Por estas bandas gostou-se muito do último Scorsese, The Departed – Entre Inimigos, confirmando que há realizadores que não sabem fazer maus filmes e que, de uma maneira geral, teimam em os fazer excelentes. Tudo aquilo em que Scorsese é mestre está presente neste filme: argumento sólido, realização sublime, montagem sem erros, música que é parte integrante das imagens (belíssima versão de “Confortably Numb” cantada por Roger Waters e Van Morrison.). Essencial ao brilhante resultado final é também o trabalho dos actores que, neste caso, está ao nível da realização: Leonardo Di Caprio está magnífico e poderoso, com uma contenção sempre pronta a explodir que lembra em muito o James Dean de “Fúria de Viver”; Jack Nicholson constrói mais um momento vintage, em que não cede, como por vezes já o fez, ao overacting e domina o filme do princípio ao fim; Mark Whalberg é perfeito num pequeno, mas delicioso e importante, papel secundário; e no meio de tantos homens surge Vera Farmiga, com uma serenidade que escorre dos seus olhos cor de água e inunda todo o filme, representando alguma normalidade no meio de tanto desequilíbrio e violência. A sua personagem é uma réstia de bom senso num mundo alucinado e é elemento chave para a compreensão de toda a densidade emocional que Scorsese apresenta, sem ceder, como é seu hábito, a moralismos fáceis.
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