10.5.07

Bravo

Helena Roseta apresentou-se como candidata independente à Câmara de Lisboa. Por aqui já se escreveu sobre a indiferença perante os partidos no que ás autarquias diz respeito, não é preciso memória muito apurada para recordar as calamidades que o “bem intencionado” Abecassis fez em Lisboa, para perceber bem a importância (pouca) da filiação partidária num bom trabalho autárquico. Muito mais importante do que ser de esquerda ou direita é ter um projecto e uma ideia para a cidade. Acredito que Helena Roseta terá essa ideia de cidade para Lisboa e basta que encontre uma equipa adequada para protagonizar um projecto sólido para a capital. Não sei se vai ser a melhor candidatura a ir a votos, mas coloca desde já um patamar de exigência que obrigará os partidos, e outras eventuais candidaturas independentes, a escolher personalidades credíveis.
O espectáculo degradante que os partidos ofereceram em Lisboa – lembremos a saída de Nogueira Pinto, o abandono de Carrilho, a novela da queda do executivo – merecem uma penalização, por isso mereciam que candidaturas independentes ganhassem força e os derrotassem nas urnas. Lisboa não deve ser o palco de irresponsabilidades por parte de partidos em constantes duelos tácticos que nada têm a ver com a cidade. O estado da Câmara é de tal modo calamitoso que será muito mais fácil a candidaturas independentes criar entendimentos que permitam uma governação em estado de emergência para os próximos dois anos.
Adivinho já os comentadores mais cegos a insistirem em ver a política autárquica como um reduto de ideologias (ler interesses) partidárias(os) procurando em Roseta defeitos terríveis que deitem abaixo, quanto possível, a sua candidatura. Assim é sempre, pois os partidos são sempre maus, mas quando surgem movimentos apartidários, ou próximo disso (não esquecer que até ontem Roseta era filiada no PS), há sempre qualquer coisa “terrível” que leva a uma cruzada pela sua destruição. Por isso a nossa democracia assim vai andando, de desastre em desastre, com o mesmo sistema partidário de há 30 anos, com uma média de 35% de abstenção, e com a alegre conivência da nossa “inteligentzia”.

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