28.2.07

Lei-aborto

Ao longo da campanha do referendo do aborto ambos os lados foram moderando posições, com o “Não” a abrir portas a uma despenalização que não tornasse o aborto livre e o “Sim” a introduzir factores moderadores como o aconselhamento obrigatório da mulher. O “Sim” ganhou, mas de forma não vinculativa, o que não lhe retira legitimidade, mas deveria introduzir prudência e bom senso.
Ontem foi entregue a proposta de lei do aborto na Assembleia da República e nela, pasme-se, aparece o aconselhamento como facultativo e apenas a pedido da mulher. Aquilo que foi negado veementemente pelo “Sim” na campanha acabou por acontecer, o aborto passa a ser livre e sem qualquer restrição. O aconselhamento, agitado durante a campanha por eminentes personagens, foi afinal uma mentira para convencer indecisos. As criaturas que apresentaram a lei ainda conseguem o desplante de considerar esta proposta equilibrada e de consenso, algo que só com manifesta má fé se pode dizer. Se esta é uma proposta equilibrada, o que seria então uma proposta desequilibrada perante os resultados do referendo? Aborto aconselhado pelo estado para reduzir custos sociais de crianças nascidas pobres?
Perante tudo isto resta esperar que, numa expressão muito em voga, Cavaco tenha tomates para vetar esta lei. Eu, como pouco espero do homem de Boliqueime e penso que o local que mais o interessa é o próprio umbigo, não acredito. No entanto a ver vamos.

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