22.12.08

Horas de Natal: 19.00

Stuart Franklin, 1998, Londres

Fechou a loja às sete em ponto, pensando como iria ter tempo para fazer o jantar. Este ano não poderia ir à terra para junto da família. Novo emprego e uma conta bancária a aproximar-se com perigo do zero. Hoje teve de ficar mesmo até ao fim, a patroa decretou que queria a loja aberta até ao mais tarde possível e escolheu os mais novos para a tarefa de fechar.
Agora ainda lhe resta o inferno dos transportes públicos até Massamá. Felizmente estarão vazios e serão mais rápidos do que o habitual, já que quase toda a gente está em casa entre embrulhos de última hora e preparativos na cozinha.
Tentou lembrar-se do que poderia pedir ao marido e ao filho para irem fazendo, mas, para além de por a mesa, de nada se lembrava. A total inépcia e recusa determinada em entrar na cozinha eram características dos homens da casa. Bruno já deveria estar no sofá em pantufas e com uma cerveja à mão, o Sérgio devia estar, já há horas, em frente ao computador. Este ano foi difícil e sentiu uma enorme falta do jantar de peru em casa dos pais. Frango assado com arroz e uns coscorões de sobremesa será o que a espera. Os doces feitos na véspera em mais uma noite mal dormida, o resto para fazer quando chegar a casa. Sérgio vai sentir a falta dos presentes habituais, mas este ano era impossível a mais vaga excentricidade. Um par de meias para o pai e outro para o filho e uma noite calma com a companhia da televisão, mais uma noite como tantas outras.

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