30.6.04
Inveja
Tentei, a seu tempo, comprar bilhetes para três jogos do Euro, um dos quais era a Meia-final onde iria o vencedor do nosso grupo, numa clara ilusão de esperança de ver Portugal jogar ou, o mais certo, ver um bom jogo de futebol. Só consegui bilhetes para um jogo, por isso hoje lá rumarei ao meu bem conhecido Alvalade XXI, onde espero que as semelhanças com os jogos do Sporting se fiquem pelo jogo de abertura com o Manchester (lembra-te e repete Cristiano Ronaldo) e não pelo resto de miserável época.
Não, não está à venda, apesar de a partir de 500 contos ser possível sentar-me a uma esplanada a ver o Tejo numa dura negociação que me privaria de um grande jogo mas permitiria uns bons dias de férias e um écran de plasma. Mas não, o dinheiro não compra tudo e apetece-me mesmo ir ver o jogo. A quem não tem bilhete, temos pena! (desculpem a crueldade, deve ser do calor)
Não, não está à venda, apesar de a partir de 500 contos ser possível sentar-me a uma esplanada a ver o Tejo numa dura negociação que me privaria de um grande jogo mas permitiria uns bons dias de férias e um écran de plasma. Mas não, o dinheiro não compra tudo e apetece-me mesmo ir ver o jogo. A quem não tem bilhete, temos pena! (desculpem a crueldade, deve ser do calor)
29.6.04
Melhor que o silêncio
Relembro as palavras de Caetano ao ouvir o último disco de João Gilberto: "Melhor que o silêncio só João".
O disco "João Gilberto in Tokyo" é mais do mesmo, e ainda bem. João é genial porque a sua voz é única e as suas interpretações sempre diferentes, este "in Tokyo" repete várias músicas do "in Montreaux" mas a igualdade fica por aí. João é um génio na música e vive a vida como génio, daí os seus caprichos como a lendária entrada em palco em Portugal onde deu dois acordes e saiu do palco por o som não estar do seu agrado. Claro que tudo tem graça quando não nos toca, por isso a minha pequena raiva de ter tido - durante seis longos meses - bilhetes para um concerto seu no Coliseu, duas vezes adiado e por fim cancelado. As datas eram próximas deste concerto em Tóquio. Grr!!!
O disco "João Gilberto in Tokyo" é mais do mesmo, e ainda bem. João é genial porque a sua voz é única e as suas interpretações sempre diferentes, este "in Tokyo" repete várias músicas do "in Montreaux" mas a igualdade fica por aí. João é um génio na música e vive a vida como génio, daí os seus caprichos como a lendária entrada em palco em Portugal onde deu dois acordes e saiu do palco por o som não estar do seu agrado. Claro que tudo tem graça quando não nos toca, por isso a minha pequena raiva de ter tido - durante seis longos meses - bilhetes para um concerto seu no Coliseu, duas vezes adiado e por fim cancelado. As datas eram próximas deste concerto em Tóquio. Grr!!!
28.6.04
Duas costelas
Este blogue – ou seja eu – junta no nome duas costelas aparentemente antagónicas: a conservadora e a anárquica. A actual situação do país provocou uma divisão interna neste blogue que tenta desesperadamente ter uma posição.
A costela conservadora leva-me neste momento a achar que Durão devia ter ficado em nome da estabilidade, a duvidar da legitimidade de outro Primeiro-ministro tomar posse sem eleições, a assustar-me com Santana pela sua enorme inconsequência e a achar tudo isto uma maçada que só vem perturbar o meu quotidiano e o Euro 2004. Tremo ao pensar em túneis que esburaquem o país inteiro levando a irresponsabilidade até ao mais recôndito interior. Acho incrível que a Kapital venha a ser declarada local de interesse cultural (até porque os seus tempos já eram) e poder utilizar o navio escola Sagres para os seus cruzeiros a Ibiza. Ver o Gerês transformado em Parque Temático para atrair espanhóis ou a Serra da Estrela com um projecto de Montanhas Tropicais parece-me demais. Tenho medo, muito medo, que Santana escreva a Camões convidando-o para Ministro da Justiça ou a Eça de Queiroz para a pasta das Ciências.
A costela mais anárquica acha que Durão era um chato que faz bem em ir para terra do ditos (Bruxelas) e que eleições antecipadas seriam um bom prolongamento da festa do Euro. Acha também que a substituição por Santana tornaria Portugal num país infinitamente mais divertido e decorativo (venham a nós as "Santanettes"). Tenho já um gozo delicioso ao ver os intelectuais a revolverem-se qual epilépticos com a mera hipótese de Santana ser primeiro-ministro, comparando-o a Bush ou Hittler como um louco perigoso que tornaria Portugal numa República de Bananas desgovernada. Sonho já com um Portugal sempre em festa, nem que seja a organizar concursos de "Miss Sul da Europa", "Galas de Cantoras Louras" e "Festivais de Teatro Feminino do Novo Leste Europeu". Regozijo-me com a incorrecção política que Santana traria a este país onde quase todos os políticos são medíocres, chatos, desinteressantes e incompetentes. (a Santana ninguém poderá chamar chato ou desinteressante)
Este blogue está rasgado ao pelo meio de duas costelas e apetecia-lhe, já agora, comer uma costoletinhas de borrego panadas que são bem mais unânimes e pacíficas.
A costela conservadora leva-me neste momento a achar que Durão devia ter ficado em nome da estabilidade, a duvidar da legitimidade de outro Primeiro-ministro tomar posse sem eleições, a assustar-me com Santana pela sua enorme inconsequência e a achar tudo isto uma maçada que só vem perturbar o meu quotidiano e o Euro 2004. Tremo ao pensar em túneis que esburaquem o país inteiro levando a irresponsabilidade até ao mais recôndito interior. Acho incrível que a Kapital venha a ser declarada local de interesse cultural (até porque os seus tempos já eram) e poder utilizar o navio escola Sagres para os seus cruzeiros a Ibiza. Ver o Gerês transformado em Parque Temático para atrair espanhóis ou a Serra da Estrela com um projecto de Montanhas Tropicais parece-me demais. Tenho medo, muito medo, que Santana escreva a Camões convidando-o para Ministro da Justiça ou a Eça de Queiroz para a pasta das Ciências.
A costela mais anárquica acha que Durão era um chato que faz bem em ir para terra do ditos (Bruxelas) e que eleições antecipadas seriam um bom prolongamento da festa do Euro. Acha também que a substituição por Santana tornaria Portugal num país infinitamente mais divertido e decorativo (venham a nós as "Santanettes"). Tenho já um gozo delicioso ao ver os intelectuais a revolverem-se qual epilépticos com a mera hipótese de Santana ser primeiro-ministro, comparando-o a Bush ou Hittler como um louco perigoso que tornaria Portugal numa República de Bananas desgovernada. Sonho já com um Portugal sempre em festa, nem que seja a organizar concursos de "Miss Sul da Europa", "Galas de Cantoras Louras" e "Festivais de Teatro Feminino do Novo Leste Europeu". Regozijo-me com a incorrecção política que Santana traria a este país onde quase todos os políticos são medíocres, chatos, desinteressantes e incompetentes. (a Santana ninguém poderá chamar chato ou desinteressante)
Este blogue está rasgado ao pelo meio de duas costelas e apetecia-lhe, já agora, comer uma costoletinhas de borrego panadas que são bem mais unânimes e pacíficas.
25.6.04
Remodelling Durão
Como diz Vítor Cunha no Independente de hoje, Durão está prestes a tornar-se genial e não se ficará por uma simples remodelação, remodelar-se-á a si próprio. Nem o Bloco se atreveria a tanto.
The Game
Sem entrar em análises futebolísticas, para as quais não estou preparado, apenas algumas notas.
Bravo Scolari, por ter os tom.... de substituir daquela maneira, de trocar o trinco e o lateral direito por avançados, de tirar o exausto Figo, de mandar tudo para a frente. Quantos treinadores portugueses ousariam isto?
Bravo Postiga, pelo golo e pelo inadjectivável penalty, a bola a saltitar para o meio da baliza é digna do próprio Marques de Sade.
Bravo Rui Costa pelo golo, o fabuloso remate quase me fez bater com a cabeça no tecto com o salto que me obrigou a dar.
Bravo Ricardo, pela defesa sem luvas e pelo golo de raiva e convicção que mandou os ingleses para casa. Alguém ainda se lembra de Baía?
Bravo a todos pelo fantástico jogo que fizeram. Bravo e obrigado.
Bravo Scolari, por ter os tom.... de substituir daquela maneira, de trocar o trinco e o lateral direito por avançados, de tirar o exausto Figo, de mandar tudo para a frente. Quantos treinadores portugueses ousariam isto?
Bravo Postiga, pelo golo e pelo inadjectivável penalty, a bola a saltitar para o meio da baliza é digna do próprio Marques de Sade.
Bravo Rui Costa pelo golo, o fabuloso remate quase me fez bater com a cabeça no tecto com o salto que me obrigou a dar.
Bravo Ricardo, pela defesa sem luvas e pelo golo de raiva e convicção que mandou os ingleses para casa. Alguém ainda se lembra de Baía?
Bravo a todos pelo fantástico jogo que fizeram. Bravo e obrigado.
Heart Attack
A melhor maneira de falar do jogo de ontem será compará-lo a um electrocardiograma de esforço. Foram mais de duas horas em que o coração teimava em querer sair pela boca e era empurrado para dentro por cervejas e cigarros em barda. Nem as tostinhas com Palhais e os cajus impediam o estômago de se tentar enlear em nós cegos. Scolari e os seus jogadores têm de ser sádicos, dois jogos destes seguidos e deixaram todo um país em estado de transe com sintomas próximos de anginas de peito.
Claro que tanto sofrimento teria de ter uma consequente explosão de alegria que levou todos para a rua entupindo as cidades com buzinas, bandeiras e gritos. Mas não foi só em Portugal, comovente mesmo foi ver hoje imagens de alegria em Timor ou Moçambique, lembrando-nos que ainda há quem goste de nós, e vibre por nós, e festeje connosco.
Lisboa ontem parecia dominada por uma loucura colectiva, à qual obviamente aderi. Confesso que sou muito português e que, como tal, gosto muito de festa, de comemorar, de sair, de me divertir. Vale a pena ver uma cidade em festa e ainda mais por bons motivos. Se é necessário o futebol para alegrar um povo e para que haja algum patriotismo, então aproveite-se o futebol. Ao menos que haja algo que nos desperte da modorra que são estes dias de Europa cinzenta e de mentalidades politicamente correctas.
Claro que tanto sofrimento teria de ter uma consequente explosão de alegria que levou todos para a rua entupindo as cidades com buzinas, bandeiras e gritos. Mas não foi só em Portugal, comovente mesmo foi ver hoje imagens de alegria em Timor ou Moçambique, lembrando-nos que ainda há quem goste de nós, e vibre por nós, e festeje connosco.
Lisboa ontem parecia dominada por uma loucura colectiva, à qual obviamente aderi. Confesso que sou muito português e que, como tal, gosto muito de festa, de comemorar, de sair, de me divertir. Vale a pena ver uma cidade em festa e ainda mais por bons motivos. Se é necessário o futebol para alegrar um povo e para que haja algum patriotismo, então aproveite-se o futebol. Ao menos que haja algo que nos desperte da modorra que são estes dias de Europa cinzenta e de mentalidades politicamente correctas.
Day-after
Só a estas horas foi possível escrever algo, depois de uma Água da Pedras ao acordar – que isto de fazer noites a cerveja sempre se revelou fatal no dia seguinte –, de um almoço leve seguido de café e do abastecimento apropriado de jornais (Independente, Sábado, Diário de Notícias e, claro, o Record). Sim, as vantagens de não ter patrão permitem estes pequenos luxos de antecipar fins-de-semana com um leve trabalho feito em casa.
23.6.04
Há uns meses
Ontem saiu uma notícia sobre a possibilidade de Durão Barroso seguir para a presidência da Comissão Europeia.
Há uns meses atrás não se imaginaria que Portugal poderia passar a ser governado por um José Luís Arnaud saído em ombros após o sucesso do Euro ou pelo sempre truculento Morais Sarmento, e Santana Lopes, que anda em pré-campanha Presidencial, nunca pensaria ser primeiro-ministro de Portugal. Qualquer uma destas possibilidades seria aparentemente viável pelo actual posicionamento destes senhores no Governo e no partido, tudo depende da decisão de Durão e dos parceiros europeus.
Há uns meses todos sorriam perante a hipótese de ter Ferro Rodrigues como credível líder da oposição com possibilidades de ganhar eleições, hoje, apesar da anunciada concorrência, tudo se encaminha para a realidade.
Há uns meses estaríamos esquecidos de Freitas do Amaral, hoje é lançado pelo candidato à liderança do PS, João Soares, como candidato presidencial. A mera sugestão de um embate entre Freitas e Cavaco, aliado ás especulações acima expressas, aumenta em mim a hipótese de emigrar, e Espanha aqui tão perto.
Não sei se é do Euro ou se o nosso país foi invadido por alguém com um sentido de humor demasiado Monthy-Pythoniano, é que na televisão é uma coisa, já na realidade...
Há uns meses atrás não se imaginaria que Portugal poderia passar a ser governado por um José Luís Arnaud saído em ombros após o sucesso do Euro ou pelo sempre truculento Morais Sarmento, e Santana Lopes, que anda em pré-campanha Presidencial, nunca pensaria ser primeiro-ministro de Portugal. Qualquer uma destas possibilidades seria aparentemente viável pelo actual posicionamento destes senhores no Governo e no partido, tudo depende da decisão de Durão e dos parceiros europeus.
Há uns meses todos sorriam perante a hipótese de ter Ferro Rodrigues como credível líder da oposição com possibilidades de ganhar eleições, hoje, apesar da anunciada concorrência, tudo se encaminha para a realidade.
Há uns meses estaríamos esquecidos de Freitas do Amaral, hoje é lançado pelo candidato à liderança do PS, João Soares, como candidato presidencial. A mera sugestão de um embate entre Freitas e Cavaco, aliado ás especulações acima expressas, aumenta em mim a hipótese de emigrar, e Espanha aqui tão perto.
Não sei se é do Euro ou se o nosso país foi invadido por alguém com um sentido de humor demasiado Monthy-Pythoniano, é que na televisão é uma coisa, já na realidade...
21.6.04
Aljubarrota XXI
Não sei porque foi preciso que a pressão tomasse conta da nossa selecção para que finalmente jogassem; não sei porque foi preciso um jogo miserável para Scolari acordar (mas acordou, Uff!); não sei porque até com a Rússia pouco jogamos; não sei porque em Portugal se teima em ter medo da juventude (ver o exemplo de Ricardo Carvalho e Cristiano Ronaldo); não sei porque só conseguimos jogar a sério e quando é imperativo ganhar; não sei se os jogadores se transcenderam por um dia ou se o bom futebol veio para ficar; não sei se foi uma reacção à fúria espanhola e um reviver da Aljubarrota de boa memória; não sei porque há gente que teima em ter medo da palavra patriotismo; não sei porque há meses todos se insurgiram contra o Ministro Portas por querer ensinar o hino e o significado da bandeira e hoje ser mais fácil encontrar bandeiras do que mosquitos e ouvir a Portuguesa do que um qualquer grupo pimba; não sei muito de futebol mas sei o que vi ontem, e gostei.
O que sei é que aquilo que há muito se esperava que já tivesse acontecido surgiu ontem em Aljubarrota (perdão Alvalade); o que sei é que foram várias cervejas e muitos cigarros numa adrenalina permanente ao longo dos 90 minutos; o que sei é que foi uma irracional explosão de alegria individual e colectiva; o que sei é que o povo português perdeu a cabeça e saiu para a rua cantando o hino que muitos queriam que ninguém soubesse; o que sei é que o Marquês estava cheio e a Avenida da Liberdade se descia agradavelmente com os carros parados a buzinar; o que sei é que vi japoneses atónitos perante esta festa; o que sei é que no Rossio se tomava banho como se de uma piscina se tratasse; o que sei é que dizem que não somos patriotas (ui! serei já acusado de Nacionalismo) mas bastava ir ontem à rua para ver o contrário; o que sei é que se fosse uma selecção da Europa ninguém sairia sequer à janela; o que sei é que o Figo ainda é grande; o que sei é que me deu um enorme prazer ganhar e passear alegremente por Lisboa; o que sei é que na quinta-feira vou estar ansioso a desejar que joguemos como ontem e depois, depois logo se verá.
O que sei é que aquilo que há muito se esperava que já tivesse acontecido surgiu ontem em Aljubarrota (perdão Alvalade); o que sei é que foram várias cervejas e muitos cigarros numa adrenalina permanente ao longo dos 90 minutos; o que sei é que foi uma irracional explosão de alegria individual e colectiva; o que sei é que o povo português perdeu a cabeça e saiu para a rua cantando o hino que muitos queriam que ninguém soubesse; o que sei é que o Marquês estava cheio e a Avenida da Liberdade se descia agradavelmente com os carros parados a buzinar; o que sei é que vi japoneses atónitos perante esta festa; o que sei é que no Rossio se tomava banho como se de uma piscina se tratasse; o que sei é que dizem que não somos patriotas (ui! serei já acusado de Nacionalismo) mas bastava ir ontem à rua para ver o contrário; o que sei é que se fosse uma selecção da Europa ninguém sairia sequer à janela; o que sei é que o Figo ainda é grande; o que sei é que me deu um enorme prazer ganhar e passear alegremente por Lisboa; o que sei é que na quinta-feira vou estar ansioso a desejar que joguemos como ontem e depois, depois logo se verá.
17.6.04
Lá ganhámos
O senhor Scolari pensou um pouco e escolheu para ontem a equipa que já deveria ter jogado contra a Grécia (pronto, também devia ter jogado o Ronaldo mas, não podemos querer tudo ao mesmo tempo). Ganhámos facilmente com dois golos excelentes, apesar de não jogarmos muito. Agora teremos de ganhar à Espanha num jogo que se prevê escaldante, para o qual recomendo uns Inderal antes do início.
Curioso mesmo foi a saída desmesurada do povo para as ruas, fazendo com que um "alien" que ontem aterrasse em Lisboa nos julgasse campeões da Europa. A verdade é que o país não tem tido muito para comemorar, mas entupir o Rossio após uma singela e normal vitória parece-me um pouco excessivo. Mas é disto que o meu povo gosta e, depois do Santo António e antes do São João, há que arranjar pretextos para mais umas bebedeiras (como se para actividade tão nobre fossem precisos motivos).
No Domingo relembremos Aljubarrota e marchemos com boa táctica, a do quadrado talvez já tenha passado de moda, e com a vontade de derrotar os espanhóis que nos devia correr no sangue há muitos e muitos anos. Pelo vermelho da nossa bandeira.
(E depois desta tirada nacionalista me vou, antes que a brigada da esquerda politicamente correcta me apanhe e me apedreje com acusações de fascista).
Curioso mesmo foi a saída desmesurada do povo para as ruas, fazendo com que um "alien" que ontem aterrasse em Lisboa nos julgasse campeões da Europa. A verdade é que o país não tem tido muito para comemorar, mas entupir o Rossio após uma singela e normal vitória parece-me um pouco excessivo. Mas é disto que o meu povo gosta e, depois do Santo António e antes do São João, há que arranjar pretextos para mais umas bebedeiras (como se para actividade tão nobre fossem precisos motivos).
No Domingo relembremos Aljubarrota e marchemos com boa táctica, a do quadrado talvez já tenha passado de moda, e com a vontade de derrotar os espanhóis que nos devia correr no sangue há muitos e muitos anos. Pelo vermelho da nossa bandeira.
(E depois desta tirada nacionalista me vou, antes que a brigada da esquerda politicamente correcta me apanhe e me apedreje com acusações de fascista).
14.6.04
1,2,3
Apetece meter a "nossa selecção" numa "1,2,3" e reduzir tudo a um belo bife tártaro. Talvez assim algumas estrelas acordassem e Scolari se lembrasse de juntar alguma pimenta a este bife servido duro e requentado.
Porque não votei
A culpa da minha convicta abstenção deve-se por inteiro ao sol de Sagres. Aqui, nesta ponta de Portugal, o Algarve parece Alentejo, felizmente. As praias são fabulosas e a vila pequena e familiar. Ontem que bem se estava na praia, estendido na areia por entre conversas atiradas ao vento e pilhas de revistas e jornais. O mar estava límpido e fresco como sempre deveria estar. Com este cenário quem se lembraria de votar, ou mesmo que estávamos em dia de eleições. A culpa da minha abstenção é toda do sol de Sagres, e de Sagres, e destes pedaços de Portugal que a voragem do betão ainda não consumiu e de, na realidade, me estar marimbando para as eleições.
Claro que a minha abstenção se poderia dever ao facto das eleições serem europeias. Durante a campanha pouco se falou de Europa, agora, como sempre, os políticos ignoram olimpicamente qualquer explicação ao povo sobre o que se passa na Europa, e sobre o que lá se decide quanto ao nosso futuro. Há anos que estamos na Europa e duvido que um qualquer inquérito consiga mais de 3 ou 4% de respostas correctas sobre qual o nosso papel na Europa, quais as competências do Parlamento Europeu, o que foram os Tratados de Maastricht e de Nice e o que poderá vir a ser a constituição europeia. A posição dos partidos do "centrão" é igual e talvez resida aí a pouca democraticidade que sempre rodeou a nossa integração na Europa. Para quê explicar ao povo, é que se souberem o que é poderão ser contra, assim é mais fácil enganá-los. Por muitas correcções de posição que os partidos tenham feito eu permaneço um pouco Euro-céptico. Não sou, hoje, contra estarmos na Europa, mas continuo com muitas dúvidas que nenhum partido se esforçou por esclarecer. Com tudo isto ninguém fez por merecer o meu voto, mas claro que isto não interessa nada, a culpa foi do sol de Sagres onde me apetecia estar agora.
Claro que a minha abstenção se poderia dever ao facto das eleições serem europeias. Durante a campanha pouco se falou de Europa, agora, como sempre, os políticos ignoram olimpicamente qualquer explicação ao povo sobre o que se passa na Europa, e sobre o que lá se decide quanto ao nosso futuro. Há anos que estamos na Europa e duvido que um qualquer inquérito consiga mais de 3 ou 4% de respostas correctas sobre qual o nosso papel na Europa, quais as competências do Parlamento Europeu, o que foram os Tratados de Maastricht e de Nice e o que poderá vir a ser a constituição europeia. A posição dos partidos do "centrão" é igual e talvez resida aí a pouca democraticidade que sempre rodeou a nossa integração na Europa. Para quê explicar ao povo, é que se souberem o que é poderão ser contra, assim é mais fácil enganá-los. Por muitas correcções de posição que os partidos tenham feito eu permaneço um pouco Euro-céptico. Não sou, hoje, contra estarmos na Europa, mas continuo com muitas dúvidas que nenhum partido se esforçou por esclarecer. Com tudo isto ninguém fez por merecer o meu voto, mas claro que isto não interessa nada, a culpa foi do sol de Sagres onde me apetecia estar agora.
10.6.04
Fim-de-Semana
Estou oficialmente de fim-de-semana, a única ponte do ano será aproveitada para uns dias de amnésia de trabalho. Praia (sem filas na ponte), jornais (muitos já comprados), passagens por livros (dois ou três para não pesarem na mala), cervejas de fim de tarde (com umas amêijoas ou percebes), alguns copos de noite (de preferência ao ar livre), e Sábado a estreia da selecção no Euro (vista em na praia em ecrã a condizer). Não me parece um mau programa para passar o tempo. O blog também estará parado, derretido pelo calor que está lá fora. No Domingo temos eleições ás quais ainda não decidi comparecer, a dúvida sobre se vale a pena ir e em quem votar assola-me até à indecisão. Logo se verá. Até segunda-feira e bom fim-de-semana.
Lusíadas
Não mais musa, não mais, que a Lira tenho
destemperada e a voz enrouquecida,
e não do canto, mas de ver que venho
cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
não no dá a Pátria, não que está metida
no gosto da cobiça e na rudeza
duma austera, apagada e vil tristeza.
E não sei por que influxo de destino
não tem um ledo orgulho e geral gosto,
que os ânimos levanta de contino
a ter para vós, o Rei, que por posto,
olhai que sois (e vede as outras gentes)
Senhor só de vassalos excelentes…
Fazei, Senhor, que nunca, os admirados
alemães, galos, ítalos e ingleses,
possam dizer que são para mandados,
mais que para mandar, os Portugueses.
Mas eu que falo, humilde, baixo e rudo,
de vós não conhecido nem sonhado?
Da boca dos pequenos sei, contudo,
que o louvor sai às vezes acabado.
Luís Vaz de Camões, “Os Lusíadas”, Canto X
destemperada e a voz enrouquecida,
e não do canto, mas de ver que venho
cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
não no dá a Pátria, não que está metida
no gosto da cobiça e na rudeza
duma austera, apagada e vil tristeza.
E não sei por que influxo de destino
não tem um ledo orgulho e geral gosto,
que os ânimos levanta de contino
a ter para vós, o Rei, que por posto,
olhai que sois (e vede as outras gentes)
Senhor só de vassalos excelentes…
Fazei, Senhor, que nunca, os admirados
alemães, galos, ítalos e ingleses,
possam dizer que são para mandados,
mais que para mandar, os Portugueses.
Mas eu que falo, humilde, baixo e rudo,
de vós não conhecido nem sonhado?
Da boca dos pequenos sei, contudo,
que o louvor sai às vezes acabado.
Luís Vaz de Camões, “Os Lusíadas”, Canto X
9.6.04
Norah Jones
Por um acaso do destino vieram ontem parar-me ás mãos dois bilhetes para o concerto de Norah Jones. A primeira tentativa foi vendê-los, mas os sucessivos mails enviados não deram efeito. Optei então por aproveitar para ir ao concerto na companhia de uma amiga que sabia gostar da sua música.
A primeira tentação seria dizer que me senti fechado num elevador durante quase duas horas. Ou na sala de espera de um qualquer consultório, ou no lobby de um hotel. Não seria totalmente injusto, mas um pouco cruel. O concerto foi de facto um longo bocejo, a música de Jones fica sempre num indefinível limbo entre um pseudo-jazz, o easy-listening e uns pozinhos de country. A banda, que até não era má, estava espartilhada e dava a constante sensação de que queria, e ia, explodir. Ficava no entanto numa interpretação tão exageradamente cool e tão suave que perdia qualquer interesse.
A menina Jones destacou-se pela sua simpatia e simplicidade, dizendo constantes graças bem dispostas para a audiência, no que foi o seu ponto mais alto. Este e quando abandonou o seu piano delicodoce e, em pé, cantou algumas música mais country onde o timbre da sua voz se encontra mais livre e com mais força interpretativa.
Passaram duas horas e saí como entrei, com a interrogação de como é que uma música tão sonífera consegue atrair tanta gente e vender tantos discos.
A primeira tentação seria dizer que me senti fechado num elevador durante quase duas horas. Ou na sala de espera de um qualquer consultório, ou no lobby de um hotel. Não seria totalmente injusto, mas um pouco cruel. O concerto foi de facto um longo bocejo, a música de Jones fica sempre num indefinível limbo entre um pseudo-jazz, o easy-listening e uns pozinhos de country. A banda, que até não era má, estava espartilhada e dava a constante sensação de que queria, e ia, explodir. Ficava no entanto numa interpretação tão exageradamente cool e tão suave que perdia qualquer interesse.
A menina Jones destacou-se pela sua simpatia e simplicidade, dizendo constantes graças bem dispostas para a audiência, no que foi o seu ponto mais alto. Este e quando abandonou o seu piano delicodoce e, em pé, cantou algumas música mais country onde o timbre da sua voz se encontra mais livre e com mais força interpretativa.
Passaram duas horas e saí como entrei, com a interrogação de como é que uma música tão sonífera consegue atrair tanta gente e vender tantos discos.
3.6.04
Dentistas
Sonho um dia ter dinheiro para que, após anestesia geral, me tirem todos os dentes e os substituam por algo bem morto e que não dê dores. Poucas coisas me deprimem tanto como a aproximação a uma consulta de dentista. Uma vez lá dentro o meu pensamento é sair, destruir toda a maquinaria e com a broca, ainda a funcionar, furar toda a testa de um médico atónito. Ao longo da vida já tive vários suplícios, agravados por uma sucessão de más escolhas de médicos. Agora penso ter descoberto um ideal, uma amiga que me trata bem e, após alongada descrição dos meus traumas, faz o impossível para que eu não me queixe. Tudo seria bom se os dentes não tivessem caprichos, como o imbecil que hoje ao ser extraído se recusava a sair, partindo-se em várias partes até sobrar uma teimosa raiz. Esta insistia em não sair e a minha boca, aberta durante uma hora e meia, começava a ter cãibras. No final, por entre recomendações, implorei por analgésicos à medida que a anestesia se ia embora. Prevejo um fim-de-semana infernal, por entre overdoses de Clonix, abstinência do álcool (via antibiótico) e tentativas para ler os jornais.
2.6.04
Liberdade de Expressão
Outro blogue que abandona. Os blogues pioneiros começam a abandonar a blogosfera, é pena para quem ainda anda por aqui.
Outro blogue que abandona. Os blogues pioneiros começam a abandonar a blogosfera, é pena para quem ainda anda por aqui.
1.6.04
Dicionário do Diabo
O Dicionário do Diabo acabou e com ele acaba um dos blogues da minha preferência. Sentirei a falta do Pedro Mexia mas continuarei a ler as suas contribuições para o Fora do Mundo e para a Grande Reportagem. Até sempre.
Marginal
Vir de Cascais para Lisboa ao fim de um bonito dia é um longo momento de prazer. A Marginal continua belíssima, apesar das continuadas tentativas para adulterar a sua paisagem, e apetece que o caminho se prolongue. Demorei o dobro do tempo que em teoria demoraria pela auto-estrada, mas cheguei de alma lavada, com os olhos a acompanhar o brilho do rio. O entardecer comove-me e este rio-mar que é o Tejo espelha apenas o que de bom queremos ver.
Campanha
Consta que está a decorrer uma campanha eleitoral para as eleições europeias. Estranho, ainda não tinha dado por isso. Aquilo com que me tenho deparado é uma ronda pelo país de pessoas dos partidos, uns louvando o governo e outros arrasando a coligação do poder. Não me parece que seja isso que vai a votos, por isso é que as eleições me passarão ao lado.
2
Branco, opaco.
Luz ténue, quebrada.
Fogo fátuo e efémero.
Indefinível claridade que passa o tempo.
Eternidade volátil.
Motor da vida.
Elemento.
Luz ténue, quebrada.
Fogo fátuo e efémero.
Indefinível claridade que passa o tempo.
Eternidade volátil.
Motor da vida.
Elemento.
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