A culpa da minha convicta abstenção deve-se por inteiro ao sol de Sagres. Aqui, nesta ponta de Portugal, o Algarve parece Alentejo, felizmente. As praias são fabulosas e a vila pequena e familiar. Ontem que bem se estava na praia, estendido na areia por entre conversas atiradas ao vento e pilhas de revistas e jornais. O mar estava límpido e fresco como sempre deveria estar. Com este cenário quem se lembraria de votar, ou mesmo que estávamos em dia de eleições. A culpa da minha abstenção é toda do sol de Sagres, e de Sagres, e destes pedaços de Portugal que a voragem do betão ainda não consumiu e de, na realidade, me estar marimbando para as eleições.
Claro que a minha abstenção se poderia dever ao facto das eleições serem europeias. Durante a campanha pouco se falou de Europa, agora, como sempre, os políticos ignoram olimpicamente qualquer explicação ao povo sobre o que se passa na Europa, e sobre o que lá se decide quanto ao nosso futuro. Há anos que estamos na Europa e duvido que um qualquer inquérito consiga mais de 3 ou 4% de respostas correctas sobre qual o nosso papel na Europa, quais as competências do Parlamento Europeu, o que foram os Tratados de Maastricht e de Nice e o que poderá vir a ser a constituição europeia. A posição dos partidos do "centrão" é igual e talvez resida aí a pouca democraticidade que sempre rodeou a nossa integração na Europa. Para quê explicar ao povo, é que se souberem o que é poderão ser contra, assim é mais fácil enganá-los. Por muitas correcções de posição que os partidos tenham feito eu permaneço um pouco Euro-céptico. Não sou, hoje, contra estarmos na Europa, mas continuo com muitas dúvidas que nenhum partido se esforçou por esclarecer. Com tudo isto ninguém fez por merecer o meu voto, mas claro que isto não interessa nada, a culpa foi do sol de Sagres onde me apetecia estar agora.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário