18.12.03

Presentes de Natal

Ontem achei por bem começar a pensar na parte prática do Natal. A família é grande e ainda nem sequer de leve tinha pensado nos presentes. Neste ponto poderia tender a ficar horrorizado com a proximidade do Natal e a manifesta falta de tempo. Assim não é.
Hoje o Natal é marcado por um consumismo desenfreado, barbaramente estimulado pelas televisões. As crianças escolhendo catálogos inteiros do Toys'r'us para pedir ao Pai Natal. A febre das compras, particularmente sentida nas grandes superfícies, onde as pessoas se acotovelam, quase se espezinham e se agridem para chegar aos jogos que os filhos pediram e que têm de se dados. Hoje as crianças não podem ser desiludidas, podem sofrer de desequilíbrios graves se não receberem a Barbie Patinadora ou o Action Man da Guerra do Iraque. São as novas pedagogias e educações que as crianças recebem, responsabilidade de pais e professores em cotas iguais.
Independentemente disto adoro as compras de Natal. Deliro ao passear alegremente pelas lojas, vendo, mexendo, pensando no "não sei quê" de ideal para cada pessoa. Que seja barato, original e de preferência inútil (adoro dar inutilidades, aquelas pequenas coisas que não compramos para nós, mas que gostamos de receber e de ter). Dar presentes por gosto, mais não será do que dizer a alguém que dele gostamos. Quando se aproxima o Natal gosto de sair para a rua, no frio de Inverno, e passear longamente, tentando descobrir aquilo que me apetece dar. Mas recuso as grandes superfícies. Prefiro o Chiado, as ruas iluminadas, o ar que se respira com o cheiro a castanhas ainda presente. As pessoas girando felizes, de sorriso na cara e sacos nas mãos. Lanchar por ali, na Benard ou no Chá do Carmo (ou ainda um belo gelado na Hagen Dahz), parando a ver o corrupio. Descer um pouco à baixa, deambular pela Rua Augusta. Subir ao Bairro Alto em busca de algo original, com passagem obrigatória na TonTon. Tudo isto a passar-se no dia 22, ou 23, ou mesmo 24. Sim , depois de tantas voltas ficam sempre as compras para o fim, para aquele último dia em que entro na FNAC e só de lá saio com todos os presentes cumpridos. Sejam livros de cozinha ou discos de música clássica, sejam vídeos da Walt Disney ou livros de contos tradicionais, sejam romances actuais ou biografias imprescindíveis. Aqui o caos é grande, neste dias, mas muito e muito distante de um Continente. As pessoas são razoavelmente civilizadas, não costumam trazer crianças, não gritam, não há carrinhos de compras obscenamente cheios a impedir o caminho, não há músicas do coro de Santo Amaro de Oeiras. Pode-se ir de Metro fugindo ao inenarrável trânsito desta época, pode-se ficar para jantar no Bairro Alto.
Ontem na FNAC perguntei se tinham o vídeo do segundo Harry Potter, responderam que não , só no Colombo ou então no fim da semana. Óbvio que voltarei no fim de semana, ir ao Colombo nesta época nem que me paguem, muito.

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