29.6.06

Medo

Ontem à noite, ao aproximar-me com um amigo de um táxi, gracejei dizendo que íamos com um skin. Entrámos e subtilmente as mãos agarraram-se aos bancos após o senhor, até então mudo, passar quatro ou cinco sinais encarnados. Num deles ainda insultou outro condutor que apenas lhe fez sinais de luzes, estando eu já à espera que parasse o carro e saísse disparado na sua direcção. O trajecto aproximava-se do fim quando reparámos que não tínhamos dinheiro para pagar, tendo então pedido para que ele parasse num Multibanco. Fiquei no carro à espera e finalmente o homem lá abriu a boca, e é caso para dizer, para não mais a fechar. Começou pela insegurança e por situações que passou, sempre com “pretos” ou “gente do leste”. Caso a seguir a caso e já os tratava por aqueles que não deviam cá estar. O meu amigo lá chegou e o destino também. Antes que pudéssemos sair, continuou a falar. Falou da pistola que tinha no porta-luvas, do tiro que deu no outro dia a uns que o quiseram roubar, no que lhes fazia a todos se os apanhasse a jeito. Siderados, nem coragem tínhamos para sair, no medo de ofender a criatura por não o ouvir até ao fim. Uma brecha foi aproveitada para enfim sair e deixar o homem ir embora, só então respirei fundo. Esta gente é realmente perigosa, muito perigosa. São poucos, por enquanto, mas a sua simples existência dá medo. Gente desta que tem arma e cujos olhos destilam ódio, insanidade, que podem a qualquer momento matar ou ferir sem remorsos, em nome não se sabe bem de quê.

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