“Cartas de Iwo Jima”, o filme de Clint Eastwood sobre a guerra no ponto de vista dos japoneses, é uma obra-prima daquelas com que de modo cada vez mais raro somos brindados. A intensidade do filme, mantida ao longo de quase duas horas e meia, traduz a guerra sem artifícios, sem a demagogia do sofrimento ou a grandiloquência da memória, a guerra feita por pessoas simples, por muito que as causas que lhe dão origem transcendam os homens que a executam.
A visão da guerra de Eastwood é a dos códigos de honra e dos patriotismos, dos medos, das memórias de quem se deixou, feita de soldados humanos com as suas diferenças e individualismos. A guerra, as guerras, tendem a ser vistas como algo de distante, deliberado por políticos e governantes inacessíveis e executada por robots ao serviço de uma pátria. Habituámo-nos a ganhar um distanciamento televisivo da morte, a torná-la algo de aritmético e estatístico. Esquecemos a guerra como ela é por dentro, com toda a sua humanidade e idiossincrasia.
Não há guerras boas, como não há apenas soldados inimigos maus. Eastwood foca muito da sua visão da guerra neste ponto, o inimigo não é genericamente mau, assim como o americano não é totalmente bom. A guerra pode ter, consoante a visão, um lado que represente o bem e outro que represente o mal, mas não é formada por massas homogéneas de bem e de mal, facto tantas vezes esquecido numa visão simplista da história. Para Eastwood é claro o seu lado na guerra, assim como é clara a diferença de sociedades – bem expressa nos japoneses que estiveram nos E.U.A. –, mas a diferença não implica superioridade e tem raiz na incompreensão, no desconhecimento. Os soldados japoneses ao querer matar o prisioneiro americano não o faziam por pura maldade, mas por não o entenderem como um igual, como um ser humano como eles, na mesma situação que eles, com as palavras escritas para a mãe que eles também escreveram.
Iwo Jima é o exemplo de uma batalha imbecil, onde o destino estava traçado à partida e em que os códigos de honra e patriotismo levaram a uma enorme chacina de seres humanos de ambos os lados. Foi heróica a resistência dos japoneses, mas de um heroísmo sem sentido, pois a morte estava marcada a ferro no seu destino. As vidas foram usadas num combate de números, em nome de um pretenso golpe de marketing para outras batalhas. A insensibilidade com que as guerras são tratadas cria-nos um distanciamento frio, mas por vezes é com um simples filme de duas horas e meia que nos questionamos e que descemos à nossa condição humana, olhando o mundo com outros olhos e a guerra com uma proximidade quantas vezes esquecida.
A visão da guerra de Eastwood é a dos códigos de honra e dos patriotismos, dos medos, das memórias de quem se deixou, feita de soldados humanos com as suas diferenças e individualismos. A guerra, as guerras, tendem a ser vistas como algo de distante, deliberado por políticos e governantes inacessíveis e executada por robots ao serviço de uma pátria. Habituámo-nos a ganhar um distanciamento televisivo da morte, a torná-la algo de aritmético e estatístico. Esquecemos a guerra como ela é por dentro, com toda a sua humanidade e idiossincrasia.
Não há guerras boas, como não há apenas soldados inimigos maus. Eastwood foca muito da sua visão da guerra neste ponto, o inimigo não é genericamente mau, assim como o americano não é totalmente bom. A guerra pode ter, consoante a visão, um lado que represente o bem e outro que represente o mal, mas não é formada por massas homogéneas de bem e de mal, facto tantas vezes esquecido numa visão simplista da história. Para Eastwood é claro o seu lado na guerra, assim como é clara a diferença de sociedades – bem expressa nos japoneses que estiveram nos E.U.A. –, mas a diferença não implica superioridade e tem raiz na incompreensão, no desconhecimento. Os soldados japoneses ao querer matar o prisioneiro americano não o faziam por pura maldade, mas por não o entenderem como um igual, como um ser humano como eles, na mesma situação que eles, com as palavras escritas para a mãe que eles também escreveram.
Iwo Jima é o exemplo de uma batalha imbecil, onde o destino estava traçado à partida e em que os códigos de honra e patriotismo levaram a uma enorme chacina de seres humanos de ambos os lados. Foi heróica a resistência dos japoneses, mas de um heroísmo sem sentido, pois a morte estava marcada a ferro no seu destino. As vidas foram usadas num combate de números, em nome de um pretenso golpe de marketing para outras batalhas. A insensibilidade com que as guerras são tratadas cria-nos um distanciamento frio, mas por vezes é com um simples filme de duas horas e meia que nos questionamos e que descemos à nossa condição humana, olhando o mundo com outros olhos e a guerra com uma proximidade quantas vezes esquecida.
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