22.3.07

Admirável Governo Novo – Cultura

A cultura é a área que gostaria de destacar como uma das mais importantes e conseguidas neste governo. A ministra da tutela tem passeado a sua enorme craveira intelectual e faro político conseguindo um mandato até agora digno dos maiores aplausos. A “grande obra” que foi conseguir alugar, por um preço um pouco elevado – é um facto –, a colecção de arte contemporânea do grande mecenas Berardo, destinando-a ao CCB, tornou-se o farol da sua actuação, numa medida que ainda por cima esgota a subaproveitada capacidade do CCB, facilitando assim a sua gestão com uma colecção permanente. A decisão foi corajosa, especialmente num ministério onde não abunda dinheiro – apesar do pagamento das jóias roubadas na Holanda – e onde os museus (de Arte Antiga e do Azulejo) têm alas fechadas por falta de dinheiro para pessoal. Finalmente temos um Ministro da Cultura que dá o adequado relevo à modernidade, mesmo que para isso tenha de ir contra “Vacas Sagradas” e “Velhos do Restelo” que insistem, disparatadamente, na importância do património histórico.
No capítulo das artes a ministra teve ainda duas intervenções vitais para o país: despedir Paulo Pinamonti, o director do Teatro S. Carlos que insistia em o tornar europeu esquecendo “a prata da casa” que tão bons resultados havia apresentado nos anos anteriores, optando assim por um teatro de ópera mais nosso e menos pretensioso; a gestão do caso Rivoli, um exemplo de compreensão perante os protestos de uma grande companhia de teatro que se viu sem os apoios, a que indiscutivelmente tem direito, para fazer teatro de vanguarda. A importância para o país da sobrevivência do teatro independente é enorme, e as críticas por falta de público uma óbvia barbárie intelectual própria de países subdesenvolvidos.

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