6.11.03

Oposição

Onde está a oposição, qual é o seu futuro e o que podemos esperar dela?
Do inefável Dr. Louçã podemos esperar que continue a cumprir o papel de Stallone, disparando sempre e em todas as direcções. A todo o momento descobrirá uma nova minoria à qual irá buscar o voto. Talvez aos defensores dos direitos da formiga branca ou ao grupo armado de defesa dos sobreiros contra os capitalistas da cortiça.
Do moribundo PC (que ontem até deu sinais de existência, talvez num último suspiro) apenas podemos esperar poemas declamados pela camarada Odete, intervenções surrealistas do camarada Bernardino, gritos estridentes da senhora de "Os verdes" ou a sempiterna Festa do Avante.
Temos ainda o Dr. Monteiro do qual nunca sabemos o que esperar. Apenas que será contra e que as posições mais duras serão defendidas pelo indescritível Dr. Ferreira. Aguardemos por esse vazio ideológico que apropriadamente se chama Nova Democracia. De facto a democracia anda mesmo pelas ruas da amargura.
Chegamos finalmente ao maior partido da oposição, pelo menos em número de votos e por enquanto. O PS é cada vez mais um equívoco. A todos os níveis. Um líder que ninguém sabe muito bem o que anda a fazer, numa pose cada vez mais distante e seráfica. Lembrando um pouco o Tonecas dos últimos tempos, vago, pensativo, quase etéreo. Será que no Largo do Rato distribuem comprimidos para a alienação? Imagino o Dr. Ferro gritando: "Ó Costa, traz-me um Alienex duplo."
No meio desta desorientação geral surge agora o persistente JS. Sim, a Juventude Soarista, que na falta do pai - agora mais preocupado no combate diário aos EUA e ao seu Império do Mal - corre decidida para o poder socialista. A confirmar-se, podemos esperar mais oposição, apenas duvido que seja melhor.
Se JS seguir o estilo da sua última campanha em Lisboa já imagino Vasco Lourenço na vice presidência para as relações externas. A família Soares em repetidas marchas contra o fascismo português - seja ele o que for - acusando todo o governo de salazarismo e de retorno ao passado. Dissertando em estudos comparativos sobre o curriculum anti-fascista dos membros do governo. A palavra chave será ressuscitar, os fantasmas e ódios que - passados quase trinta anos - já deviam estar sanados e esquecidos. (Imagino já uma retribuição à altura do governo, questionando a descolonização do pai Soares). A ILGA será por certo convidada para a pasta da família no governo sombra. Quanto a coligações podemos esperar o pior. Numa desesperada tentativa de unir a esquerda, decerto construirá um Albergue da Rosa Vermelha, ressuscitando (outra vez a palavra chave) os espantosos POUS, MDP, PC (R) e outros afins. A este se juntará o Albergue da Esquerda Caviar (BE) e o Partido da Imutabilidade Comunista (PCP).
Por certo será mais animado, mas será prudente apesar disso que mudem de repente de líder? A verdade é que o governo precisa de oposição. Não porque esteja a governar particularmente mal, mas também está longe de ser brilhante. Precisa de ser espevitado para ir ao sítio, para acordar o Dr. Barroso, para estancar os erros de casting sucessivos. No fundo, para conseguir implantar realmente as boas intenções que tem. Haja oposição.

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