Nos tempos cinzentos que correm é com enorme prazer que se pode ler este livro. Após ter lido "Reviver o Passado em Brideshead" e "Declínio e Queda" surgiu-me - em passeio por uma livraria - este "Enviado Especial" de Evelyn Waugh.
Ao comprá-lo não imaginava o grau de diversão que me esperava. Os outros dois livros não são, claramente, livros hilariantes. Este é. Ao fim de algumas páginas dei por mim a ser atingido por imparáveis ataques de riso, ao ponto da minha sanidade mental ser discutida aqui por casa. Os trocadilhos iniciais começaram a abrir perspectivas de um glorioso divertimento. A magnífica descrição de Magna Boot, da deliciosa família Boot na sua vida provinciana e antiquada, com a sua horda de "nanies", mordomos e criados, quase todos inválidos e a viver com eles. A absurda escolha de um impagável "enviado especial" para relatar a eminente guerra na Ismaélia, que escolhe incríveis "gadgets", levando canoas desmontáveis e tacos de golfe para um distante e desconhecido país.
O livro segue depois em ritmo corrosivo, relatando as peripécias - e podem crer que são muitas - de Boot na Ismaélia. A guerra afinal revela-se uma fraude mas assim não o relatam os restantes jornalistas. Gostaria de poder aconselhar este livro a muitos pseudo jornalistas que por aí andam, talvez assim melhor percebessem o ridículo de algumas notícias que divulgam.
No final uma mensagem particularmente actual e politicamente incorrecta. William despreza o dinheiro, as honrarias, a fama, preferindo a sua recatada e monótona vida de província, continuando a escrever bucólicas crónicas sobre agricultura e animais. No mundo de hoje quantos de nós seguiríamos este caminho, quantos de nós negaríamos o sucesso, trocando-o por uma tranquila e anónima vida familiar de província?
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