22.4.08

A Guerra das Laranjas

A confirmar-se a candidatura de Manuela Ferreira Leite, é caso para dizer – Aleluia! A sua virtude sebastiânica já foi acenada tantas vezes, em tantos maus momentos dos partidos, que o povo já se inquietava com a falta de resposta. Parece que é desta que o “timing” é certo e que surge uma coragem política que já se pensava perdida. Após deixar o partido entregue a Santana e Menezes, Ferreira Leite terá pensado que Ribau Esteves também era demais e lá avançou.
Para as elites do partido, dos jornais e dos blogs, Ferreira Leite é a personalidade que faltava para salvar o PSD. Eu fico-me com duas questões: irá ela conseguir ganhar o partido caso Santana se candidatar; e será que o PSD ainda tem salvação possível depois de se deixar partir em dois pedaços?
As minhas dúvidas sobre Ferreira Leite são muitas, mas é inegável que pelo menos seriedade e responsabilidade podem ser esperadas. Ainda assim, é importante perceber o que fez de Ferreira Leite uma das políticas mais elogiadas do país. À minha memória vem um consulado como Ministra da Educação que trouxe mais estudantes para a rua do que todas as queimas das fitas juntas, atraindo sobre ela um profundo ódio da geração rasca, e a estadia nas Finanças onde a obsessão foi tão grande que ficou a famosa ideia de que não havia vida para além do deficit. Irá Ferreira Leite convencer a “geração rasca” e os portugueses que sofreram na pele com a obsessão do deficit das suas boas intenções? E quais são as suas intenções pois eu, talvez por ignorância própria, não sei muito bem em que ideologia e projecto para o país a senhora se encontra, apenas que foi indefectível de Cavaco e isso, para mim, não é grande carta de recomendação.
Por tudo isto, aguardemos com alguma esperança de que pelo menos o nível político suba uma pouco acima da tasca pouco frequentável em que se tornou.

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