Quando ontem saí do cinema, após ver “Diamante de Sangue” de Edward Zwick, senti, como em demasiadas vezes, um niilismo perante o mundo e um desespero ante a realidade. O filme conta uma história em redor do tráfico de diamantes na Serra Leoa, que em muito suportava uma mais do que sangrenta guerra civil. O que choca no filme não é tanto esta amoralidade comercial, o que impressiona é a forma realista como a guerra civil é contada e como somos postos perante um problema que muitos desconhecemos e que talvez tenhamos feito por ignorar. Na nossa Europa, da civilização dita moderna, criamos noções que não são reais e tendemos a achar que o resto do mundo está longe e se está a civilizar a pouco e pouco. Logo aos primeiros minutos de filme todos estes conceitos desaparecem e a realidade da guerra não convencional aparece. Trata-se de um filme, mas é evidente que as situações descritas, ainda que ficcionadas, se baseiam em factos reais. Ao ver crianças de metralhadora em punho a exterminar mulheres e outras crianças sem motivo que não seja uma demonstração de força, rebeldes cortando braços para impedir que o povo vote, enforcamentos públicos e assaltos devastadores a aldeias, ficamos com a certeza que o Homem é problema sem solução. A falta de valorização da vida, e consequentemente a facilidade da morte, aproxima o Homem da animalidade bruta e com ela da total irracionalidade. Falar de valores, sejam eles quais forem, será um luxo na África pobre, mas quantas vezes os exemplos dos países ditos civilizados não são tão maus, ou piores, do que as consequências práticas nos países africanos. Não se vislumbram soluções, nem as haverá, por isso saí do cinema com o desespero da impotência, com o desânimo da incredulidade perante o Homem, com a certeza de um mundo que quer acabar. Felizmente resta-me a Fé, que chama a lembrar a esperança, e realmente só com ela é possível viver no mundo de hoje.
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