barbárie intelectual própria de países subdesenvolvidos.
A arte do toureio
O genial Rafael de Paula, ou como tornar o toureio numa dança de coreografia imprevisível.
21.3.07
Pais (des)ordenado
Admirável Governo Novo – Saúde
Admirável Governo Novo – Agricultura
20.3.07
Admirável Governo Novo – Educação
A educação é também a área onde o governo sofreu um infeliz revés, ao recuar na sua mais brilhante e visionária proposta, após disparatada contestação da grande parte da sociedade. A TLEBS era mecanismo fundamental para o programa de reeducação das nossas crianças, criando uma nova e moderna gramática, essencial à competitividade do país no estrangeiro e à adequada evolução da língua portuguesa.
Admirável Governo Novo
Clube de Destruição Sumária / Para o Próprio
19.3.07
Escuro objecto de desejo
14.3.07
Mediocridade
Ser agradável
“– O seu irmão é um homem agradável, Peggotty? – inquiri cautelosamente.
– Oh! O meu irmão é um homem muito agradável! – exclamou Peggotty.”
Pergunte a si própria se a maioria dos seus amigos e pessoas conhecidas são agradáveis e ficará surpreendida por tão poucas vezes a sua resposta poder ser igual à de Peggotty.»
Agatha Christie in “Autobiografia”
12.3.07
Sábado glorioso
Faz tempo que não ia ao Estádio Universitário e foi com enorme agrado que fiz por entre as sombras de belas árvores o caminho desde a Reitoria. Junto ás bilheteiras, e apesar de faltar uma hora para o jogo, já reinava grande animação, com grupos a aproveitarem a esplanada para almoçar e crianças, muitas crianças, a brincarem em redor, algumas delas ainda equipadas de um treino ou jogo de rugby já decorrido. Não parecia Portugal, definitivamente não parecia o Portugal que se fecha nos centros comerciais de onde apenas sai para a praia, não parecia o país em que os jardins estão vazios e onde é raro encontrar carrinhos de bebé a passearem ao ar livre. Havia calma e alegria no ar, uma tranquilidade de fim-de-semana e uma boa disposição obrigatória perante o sol radioso que brilhava por todo o lado e que tudo fazia brilhar.
O jogo aproximava-se e foi com surpresa que deparei com o estádio cheio, e que visão magnífica a de um estádio rodeado de belas árvores e de sebes bem aparadas, bancadas cheias, e a luz… Habituámo-nos aos estádios de betão, encaixados nas cidades, rodeados de prédios, com centros comerciais, mas aqui tudo é diferente. Claro que não tem a segurança necessária a jogos de futebol, mas até essa necessidade de segurança muito diz da diferença entre estes dois desportos. Um olhar pelas bancadas mostrava famílias inteiras, com as crianças a brincar junto ao relvado, sem qualquer fosso que os separasse do campo onde, minutos depois, iria decorrer o jogo.
A selecção entrou perante enorme ovação e o hino foi cantado a uma só voz em todo o estádio. Bonita recepção ao jogadores que durante o jogo mais do que fizeram por a merecer. O jogo foi equilibrado, em especial na primeira parte que acabou zero a zero, mas no segundo tempo os portugueses encheram-se da enorme garra que vêm mostrando e conseguiram dois ensaios, um deles concretizado, e a diferença de doze pontos. Seria uma excelente vantagem para a segunda mão, não fora um ensaio, não concretizado, dos uruguaios no último minuto. Os sete pontos são apertados, mas deixam esperança para a segunda mão em Montevideu, deixam esperança a uma selecção que merece a histórica oportunidade de ser a única selecção amadora a estar presente no Mundial.
O final trouxe uma pacífica invasão de campo e foi divertido ver os jogadores a darem autógrafos submersos por miúdos ou a ficarem junto ás bancadas a conversar com amigos ou família, tudo com enorme calma e familiaridade. Aqui respira-se desporto – competitivo, mas desporto – longe do espectáculo distante e inacessível de outras modalidades, cada vez mais indústrias com operários especializados pagos principescamente. Não tenho nada contra outros desportos, até segui para Alvalade para ver o Sporting contra o Estrela da Amadora, mas tudo aqui é diferente, e de uma diferença muito agradável.
Pedro Leal (2), David Mateus, Miguel Portela, Diogo Gama (5), Pedro Carvalho, Cardoso Pinto (Gonçalo Malheiro), Luís Pissarra (José Pinto), Vasco Uva, João Uva (Paulo Murinello), Juan Severin (Diogo Coutinho, 5), Gonçalo Uva, Marcello D’Orey (David Penalva), Joaquim Ferreira, João Correia e André da Silva.
Esta foi Selecção Nacional de Rugby que jogou no Sábado, treinada por Tomaz Morais, e que ganhou ao Uruguai. Estes, e outros que neste jogo não jogaram, formam um grupo que tornou uma selecção de terceira categoria numa equipa de nível tal que já ganhou o Torneio das Seis Nações B (o acesso ao outro é por convite), vários torneios e campeonatos de Sevens (rugby de sete) e que pode agora ser apurada para o Mundial. Todos são amadores, todos treinam com sacrifícios imensos para conseguirem conciliar empregos, famílias e o seu desporto, todos jogam com grande espírito de grupo, todos mostram um enorme amor à camisola. O desporto amador quando consegue ser competitivo é algo de magnífico e aqui o grande papel é do seleccionador Tomaz Morais que conseguiu transformar a nossa selecção numa selecção de campeões. Podemos até não conseguir o apuramento – o que seria injusto para o esforço da equipa – mas esta selecção, esta “Nossa Selecção”, está de parabéns pela atitude e, é preciso não o esquecer, pelo seu excelente rugby.
8.3.07
RTP
7.3.07
6.3.07
Abandono
Santa Comba e Estaline
A mostarda chega-me cada vez mais facilmente ao nariz neste país em que os idiotas conseguem tempo de antena e põem à prova os meus instintos democráticos, tanta é a vontade de os meter na choldra para não maçarem mais. Era bom, se bem que utópico, que a populaça fosse educada a perceber que Salazar foi um ditador, é um facto, mas que o comunismo defende uma outra forma de ditadura, a do proletariado. Um e outro estão no mesmo exacto patamar para quem defende, de facto, a liberdade e a democracia, são ambos representações de regimes ditatoriais. Enquanto se julgarem por patamares diferentes as ditaduras, de direita ou esquerda, e os seus apoiantes não teremos sossego. E não chega o dia…
2.3.07
As palavras de…
“Estava a África do Sul a viver a sua viragem histórica, eleições com brancos e negros, quando me encontrei com um jovem admirável. Ele era branco, beirão e vivia em Durban, num bairro operário e negro. Aquela zona era zulu, uma minoria negra com um partido que se opunha ao ANC de Nelson Mandela. No bairro, todas as manhãs apareciam corpos de xhosas e zulus, mortos a tiro e por vezes torturados. O meu jovem, que era missionário, ensinava a ler nos dormitórios das fábricas e treinava uma equipa de futebol com os miúdos do bairro.
Eu tenho o que julgo ser uma reacção alérgica benigna. O que leva outros a terem erupções cutâneas por comerem camarão, a mim, perante um tipo admirável, põem-se-me a brilhar os olhos. O rapaz viu. E entendeu que aquela homenagem se devia ao facto de eu o tresler. Onde eu via fraternidade, o que o motivava era outra coisa: "Olhe que eu estou aqui por razões de fé."
Sorri e continuei com o brilhozinho nos olhos. Os caminhos do amor aos homens são insondáveis. A generosidade escreve direito por linhas tortas. O que quiserem. O jovem beirão tinha abandonado a sua terra e os seus, corria riscos e praticava o bem. O motor da sua humanidade, segundo ele, alimentava-se com uma gasolina que eu desconhecia, a fé. Nas tintas. Para mim, o que era importante é que ele era dos meus. Desculpem-me, desculpem-me, a presunção da frase anterior. O que eu quero dizer é que gostaria de ser dos dele.
Vai para aí uma polémica sobre um túmulo de Jesus que poria em causa alguns dogmas do cristianismo. Ele não ressuscitou e teve um filho? Eis, mais uma vez, o que me deixa indiferente. O meu brilhozinho nos olhos por essa pessoa generosa e fraterna que foi Jesus Cristo – virado para todos os homens e não só para os eleitos, respeitador dos mais fracos, igualizador dos géneros, político moderníssimo ("Dar a César...") – continua cintilante. Seja, ele não foi Deus. Não me importa, tenho uma versão para ele ainda maior.”
1.3.07
A propósito de criadas
No Corta-Fitas decorre um importante polémica sobre criadas, assunto deveras inquietante e que, pelos vistos, gera revoltas graves em algumas pessoas. Como se dá a coincidência do meu livro de cabeceira ser a “Autobiografia” de Agatha Christie deixo aqui dois excertos a propósito:
“Duvido que hoje exista ainda uma verdadeira empregada doméstica. Existirão possivelmente algumas, entre as idades dos 70 e 80 anos, mas, fora disso, o que existe são diaristas, empregadas que parecem fazer-nos favores, ajudantes domésticas, governantas e encantadoras jovens que pretendem conciliar o ganho de algum dinheiro extra com um horário que lhes convenha e convenha também ás necessidades dos seus próprios filhos. São amadoras gentis; frequentemente tornam-se nossas amigas, mas é raro que inspirem o respeito com que olhávamos os nossos empregados domésticos de antigamente”
“Uma criança que passou algum tempo na nossa casa foi um dia surpreendida pela minha mãe a dizer a uma das suas empregadas: – Você não passa de uma empregada! – e foi de imediato severamente repreendida.
– Espero nunca a ouvir falar desse modo com uma empregada. Os empregados devem ser tratados com a maior cortesia. Fazem um trabalho especializado que não saberia fazer senão depois de longo treino. E lembre-se também que não podem responder do mesmo modo.”