30.1.07

Sugestão

Não se arranja um espacinho para levar o frio que cá está na comitiva da visita oficial à China?

Import-Export

Primeiro a Índia, agora a China, qualquer dia Portugal em vez de exportar produtos vai exportar os próprios empresários, com tal intensidade de viagens ainda decidem não voltar.

29.1.07

A questão real

Por muitos eufemismos que se queiram usar, convém as pessoas assumirem, e perceberem, aquilo que está, de facto, em causa no próximo referendo: autorizar o aborto livre até ás dez semanas. Nem mais, nem menos. Por muito que a pergunta fale de “Interrupção Voluntária” ou “vontade da mulher” e a campanha do “Sim” insista em usar subterfúgios, o que está em causa – seja em termos políticos, constitucionais, jurídicos ou legislativos – é a legalização, de facto, do aborto até ás dez semanas. Sem mas. Até porque qualquer referendo tem por trás uma lei e é isso que esta lei prevê. Todos os jogos florais em torno disto são apenas reflexos de má consciência ou consciência de que para ganhar o referendo é preciso que não se perceba bem o que está em causa. O voto no referendo deve ser uma resposta a esta pergunta concreta, sem mais.

28.1.07

Brava Dança dos Heróis

“Dos fracos não reza a história
Cantemos alto nossa vitória”

Um sincero bravo para a nossa selecção de rugby que ontem ganhou a Marrocos, dando mais um passo no apuramento para a Taça do Mundo, apenas faltando ganhar ao Uruguai. Num país obcecado com o futebol, os feitos de uma selecção formada por amadores, num desporto sem tradição em Portugal, vão sendo esquecidos. Por isso convém lembrar esta Equipa, liderada por Tomaz Morais, que insiste em ganhar e está a um passo de um feito histórico.

27.1.07

Dúvida do dia

Acho que merece a pena abrir uma garrafinha de champanhe em honra da suspensão anunciada da bárbara TLEBS, apenas oscilo entre um Veuve Clicquot e um Taittinger.

Agradecimento do dia

A festa de ontem da Atlântico esteve muito divertida, em particular graças à excelente música que foi passando ao longo da noite. Por lá andei, anónimo como sempre, entre muitos bloggers conhecidos e outros não identificados. Daqui vai um agradecimento à organização, porque ouvir boa música na noite de Lisboa vai sendo cada vez mais raro.

26.1.07

Mundo

Quando ontem saí do cinema, após ver “Diamante de Sangue” de Edward Zwick, senti, como em demasiadas vezes, um niilismo perante o mundo e um desespero ante a realidade. O filme conta uma história em redor do tráfico de diamantes na Serra Leoa, que em muito suportava uma mais do que sangrenta guerra civil. O que choca no filme não é tanto esta amoralidade comercial, o que impressiona é a forma realista como a guerra civil é contada e como somos postos perante um problema que muitos desconhecemos e que talvez tenhamos feito por ignorar. Na nossa Europa, da civilização dita moderna, criamos noções que não são reais e tendemos a achar que o resto do mundo está longe e se está a civilizar a pouco e pouco. Logo aos primeiros minutos de filme todos estes conceitos desaparecem e a realidade da guerra não convencional aparece. Trata-se de um filme, mas é evidente que as situações descritas, ainda que ficcionadas, se baseiam em factos reais. Ao ver crianças de metralhadora em punho a exterminar mulheres e outras crianças sem motivo que não seja uma demonstração de força, rebeldes cortando braços para impedir que o povo vote, enforcamentos públicos e assaltos devastadores a aldeias, ficamos com a certeza que o Homem é problema sem solução. A falta de valorização da vida, e consequentemente a facilidade da morte, aproxima o Homem da animalidade bruta e com ela da total irracionalidade. Falar de valores, sejam eles quais forem, será um luxo na África pobre, mas quantas vezes os exemplos dos países ditos civilizados não são tão maus, ou piores, do que as consequências práticas nos países africanos. Não se vislumbram soluções, nem as haverá, por isso saí do cinema com o desespero da impotência, com o desânimo da incredulidade perante o Homem, com a certeza de um mundo que quer acabar. Felizmente resta-me a Fé, que chama a lembrar a esperança, e realmente só com ela é possível viver no mundo de hoje.

Honestidades

Não deixa de ser curioso que neste país o fascismo ainda seja considerado pior do que o comunismo. Não sei se por falta de cultura histórica, “fascista” é um insulto e “comunista” um elogio de coerência. Isto a propósito do inefável Daniel Oliveira e da deputada Helena Pinto referirem, muito indignados como é costume no Bloco, blogs ditos fascistas que linkam para blogs de apoio ao “Não” no referendo e de usar isso como honesto argumento para a discussão. O disparate começou na campanha para o referendo e a partir de agora teme-se o pior.

25.1.07

Scoop

“Eu nasci crente na religião Hebraica, mas converti-me ao Narcisicmo.”
by Woody Allen

Lisboa

Na Câmara de Lisboa a coisa promete, já vamos com dois vereadores e um director de serviço na condição de arguidos de um processo de corrupção. Para uma justiça habitualmente lenta e reverente perante o poder, esta operação é notícia. Resta a dúvida se ficará por aqui ou se mais gente será arrastada para a investigação, até porque processo deixa ainda algumas questões, como por exemplo o porquê do encontro de Carmona Rodrigues com Domingos Névoa – já depois de ter conhecimento da tentativa da parte deste de subornar José Sá Fernandes – ou os simultâneos assaltos à casa e escritório de Ricardo Sá Fernandes. Convém ainda lembrar que o regresso de Santana Lopes à Câmara, após a sua passagem pelo governo, coincidiu com o fecho do negócio da Feira Popular. Será que como diria uma eminente escritora: “Não há coincidências”?

Rabos-de-palha

A questão dos rabos-de-palha ofendeu muito o primeiro-ministro e suscitou grande discussão com Marques Mendes. Curiosa a curta memória que leva à grande segurança de negar os ditos rabos, basta lembrar Isaltino Morais (PSD), Fátima Felgueiras (PS) ou o actual caso Bragaparques (PSD). Estes pelo menos são seguros, e ainda há com certeza mais. Os dois grandes partidos sabem que medidas reais contra a corrupção irão afectar ambos, e muito, por isso Cravinho, que tentou ter boas intenções, será, como o debate de ontem já deu a entender, posto tranquilamente de parte para que tudo fique na mesma.

Bestas

Descobri ontem que um instituto do estado – Instituto da Droga e Toxicodependência – andou a perguntar a crianças de onze anos pormenores sobre a vida sexual dos seus pais. Espanta que haja criaturas capazes de fazer perguntas destas a quem quer que seja, pois creio que todos nos esforçamos ao longo da vida por achar os nossos pais seres assexuados. Além disso tenho a ideia que aos onze anos o sexo era palavra que ouvia em alguns filmes mas cujo significado desconhecia, quanto mais saber o que eram “relações sexuais consentidas ou com violência”. Sócrates foi veemente a criticar, no que não fez mais do que a sua obrigação, e ordenou um inquérito, que não tenho dúvidas de que será feito, agora tenho a infeliz certeza que estas bestas não serão despedidas como seria óbvio.

24.1.07

Versões

Dance Me To The End Of Love
Leonard Cohen

“Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic 'til I'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Oh let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what I only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the wedding now, dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love, we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love
Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till I'm gathered safely in
Touch me with your naked hand or touch me with your glove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love”

Aqui ao lado interpretada pelo próprio e também na versão de Madeline Peyroux.

Anúncios

O estimado Impensável, em mais uma crise de Bergmanite aguda, publica um interessante anúncio ao sabonete Bris, realizado por Ingmar Bergman. Vindo de quem sempre teve a capacidade de transmitir nos seus filmes um enorme mal-estar com tão poucas palavras, a tentativa de vender sabonetes causa alguma estranheza. Apesar disso, e da língua incompreensível e tão tendente a causar depressão intensa, o anúncio é muitíssimo curioso. Apetece responder, mas como hoje o dia até está de sol, e a neura não aparenta querer fazer uma visita, aqui vai a lembrança de um magnífico anúncio português, também com alguns anos, já tornado um verdadeiro clássico.

22.1.07

Conversas

A discussão estava viva, com todos muito participativos e opinativos sobre o tema água. Não, o tema não era a privatização das águas, era a água propriamente dita, a que nós bebemos, supostamente incolor, inodora e insípida. Argumentava-se a favor das Pedras, ou das estrangeiradas Perrier ou San Pelegrino, ou da diurética e clássica Luso. Talvez um pouco maçada com o pretensiosismo de alguns – que insistiam que em Portugal não se podia beber água –, talvez farta do barulho que se levantava, a senhora mais respeitável da sala tossiu levemente, para que, como é evidente, não tivesse de erguer a voz, e disse: “Eu água só mesmo a do cântaro, vem ali da fonte, o cântaro fica na cozinha junto à pedra a refrescar e é a única água que bebo.” Como é fácil de perceber a discussão parou e voltaram apenas a exercer a habitual má-língua.

Modas

Tenho deparado, com visível agrado, com o facto de o espumante (ou champagne, nalguns casos) estar na moda, seja como acompanhamento ás entradas, seja ao longo de noites longas. Sabe bem variar das bebidas destiladas e optar por soluções mais leves e menos comprometedoras, mais frescas, apesar do frio lá fora, porque o calor das casas – em muitos casos demasiado, por excessivo zelo das donas da casa preocupadas com eventuais constipações dos seus convivas – torna o fresco simpático.

"Assim Não"

O Professor Marcelo criou um site para defender o "Não" no referendo cada vez mais próximo. Já nos links das Causas.

19.1.07

História Curta

Entrou fechando a porta com a subtileza de quem sabia que as horas eram tardias. Com calma foi até à sala, saudando a mulher e verificando que os filhos já estavam deitados. Falou com uma voz melosa evitado olhar de frente, sabendo que os olhos por vezes traem a verdade e revelam traições.

O Incrível

Vasco Rato e Daniel Oliveira juntaram-se, sim, não é alucinação nem fomos invadidos por marcianos, estão os dois juntinhos num blog pelo “Sim” (sem link que não estou para lhes fazer publicidade). Perante este par, qualquer dúvida, que não tinha, sobre o destino do meu voto seria de imediato desfeita. Convém acrescentar que também lá estão outros pares improváveis como Helena Matos e Fernanda Câncio, Ricardo Araújo Pereira e Carlos Abreu Amorim, Miguel Vale de Almeida e Maradona. Fica a dúvida, irão encontrar-se alguma vez ao vivo?

16.1.07

Frase do Dia

“Não gosto de comida picante…temo-nos alimentado a arroz branco. Arroz e pão, pão indiano. E também iogurte.”
Aníbal e Maria Cavaco Silva em entrevista à SIC

Olivença

A 31 TV está em grande forma e oferece-nos esta semana a tomada de Olivença pelos Vaders. O que me causou estranheza foram as directas relações desta actividade com um conhecido banco português que – de forma sub-reptícia, mas facilmente verificável – patrocinou esta surtida, apresentado o seu espaço publicitário na bandeira nacional. Ou será que esta é já uma proposta para a nova bandeira de Olivença-BES?

Idiossincrasias

Quando o Inverno assenta arraiais, os jantares mais agradáveis são, sem qualquer dúvida, os caseiros e provincianos. Apesar de todos os atractivos de Lisboa, quando o frio se torna uma realidade a melhor maneira de o acompanhar é mesmo numa casa bem aquecida, em grupo restrito e sem bárbaros nas mesas ao lado para nos maçar. Não há o incómodo de conhecer novas gentes com as quais nos sentimos na obrigação de ser simpáticos, mesmo quando o seu interesse não é maior do que o da liga de Andebol da Albânia. Apenas nos rodeamos de velhos conhecidos com quem não precisamos de mais atenção do que a de não nos embriagarmos superando os limites do razoável.
A preocupação que me resta é o espectro da velhice que me assombra em tempos frios, e o medo de que a primavera não venha a ser suficiente para evitar que me torne num rezingão habitante de Lisboa a suspirar por serões provincianos o mais século dezanove que seja possível. Claro que não preciso de chegar à primavera e, no espaço de um ou dois dias, Lisboa volta a piscar-me o olho como o fez na passada sexta-feira, em que a tarde arrastou a impossibilidade de uma “magic-hour” de luz em que o tempo parecia ter feito pausa ao amanhecer apenas voltando a andar ao pôr-do-sol. Não é fácil de acreditar, mas apetecia sair de máquina fotográfica em punho e deambular pelas ruelas estreitas viradas ao rio e encher rolos e rolos com imagens impossíveis de uma cidade por vezes tão feérica que duvidamos da sua existência.

Que país!

O meu “mapling” de anteontem coincidiu com a apresentação dos cinquenta melhores portugueses, no que contribuiu para uma noite hilariante que suplantou o programa do “Gato Fedorento” que tinha passado antes. Quando o programa terminou, e desci à realidade depois de um filme surrealista, tive firme de vontade de chorar, ou de emigrar. Claro que votações destas não são para levar a sério, o povo gosta de concursos e ás vezes resolve, talvez pelo vício de estar sempre de telefone na mão, talvez por se lembrar dos anos em que não podia votar, dar a sua opinião sob a forma de diarreira votante. Fosse o povo uma entidade homogénea e de imediato teria de ser enviado para um psiquiatra, pois a lista final é, no mínimo, absolutamente esquizofrénica.
Os dez primeiros são, dentro da restante anormalidade, um saudável oásis de sensatez, isto, é claro, se não nos importarmos que, em pleno século XXI, duas personalidades absolutamente anti-democráticas, duas faces da mesma moeda do Portugal recente, sejam incensadas e, pasme-se, considerados “Grandes Portugueses”. Nesta companhia até serão esquecidos os crimes perpetrados pelo eminente Marquês de Pombal, também ele nos dez primeiros. Os restantes serão mais consensuais, o que nem é o mais importante, mas pelo menos são escolhas aceitáveis, discutíveis como quaisquer outras, mas aceitáveis, a saber: D. Afonso Henriques, Aristides de Sousa Mendes, Fernando Pessoa, Infante D. Henrique, D. João II, Camões e Vasco da Gama. Não está mal, afinal sempre temos sete escolhas naturais em dez, já no restante…o melhor é até agrupar por categorias: os “delirantes” Maria do Carmo Seabra – por certo a irónica candidata da sempre activa FENPROF, Hélio Pestana – o auto denominado actor de novelas, Vítor Baía, Pinto da Costa – pretenso bandido, Catarina Eufémia, Mariza e Sousa Martins; os “obscuros” João Ferreira Annes de Almeida – padre luterano, Teixeira Rebelo – fundador do Colégio Militar, Adelaide Cabete, António Andrade – padre missionário; os “de grandes provas dadas” Cristiano Ronaldo, Ricardo Araújo Pereira e Mourinho; os “criminosos” Afonso Costa, Otelo e Vasco Gonçalves; os “enormes” políticos Sócrates, Pintassilgo, Jardim, Sampaio, Cavaco e Marcello Caetano. Enfim, uma amálgama de disparates, sobre valorizações e escolhas que, pensando bem, apenas se podem dever a uma fina ironia que desconhecia aos portugueses.

15.1.07

Aulas Estéreo

Estranhei o silêncio de quase toda a nossa comunicação social sobre a última iniciativa do Bloco de Esquerda. Tão solícitos a acorrer aos sermões do camarada Louça ou ás indignações da camarada Drago, os jornalistas perderam oportunidade de dar relevo à nova iniciativa fracturante que visava modernizar o ensino, promovendo a essencial integração dos imigrantes. Numa brilhante ideia, cuja autoria ainda não foi atribuída, o BE propôs a aprovação pela Assembleia da República do dito “ensino multilingue”, permitindo que, em escolas que o desejassem, as aulas fossem leccionadas em estéreo, ou seja, em duas línguas ao mesmo tempo, com dois professores, em dois quadros, mas na mesma sala de aula. Assim, os alunos das minorias imigrantes poderiam aprender a história de Portugal em russo ou mandarim, ao mesmo tempo que os portugueses a aprenderiam em português, tudo na mesma sala de aula para promover a adequada integração. A medida é de tal forma genial que fico perplexo de não estar já implantada e mais ainda por a mesma ter sido chumbada na Assembleia da República. Realmente há coisas estranhas neste país.

12.1.07

Memória

Claustro da Basílica do Bom Jesus, Velha Goa, 2004

A propósito da viagem presidencial à Índia, muito se tem falado de história, de nostalgia e de memória. Foi muito apreciado o distanciamento sobre o nosso passado por essas terras distantes. O que interessa agora é o futuro, as novas tecnologias e o Silicon Valley indiano. Neste país cada vez mais tecnocrático, o passado é coisa longínqua e a esconder, a esquecer em nome da eficiência e de uma suposta diplomacia económica que nos seja conveniente. O Portugal que se vem construindo faz por esquecer que, talvez por um acaso, a história de Portugal vai um pouco atrás e, imagine-se a lembrança, tem quase nove séculos.
O esquecimento da história nunca trouxe nada de bom, ignorar o passado em nome do futuro será sempre um redondo disparate pois nós, pessoas ou, no caso, países, somos um somatório de memórias que nos tornou o que somos hoje. Recusar olhar para trás, não numa romagem de saudade e autismo, mas numa compreensão de factos, acontecimentos e feitos, é recusar aprender com erros cometidos ou negligenciar uma identidade que é o alicerce mais forte de um país. Os estados, como as pessoas, não gostam de afrontamento directo, mas respeitam mais um aliado, ou amigo, que afirme a sua identidade e personalidade, do que uma entidade inócua que se lhes apresenta subserviente.
Portugal não devia, como é evidente, aproveitar a viagem à Índia para efectuar comícios sobre a invasão de Goa, Damão e Diu. Foi um acto de guerra evidente, que contrariou todo o direito internacional, mas não terá tido também o Estado Português, à época, uma atitude irresponsável e disparatada? Independentemente disso, o tempo passou e hoje Goa é parte inquestionável da Índia. O que não é admissível é que em Goa seja tão difícil manter as raízes de uma cultura indo-portuguesa que persiste em resistir, sem que o nosso Estado algo faça para ajudar. O que não é admissível é que Goa seja tido como um caso perdido, logo esquecido. Um país que não sabe conviver com as suas memórias é um país fraco, pouco respeitável, e na Europa, e mundo, da actualidade esse pecado poderá pagar-se muito caro em tempos futuros. Portugal pode ser um país de modernidade Socrática, mas para o ser não tem de esquecer a história que o fez ser um país de facto.

11.1.07

Versões

Retomando as versões, aqui ao lado, para hoje proponho o fado “Saudades do Brasil em Portugal”, composto por Vinicius de Moraes e Homem Cristo, nas vozes de Amália Rodrigues e do próprio Vinicius de Moraes. O disco é o magnífico “Amália/Vinicius”, que mais não é do que a gravação de uma noite em casa de Amália com a presença, para além de Vinicius, de David Mourão Ferreira, Natália Correia e Ary dos Santos.

"Saudades do Brasil em Portugal"

O sal das minhas lágrimas de amor
Criou o mar
que existe entre nós dois
Para nos unir e separar
Pudesse eu te dizer
A dor que dói dentro de mim
Que mói meu coração nesta paixão
Que não tem fim
Ausência tão cruel
Saudade tão fatal
Saudades do Brasil em Portugal

Meu bem, sempre que ouvires um lamento
Crescer desolador na voz do vento
Sou eu em solidão pensando em ti
Chorando todo o tempo que perdi

Modernidades

O nosso moderno governo resolveu responder ao repto de Al Gore e iniciou o combate à poluição e aquecimento global. A grande medida, anunciada como salvadora e de enorme importância, foi tomada: os táxis passarão a circular apenas seis dias por semana. Muito bem senhor Engenheiro Sócrates, é realmente por aí que se deve começar, não desenvolvendo os decrépitos transportes públicos do país, curiosamente “públicos”, ou seja, dependentes directamente do Estado, mas sim imiscuindo-se num sector privado que presta serviços necessários aos contribuintes por inoperância dos ditos transportes públicos. Bravo!

9.1.07

História Curta

Olhou o sol que caía através do vidro embaciado pelo ambiente aquecido. Agarrou o telefone, mas uma vez mais o medo ganhou a batalha. Mais um dia, mais uma vez em que a sua vida parou sem explicação aparente que não a cobardia.

8.1.07

Cantinho do Hooligan

Atlético Clube de Portugal, fundado em 1942 como resultado da fusão entre o União Foot-ball Lisboa e o Carcavelinhos Football Clube.

Dores de Barriga

Os Gato Fedorento estiveram ontem particularmente divertidos, em especial com este “Baú da Memória” resgatado aos confins do arquivo da RTP. O sofá quase perdeu a estabilidade e a tosse que se seguiu parecia provir de dois maços de cigarros fumados. Não bastava a cantora Ana, com o seu deslumbrante fato de Vinil em Barcarena-Style, e o inefável Luís Pereira de Sousa, um dos chatos mais chatos, mas mesmo mais chatos da história da televisão portuguesa. A peça final, proveniente dos Açores, é uma pérola capaz de devastadoras consequências a quem a visualizar.

4.1.07

Para uma tarde cool

Um Retrato em Branco e Preto.

Actualidades atrasadas I

O bárbaro Sadham foi barbaramente executado numa cerimónia digna da Idade Média. O enforcamento pelos vistos ainda existe e estará para vir o dia em que o aparelho com nome tirado ao senhor Guillotin voltará a funcionar. A abolição da pena de morte é ainda uma miragem global, enquanto países democráticos e civilizados como os E.U.A. e a Autoridade Palestiniana continuarem alegremente a executá-la, e de nada serve tentar pregar a suposta civilização enquanto uma parte do mundo insistir em se manter segundo valores tão estranhos.

Actualidades atrasadas II

Zapatero mostrou ser mais um dos que acha que o terrorismo se trava com chás e torradas e que depois, muito indignado, assiste à sua persistência. As novas bombas da ETA são prova disso e só mesmo ele terá ficado admirado com sua infeliz explosão.

2.1.07

Resolução do ano

Não ter resoluções para o novo ano.

Os melhores do ano

Já não há pachorra para os balanços que redundam em escolhas, umas mais pretensiosas do que outras, dos melhores do ano.

Regresso

A província estava bem e recomenda-se, aliás, é de uma recomendação cada vez mais frequente, em particular quando o Inverno convoca lareiras a crepitar e uma distância razoável a ruídos automóveis e afins.