(Ainda de El Chaltén)
Rajadas deixam cortinas de pó nas estradas de cascalho. El Chaltén é fim de mundo, mais um, nesta região toda ela tão no fim de tudo. Sensação de fim. Uma rua pequena com casas dos dois lados. Não passam carros e os que estão parados não parecem capazes de grandes movimentos. Só passam autocarros trazendo e levando gente. O resto são caminhantes de mochila âs costas sem aparente destino, como se o seu destino fosse o fim. O sol brilha, hoje, mas o inverno será aqui duro, insano. Escrevo depois de dois deliciosos waffles com doce de Calafate e um mate. Foram dois por controle que impediu de serem quatro, seis ou oito. Olhando pela janela escuto a música de Joaquin Sabina que me leva a um limbo esntre Salamanca e El Chaltén. Coisas deste mundo global em que na mesa ao lado se fala em alemão.
Outrora destino de aventureiros e viajantes excêntricos, hoje destino dos "novos viajantes" de sapatos Timberland, roupa com gore-tex e luvas polares. Japoneses, americanos, alemães. Mochileiros não demasiado jovens. Local de romagem mítica em busca de santuários nos quais se estabelece uma relação quase religiosa com a natureza, acreditando, ou não, num criador supremo da mesma. Busca de espaço e largura, de si mesmos, de uma dimensão de ar e terra cada vez mais difícil de encontrar.
Sem comentários:
Enviar um comentário