29.1.08

Coincidência

Pinto Ribeiro é o novo ministro da cultura.
Pires de Lima é a ex-ministra da cultura.
Pires de Lima assinou o contrato da colecção Berardo.
Pinto Ribeiro era administrador da Fundação Berardo.

Coincidências

O “Manifesto do Surrealismo” vai ser leiloado em Paris.
Mário Lino continua a ser o ministro das obras públicas.

Esquecimento. Por certo esquecimento.

O primeiro-ministro esqueceu-se de Mário Lino. Esta é a única explicação para que este senhor continue a ser ministro. Só pode ter sido esquecimento. Esquecimento da sua existência, esquecimento da sua irresponsável teimosia, esquecimento dos “jamais” e dos “desertos”, esquecimento da Ota sem dúvida. Enfim, esquecimentos. Agora só se pode esperar que, a tempo da tomada de posse dos outros novos ministros, surja também um novo ministro para as obras públicas. Alguém que lembre o senhor Pinto de Sousa, é que parece que o homem anda esquecido.

Saída pessoal

Por fim, Correia de Campos lá saiu. Por motivos pessoais, como é óbvio, nada que ver com o facto de ser odiado por cerca de oitenta por cento dos portugueses que vivem fora de Lisboa e Porto. A sua inexplicável – pelo menos ele nunca a conseguiu explicar devidamente – política de deixar o interior com o menor número de serviços de saúde possíveis deixou inquestionáveis marcas. Marcas pessoais, como é evidente.

Yes!

A magnífica Ministra da (in)cultura foi finalmente à vida. Não sei se isto quererá dizer que vamos passar a ter, de facto, um Ministro da Cultura em José António Pinto Ribeiro, mas pior que Pires de Lima parece-me, muito sinceramente, impossível. Pena é que fiquem as luminárias com que ela encheu o ministério, um bando de “yes men” que substituíram gente competente – é preciso não esquecer Pinnamonti, João Lagarto ou Dalila Rodrigues – sob a complacência de outros de coluna vertebral no mínimo flácida – assim de repente, o nome Bairrão Oleiro vem-me à cabeça. Que Pinto Ribeiro não empregue o estilo estalinista já será um excelente prenúncio para que as coisas da cultura melhorem, o problema é que permanece por lá o fantasma de Vieira de Carvalho, na sua Secretaria de Estado, eminente seguidor da velha escola de Estaline, tão do agrado da ex(que bem que isto soa)-ministra. Ainda assim, depois de Pires de Lima, pior é impossível.

Lembrete

Demissões por razões políticas, museus com alas fechadas por falta de pessoal, milhões gastos numa exposição medíocre (Hermitage), acordo ortográfico a passar ao lado do Ministério da Cultura, compra do Tiepolo em risco por ignorância da ministra, inexistência de política cultural, ruinoso aluguer da colecção Berardo. Apenas para citar alguns exemplos do brilhantismo de Pires de Lima. Em jeito de epitáfio.

Tragédia

Pires de Lima poderá voltar aos seus estudos queirozianos. Pobre Eça, já estará a rebentar o caixão perante esta sinistra possibilidade.

28.1.08

Ressuscitou! Aleluia.

O moribundo Sporting, que arrastava uma doença desconhecida – o Dr. House recusou consulta ao domicílio e Soares Franco achou, em nome da contenção, que seria muito caro ir até aos EUA – pelo campeonato, chegando ao limite em que duvidávamos se a equipa já tinha morrido, mas ninguém se lembrara de a avisar, ressuscitou ontem em Alvalade. Pode ser, e se calhar infelizmente é, uma fugaz ressurreição –como quando os choques do desfibrilhador conseguem animar um coração parado – no entanto dá alguma esperança à família de que até ao fim da temporada possa deixar de tomar vorazmente Prozac, passando antes para umas “minis” a comemorar vitórias. Asseguro que foi a primeira vez que esta época saí de Alvalade satisfeito com o resultado e também com o jogo. Não que tenha sido esmagador ou brilhante, mas por ter sido bom e com garra, e por mostrar que os jogadores queriam de facto ganhar, algo que cheguei a duvidar em vários jogos este ano. Que assim continue, até porque ainda temos três taças ao alcance e um lugar na Liga dos Campeões para assegurar. O campeonato, enfim, como eu já não acredito no Pai Natal…

25.1.08

Parece que ainda há justiça!

O processo da queixa-crime que José Pinto de Sousa, enquanto cidadão e primeiro-ministro, intentou contra António Balbino Caldeira, pelos seus posts no blog “Do Portugal Profundo”, foi arquivado. Parece que, a custo, ainda vai sendo possível alguma liberdade de expressão neste “Portugal Amordaçado”.

22.1.08

A lei de George I

Francisco George adoptou ontem uma postura digna de um Álvaro Cunhal na sua melhor forma. Questionado durante todo o programa sobre dúvidas concretas sobre a lei do tabaco, negou-se terminantemente a responder a qualquer uma delas, repetindo em cada intervenção o que tinha dito na anterior. O método não deixa de ser eficaz, mas é de esperar que quem o ouviu já esteja algo treinado quanto ao método da “cassete”. Sobre quais são os requisitos concretos para os regimes de excepção, remeteu para a lei que, segundo ele, é de uma enorme clareza. Cito, da Lei 37/2007 de 14 de Agosto, o artigo 5, alínea 5, que se refere aos requisitos necessários para as áreas de fumadores nas excepções contempladas pela lei:

a) Estejam devidamente sinalizadas, com afixação de dísticos em locais visíveis, nos termos do artigo 6º;
b) Sejam separadas fisicamente das restantes instalações, ou disponham de dispositivo de ventilação, ou qualquer outro, desde que autónomo, que evite que o fumo se espalhe às áreas contíguas;
c) Seja garantida a ventilação directa para o exterior através de sistema de extracção de ar que proteja dos efeitos do fumo os trabalhadores e os clientes não fumadores.

É extraordinário que se ponha uma lei em vigor sem que a mesma esteja adequadamente regulamentada, ou seja, neste caso, que se quantifique o que acima destaquei a bold. Seria o mesmo que o código da estrada dissesse que a velocidade máxima numa determinada estrada era a adequada ao tipo de estrada em questão, sem contudo a quantificar. Após insistência de José Sá Fernandes lá deixou cair, sem se comprometer, que há uma lei já aprovada – apenas para espaços com mais de 1000 m2 – que irá entrar em vigor para os restantes espaços apenas em Janeiro de 2009. Não disse que era essa a lei a seguir, até porque não o poderia fazer pois a mesma não se aplica, mas deixou a enigmática sugestão de que poderia ser essa a medida.
Ao dizer que a lei é clara, George está a fazer passar os portugueses por burros e a tentar impedir, com infame batota, que as excepções possam ser postas em prática. Este facto foi bem comprovado nas declarações do representante da ASAE, ao dizer que aguardava informações da DGS para saber quais os critérios e que, até lá, apenas se exigia um termo de responsabilidade do técnico instalador do sistema de ventilação.

A lei de George II

Os casinos portugueses não vão ser uma excepção à Lei do Tabaco, pelo simples motivo que a mesma não se lhes aplica. Foram as palavras de Mário Assis Ferreiras, sustentado em pareceres de Freitas do Amaral e Fausto Quadros. A lei foi tão mal feita – ou propositadamente grosseira, como disse Assis Ferreira – que os Casinos, que acompanharam o processo legislativo, ficaram de fora dos espaços referidos expressamente na lei.

A lei de George III

Afinal o espírito da lei do tabaco é proibir de fumar. Pena é que a constituição do país ainda o permita.

A lei de George IV

Ao insistir em que as zonas de fumadores tenham tanta extracção de ar que afinal não tenham fumo, Francisco George deixa em mim uma dúvida: para quê impedir que se fume? Ou seja, se as zonas onde se permite o fumo vão ser assim tão limpas e ausentes de fumo, não era necessário criá-las, bastava exigir que os ditos requisitos de extracção de fumo se aplicassem a todos os espaços fechados. Ou então, como é obviamente impossível evitar que haja fumo onde se fuma, é esta a comprovada trapaça da lei.
A única palavra de esperança veio da declaração final de George, ao dizer que a medida da aplicação da lei está na Assembleia da República e que será ela a torná-la mais restrita ou menos restrita dentro da, comprovadamente vaga, lei.

A lei de George V

Ficou claro que o objectivo (até ontem oculto) da lei é impedir o fumo no espaço público. Não é – como diz o texto da lei – a protecção dos não fumadores. Como muito bem disse Mário Assis Ferreira, as palavras do Sr. Constantino lembraram demasiado Orwell e, infelizmente, foram corroboradas por George. Como disse, e muito bem, Fátima Bonifácio na sua declaração final, é para aqui que caminhamos, para um mundo sem escolhas em que mais não seremos do que marionetas de um Estado omnipresente. Mais do que nunca é aconselhável ler “1984”, até porque qualquer dia será um livro proibido.

21.1.08

Falta de vergonha

De Barroso, “o Fugitivo”, diz-se que estuda apoios para voltar à política em Portugal. Do homem que negociou com Sampaio a entrega do país a Santana – no mais envenenado presente que me lembro de ver nos últimos tempos – e com isso nos deixou entregues a Pinto de Sousa, parece-me uma total e absoluta falta de vergonha que pense, e apenas pense, voltar. O problema é que a falta de memória do povo me leva a temer uma perfeita tragédia. Santana, Sousa e Barroso. Comentários para quê.

“Pérolas a porcos”

Quaresma anda a ser assobiado no Estádio do Dragão.

18.1.08

A oposição

Luís Filipe Menezes, ao contrário do que muitos dizem, tem sido muito claro no seu discurso e já deixou bem expresso o seu objectivo para o partido. Poder, poder e poder. Tudo o resto é irrelevante, seja a forma, o conteúdo ou os meios.

17.1.08

Indispensável

O post “Novos fascistas”, no Portugal dos Pequeninos, que inclui a reprodução de um artigo de José Manuel Fernandes no Público.
Num post recente falei em entrar para a clandestinidade, imaginando que poucos me levassem a sério, o problema é que falava de facto a sério e, infelizmente, a coisa vai estando menos longe do que se possa pensar.

Ainda sobre o “veto” ao Papa

Queria entender a mania que o europeu tem de tentar destruir as bases da civilização ocidental (e nunca houve civilização mais avançada), que ele mesmo criou ao longo de séculos de evolução.” Leonardo no “Vide Bula

Da sociedade asséptica

Via "31 da Armada" chego a estas pequenas informações históricas – veiculadas no “Bar Velho” – sobre Hitler e o regime nazi:


"- Hitler financiou um estudo da Universidade de Jena, para se tentar descobrir se o câncro do pulmão teria algo a ver com o fumo do tabaco. A conclusão do estudo permitiu que se iniciasse a primeira campanha anti-tabágica de que há memória em todo o Mundo.
- Foram criadas leis que proibiam que se fumasse em locais públicos e iniciaram-se campanhas que permitiram dar a conhecer às pessoas o perigo que o tabaco provoca.
- Era proibido fumar nos escritórios dos serviços postais da Força Aérea; polícias fardados estavam proibidos de fumar; restaurantes e cafés estavam proibidos de vender cigarros a mulheres; vouchers de tabaco eram negados a mulheres grávidas; era proibido um menor de 18 anos fumar em público; produtos alusivos ao tabaco eram alvo de uma regulação muito restrita.
- Como forma de dissuadir os soldados alemães de fumar, Hitler dava 6 cigarros diariamente por cada homem, ou chocolate e mais comida como opção. Ás mulheres não era permitido fumar de todo.
- A expressão "fumador passivo" surgiu com Fritz Lickint, autor do livro "Tabaco e o Organismo". Ele colaborou activamente com a Campanha Anti-Tabágica Nazi.
- Foi feita uma campanha intensiva por toda a Alemanha alertando os alemães para os perigos existentes no consumo de corantes e conservantes na comida e nas bebidas.
- Foram criadas leis que proibiam o consumo de álcool por menores e que puniam a condução sob efeito de álcool, existindo ainda os testes de sangue feitos ao condutor.
- O Governo alemão promovia o consumo de água mineral como substituto do álcool e lançou imensas campanhas para motivar os jovens a comer e beber de forma saudável, e a praticarem exercício físico: uma mente sã, num corpo são."

As comparações podem sempre ser duvidosas, pode até questionar-se o seu bom gosto, o que é inegável é que quando pessoas como Vasco Pulido Valente, António Barreto ou Miguel Sousa Tavares recorrem a epítetos de “fascista” ou “nazi” para qualificar a ASAE ou a nova lei do tabaco não estão – ao contrário do que muitas virgens pudicas ofendidas e comentadores irónicos nos querem fazer querer – a enlouquecer ou em delírios devidos ao álcool ou às drogas. A história não é o que nós queremos que seja, é um conjunto de factos e se, de facto, o nazismo foi o pioneiro em leis conducentes a uma sociedade asséptica, não será absurdo estabelecer um nexo de comparação. Aliás, após ler isto com atenção, acho perfeitamente plausível, e até lógico, que venha a ouvir o “Gremlin” George a elogiar as políticas de saúde de Hitler, pois os seus grandes ideais como Director Geral de Saúde estão quase todos escritos ali em cima. Não estou com isto, como é evidente, a chamar nazi ao senhor – o que seria – mas que em termos de leis de saúde pública estamos a ficar muito perto das leis nazis, lá isso estamos. E a consequência deste facto terá de ser a de elogiar Hitler neste campo, pois foi, inquestionavelmente, um visionário com razão antes de tempo. Não percebo por isso que alguém fique melindrado com a comparação, a mesma deve ser tomada como um largo elogio.

16.1.08

Causas

Há causas que valem a pena. Conhecer a verdade da história é uma delas. Por isso é importante que no centenário do assassinato do rei D. Carlos e do príncipe Luís Filipe a verdade surja na história contada. Durante anos, o republicanismo dominante nas elites persistiu em contar uma história falsa e deturpada sobre os últimos anos da monarquia. Para o perceber basta ler “O Poder e o Povo”, de Vasco Pulido Valente, onde o movimento republicano é descrito com o pormenor exigido a uma tese de doutoramento. Nos livros da história oficial ficou a imagem de um rei ditador e sem o apoio do povo, que teve de ser assassinado para implantar uma salvadora república, fiel representante dos valores democráticos. Assim conhecerá a história a maioria da população portuguesa, numa consequência óbvia do que é a falsidade histórica.
A importância da data ultrapassa a causa monárquica ou republicana, por isso sua maior relevância pode estar em trazer a verdade para a história. Surgiram recentemente dois sites que podem contribuir para esta verdade, são eles “O Regicídio” e o “Centenário da República”, e os seus links passam desde já para a coluna do lado. Deixo-vos com um excerto do post de abertura de João Távora, no “Centenário da República”:
“As comemorações oficiais não se debruçarão sobre a república proclamada em 5 de Outubro de 1910, mas sobre um regime idealizado e abstracto, sobre generosas intenções que se presumirão nos republicanos de 1910, e das quais os políticos comemorantes se pretenderão afirmar-se herdeiros.”

15.1.08

Solnado e o Costes, guerra e a electrónica

O mundo em que vivemos é cada vez mais pequeno, e só mesmo isso justifica que haja uma ligação entre Raul Solnado, o Hotel Costes, a guerra e a música electrónica. Para quem duvide, nem que por instantes, da minha sanidade mental, sinto-me na obrigação de esclarecer. Para tal, recomendo primeiro a audição do famoso, e fabuloso, sketch de Raul Solnado, “A Guerra de 1908”, mesmo aqui em baixo. Depois, ouçam aqui ao lado, na “Caixa de Música”, “Táxi to War”, do Dj Disse, incluída na colectânea “Hotel Costes 10”.

14.1.08

Terrorismo

A clandestinidade vai deixando de ser uma miragem e é já sem ironia que me apetece destruir os escritórios da ASAE ou o automóvel do Gremlin que se diz Director Geral de Saúde. Sem danos humanos, como é evidente, mas terrorismo urbano é uma via a estudar.

10.1.08

Ensinamento do dia

Jamais dit jamais.

Um brinde

A este estranho país que se propõe construir um aeroporto no meio do deserto.

Personagem do dia

Mário Lino, ou sobrevivente incompreensível.

Ainda há esperança

Há uns meses, a Ota era um dado adquirido e defendido com total intransigência pelo governo. A chamada sociedade civil mexeu-se, foi publicado o livro “O erro da Ota”, a CIP fez um estudo de viabilidade para Alcochete, o povo percebeu o embuste miserável que ia ser a Ota – feita com o dinheiro de todos para benefício de alguns – e o governo acabou por se render à evidente sensatez da escolha de Alcochete. Fica a prova que, mesmo contra a persistente obstinação de Pinto de Sousa, ainda é possível travar alguns dos disparates que tentam impor a este pobre país.

Medo, há que ter medo

O primeiro-ministro lá decidiu por Alcochete, com um discurso bem estudado para não parecer um total recuo. Os famosos interesses é que não devem ter ficado muito satisfeitos, por isso logo veio Pinto de Sousa dizer que era preciso compensar as populações da zona da Ota, que tinham feito investimentos a contar com o aeroporto. Leia-se, é preciso compensar os ocultos interesses que se preparavam para ganhar uma fortuna na Ota, nem que isso implique o gasto de mais uns milhões de dinheiros públicos.

9.1.08

Das Europas

O esperado foi hoje anunciado: não haverá referendo ao Tratado de Lisboa. O primeiro instinto seria discorrer palavras amargas e agressivas sobre a falta de democraticidade da medida, insultando Pinto de Sousa pelo incumprimento de uma promessa eleitoral. No entanto, o cinismo vai ganhando espaço no meu pensamento e fico feliz com a decisão. Não porque concorde com ela, simplesmente porque ela é coerente com os métodos anti-democráticos de Bruxelas e porque acho, sinceramente, que o “Sim” iria ganhar. Assim, fico com a tranquila consciência de que esta decisão – como quase todas as tomadas pela “Europa” – não contou com o expresso apoio popular, e um dia mais tarde – que chegará a curto ou médio prazo – em que a Europa se tornar ingovernável e entrar em colapso, poderemos, os que dela duvidamos, dizer com propriedade que caiu porque nunca teve, de facto, o apoio do povo.

8.1.08

Afinal há outro

Com o novo ano chegou a vontade de criar um outro blog. Este blog, desde que nasceu, oscilou o seu estilo e conteúdo ao sabor de indefinidas marés. Assim irá continuar, mas abrirei outro espaço, talvez mais intimista, talvez mais pessoal, talvez até menos diferente do que julgo. Será de seu nome “Coisas dos Trinta” e não falará, seguramente, de política, mas de coisas mais prosaicas, ainda que, por vezes, não menos interessantes. A respeitável longevidade deste Anarcoconservador não me permite acabar com ele, nem nada que se pareça, apenas terei dois espaços distintos para escrever sobre coisas diferentes. O tempo dirá se vale a pena manter os dois blogs, até lá, convido os que fazem o favor de me ler aqui, e aos quais aproveito para agradecer, para me visitarem também por .

7.1.08

Terrorismo

Telefonar para os restaurantes que mais gostamos a tentar reservar mesas, em dias de semana, para doze pessoas (bom número pois é volume de dinheiro razoável e não é um grupo tão grande que desmotive os donos pelo excesso de incómodo para os restantes clientes). Após a solícita resposta de “com certeza”, e apenas após, confirmar, com voz melíflua, se a mesa é para fumadores. Após a resposta negativa, e ainda que com a persuasão de que se pode fumar no bar ou à porta, rejeitar convictamente a reserva e acrescentar, com delicadeza, que assim terá imensa pena de não poder voltar a usufruir de um restaurante onde já passou tantos bons momentos.

Coisas do fumo

Ainda não tive o prazer de jantar fora neste novo ano, nem sei mesmo se o irei ter tão cedo. Restaurantes onde não possa fumar não me interessam, pelo menos para jantares de prazer e em boa companhia. A nova lei é intolerante, mas os restaurantes também foram preguiçosos e incompetentes e não se prepararam para a mesma, o resultado é que não me merecem como cliente.
Agradeço a fundamental lista do “A Origem das Espécies” e prometo contribuir na medida do possível para a actualização da mesma.

Memória

Hittler pregava por uma sociedade perfeita de homens loiros e saudáveis, em que a doença e a imperfeição eram motivos suficientes para remover alguém da sociedade.
A lei do fumo foi aplicada em Portugal tornando os fumadores criaturas à margem do sistema.
Em Inglaterra já se fala em retirar direitos no Sistema Nacional de Saúde aos cidadãos gordos.
Sejam saudáveis, ou então tenham medo, muito medo.

Cidadanias

Este blog é mantido por um português que, desde dia 1 de Janeiro, foi considerado cidadão de segunda neste triste país. A inaceitável “lei do fumo” contribuiu para apressar um processo que eu julgava ia demorar algum tempo a ser consolidado, o do meu caminho para a clandestinidade. Vivo num país onde o conceito de democracia é tão criativo e afastado do original que vacilo se não seria melhor uma ditadura assumida. A imprensa não é livre, os bancos privados são manipulados pelo estado, a justiça é uma perfeita inexistência, há gente – e muita – a passar fome, o desemprego não pára de crescer, fazemos parte de uma ditadura burocrática como origem em Bruxelas que ninguém compreende. No meio de tudo isto, o importante é tornar os fumadores menos cidadãos e dar poderes à ASAE para tornar Portugal num país asséptico e plástico de onde apetece fugir desesperadamente.

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Neste país já há o desplante de discutir a legitimidade das escolas terem nome de santos. Curioso que um santo – que, acreditando-se ou não em Deus, terá sido um bom homem – não possa dar nome a escolas e tenhamos ruas com nomes de assassinos comprovados.

Coisas genéticas

Uma vez mais, perante o terror, os franceses baixaram as calcinhas. Depois de Vichy, transformaram o “Lisboa – Dakar” em “CCB – Mosteiro dos Jerónimos”. A bem da sua proverbial e abençoada cobardia.

Regresso

A temporada festiva terminou com a epifania do dia de Reis e este blog volta agora à normalidade possível dos pequenos dias invernais.

4.1.08

Começa mal o ano

Os terroristas conseguiram mais uma vitória e o Lisboa-Dakar foi cancelado por razões de segurança. Vencendo batalhas caminha-se, ainda que não irreversivelmente, para a vitória na guerra. Que não seja o caso e que a Civilização ainda consiga ir buscar coragem e argumentos para combater a Barbárie.

Regresso da terra

Após os provincianos dias festivos, este blog volta ao rebuliço de Lisboa. Os bons momentos familiares passaram e restou uma incomodativa constipação. Consequências nefastas de alguns possíveis excessos ou simples falta de resistência ao inclemente frio húmido? A resposta é indiferente, mas dispensavam-se as consequências.