Não me apetece fazer balanços ou listas dos melhores do ano. Quanto aos blogues, são certamente os que estão aqui ao lado, os que mais gosto, os que mais leio. Quanto ao resto, tenho boas memórias do ano, só que o trabalho que dava pensar e alinhar os melhores é suplantado por este frio fim de tarde e por um Kousmichoff bem quente. Quanto ao próximo ano, o ideal era que fosse melhor que todos os que já passaram, mas num assomo religioso, que seja como Deus quiser. Um Bom Ano para todos.
29.12.04
Dias Provincianos
Gosto destes dias, em que deixo que o tempo seja um apêndice de uma existência completa e visceral com o que nos pertence, afectivamente. O frio cortante mas familiar, que nos obriga à recolha em redor de braseiras ou olhando a lenha a desaparecer nas lareiras. As cartas interrompidas por conversas dispersas, onde se salta subtilmente do último divórcio para o défice, da mais recente criança para os indescritíveis horrores do último terramoto. Os passeios na rua entre cumprimentos de quem não nos lembramos e a passagem pelas poucas lojas da nossa infância que sobreviveram à voracidade da globalização. Aqui sentimos uma aura de protecção, uma alienação quase infantil do mundo.
Amanhã a terra será outra, e no país aqui ao lado espero saltar para um novo ano com boas tapas e uns Riberas, com mais optimismo do que é possível neste comboio descarrilado que se tornou Portugal. O pior será a volta, mas pode ser que a ressaca me impeça de ver o óbvio e que acorde segunda-feira num novo ano sem descer à realidade que nos rodeia.
26.12.04
Outro Natal
Feliz Natal
O Anarcoconservador espera que o Natal dos seus leitores tenha sido excelente e deseja uma continução de Boas Festas para todos.
22.12.04
Natal I
21.12.04
Fair-Play
20.12.04
Uma ideia
Domingo
Re-linque
Com covinhas na cara e um rubor embaraçado, reparo que a Grande Senhora me contradisse e não só não me ostracizou como me re-lincou. Resta-me agradecer, comovido, este meu primeiro re-linque. A posta sobre o deslinque já me valeu uma acusação de choradeira pouco digna por um blogger amigo, fico então num misto de alegria e vergonha, sem saber se me arrependa ou não da mesma. Enfim, como diria o nosso Fugitivo I (novo cognome a usar para primeiros-ministros que fogem): é a vida…
17.12.04
Deslinque
O acto de deslincar é firme, ás vezes ainda mais firme do que o lincar, ás vezes mais fundamentado. Dá trabalho deslincar, só se dá a esse trabalho quem acha que vale a pena. O deslinque é um cartão amarelo, que só não é vermelho porque se pode voltar atrás e re-lincar, algo muito raro. Não conheço re-linques, acho que normalmente quando se deslinca se vota ao desprezo mais profundo o blogue em causa, numa consequência óbvia da desilusão.
A primeira reacção a um deslique é a indignação, a segunda, mais pensada, é a humilhação. Particularmente quando o deslincador é alguém que admiramos, e respeitamos, o deslinque é esmagador, e aí percebemos que a culpa tem mesmo de ser nossa. Para ser deslincado por certo defraudámos um leitor, mais, um leitor do qual somos leitores, mais, um leitor na opinião do qual confiamos. Algo está mal, mas é connosco. Estaremos a escrever pior, a ser chatos e desinteressantes, a ter pouca regularidade? Se calhar tudo isto, se calhar o blogue está mesmo a transformar-se numa merda, se calhar o melhor é fechar para balanço. Aí percebemos que não é bem assim - ou melhor até é, mas negamos a realidade – e então mandamos os deslinques para as urtigas e decidimos continuar. Afinal o blogue só serve para me divertir e esticar os dedos no teclado e não vai ser um simples deslinque – apesar de vir de uma Senhora – a estragar tudo isto.
Como acho que no meio de tudo isto a culpa não é da deslincadora – e tenho de me vingar em qualquer coisa –, vou também deslincar, alguém tem de pagar. Opto então pela versão irónica do Barnabé, que entretanto parece ter acabado. Ele é que paga, e a Grande Senhora continuará aqui ao lado – com a urbanidade aqui apregoada –, pelo menos até ao dia em que acorde como…Ana Gomes.
16.12.04
Já agora
Arte
15.12.04
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14.12.04
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Não é fácil mudar o mundo com palavras, mas mudar alguém é, nas suas idiossincrasias, muito mais importante. A força das palavras é difícil de definir, mas existe sempre, queiramos ou não.
Definitivamente Insanidade
13.12.04
Tremores de sono
9.12.04
Insanidades VI
Por causa dos rebuçados
O Sr. Pombo era uma mercearia mínima, daquelas em que o arroz se equilibra instavelmente sobre a farinha e o detergente da roupa, em que cada milímetro é ocupado pelos mais diversos produtos, em que é difícil movermo-nos sem atirar as alfaces para cima dos rabanetes. Esta não era a nossa mercearia de mão – saudoso Sr. António –, mas aqui comprava-se, inquestionavelmente, o fiambre. A marca era importante, mas mais do que isso o que o tornava especial era o corte, as lâminas finíssimas de bom fiambre, com a gordura transparente, tudo embrulhado em papel vegetal. Para mim este factor era importante – tinha de pensar nas tostas mistas –, mas aquilo que me fazia rejubilar quando a senhora minha mãe me incumbia da tarefa do fiambre, era uma fantástica vitrina rotativa cheia de rebuçados. Lá em casa os rebuçados não eram unânimes, minha mãe pedia sempre um embrulhinho em papel pardo cheio dos mais caramelizados Santo Onofre, enquanto eu enchia os bolsos com os anizados Dr. Bayard. Ambos eram, e felizmente ainda são, excelentes, longe dos concentrados de corantes e conservantes que inundam as grandes superfícies de hoje. Graças ao Dr. Bayard, a sempre odiada tarefa de fazer recados aos pais era aqui um gosto, talvez por isso tantas memórias me tenham chegado ao ver a taça destes rebuçados naquele café de bairro, talvez por isso mais uma vez tenha enchido gulosamente os bolsos de rebuçados.
2.12.04
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Insanidades V
Os imbecis que nos governavam queriam proibir de fumar em espaços públicos, nos quais incluíam restaurantes, bares ou discotecas. Será que temos esperança de que com a queda do governo esta inanidade não vá em frente?
Que país magnífico é o nosso, com tanta coisa em que se preocuparem, os políticos resolveram decretar guerra aos fumadores. O ministro da Saúde (agora ex-), que continua sem resolver as filas de espera nos hospitais, que continua ás apalpadelas sobre os sistemas de gestão hospitalar a usar, resolveu aparecer, e que boa maneira de o fazer.
Esclarecendo já, sou fumador. Compreendo todo o incómodo que o fumo causa a quem não fuma. Acho que os não fumadores têm todo o direito a espaços livres de fumo.
O que está em causa é o direito de opção. Todos os locais onde a população em geral se tenha de deslocar devem ser livres de fumo na sua generalidade, mas também devem, sempre que possível, ter zonas de fumadores desde que as mesmas estejam devidamente delimitadas e assinaladas. Restaurantes, bares ou discotecas não são sítios de presença obrigatória dos cidadãos, ninguém é obrigado a levar com fumo, basta escolher um restaurante com zona de não fumadores – não há muitos, mas lembro os McDonalds e os Tibetanos. O que o Estado deveria fazer, se realmente quer fazer algo pelos não fumadores, é estabelecer a classificação obrigatória dos restaurantes, bares ou discotecas em fumadores, não fumadores e fumadores, ou estritamente não fumadores. Assim toda a gente poderia escolher o que mais lhe conviesse sem incomodar os outros. Isto sim era uma medida de um regime de liberdade. O que este governo queria era aderir à tendência fascizante do um certo mundo de hoje, colhendo com os ensinamentos dessa estranha sociedade norte-americana que já tem cidades onde nem na rua se pode fumar.
Hittler quis criar o ser perfeito, a raça pura ariana, saudável e bela. Teremos nós que aceitar que nos imponham uma visão semelhante na sociedade de hoje? Os gordos são olhados de lado, os feios ignorados, agora são os fumadores. Será possível sonhar com uma sociedade tolerante em que o Estado não insista em se meter na vida das pessoas?
Insanidades IV
26.11.04
Insanidades III
O presidente da Câmara de Lisboa, apesar da figura cinzenta que ostenta, trazia consigo uma certa imagem de competência. Não obstante ser amigo de Santana, as suas passagens por Câmara e Governo deixaram um rasto do mínimo de sensatez. Mero engano!
Foi anunciada a transferência da Feira Popular para o Jardim do Tabaco. Pobre Jardim do Tabaco, já o ameaçaram com um Casino, já deitaram armazéns abaixo, e agora querem lá pôr o antro do barulho e do néon.
Eu sei muito bem onde é que mandava o Presidente meter a Feira Popular, era até no mesmo sítio onde o mandava meter o túnel do Marquês, claro que se completaria isto com um açoitamento na praça pública e imediato exílio compulsivo.
Primeiro foi Monsanto, essa réstia verde sobre a qual pairam ameaças constantes e para onde os gulosos olhares de Santana e desta criatura não param de se virar. Até lá porem qualquer coisa não vão descansar, se não for a feira vai ser o Jockey, se não for o Jockey hão-de arranjar uma Torre do Siza, se não for a Torre…se calhar ainda propõem uma gigantesca estátua do Timoneiro Santana, erguida pela cidade em agradecimento à iluminada criatura.
Voltando ao Jardim – que para o tabaco haverá outra posta – é melhor o presidente não me aparecer à frente. Outrora um pacifista, dia a dia a minha furiosa esquizofrenia leva-me a instintos agressivos – conquanto ainda não homicidas. Pois bem, a Feira Popular mesmo junto ao rio, os belíssimos néons reflectidos na água, as magníficas músicas dos carrosséis, uma noite feérica em versão de qualidade – segundo a criatura, queira isso dizer o que queira. Será que ele não conhece Alfama, será que o animal nunca foi ao Miradouro de Santa Luzia, ou a Santo Estêvão, será que animal não percebe que Alfama é, na sua genuinidade, a Lisboa mais pura que temos e que as suas vistas sobre o rio são dos melhores cartões de visita que a cidade pode apresentar. Será que o animal não vê que quase todos os turistas passam e adoram Alfama, será que o animal ainda não percebeu o que vai ser a vista de S. Vicente de Fora com “Rodas Gigantes e o Poço da Morte”, será que o animal não percebe a vista nocturna de luzes roxas e verdes reflectidas por entre o fumo das castanhas, será que o animal não percebe que uma estrutura como a feira popular tem que estar numa zona fora do centro histórico e de preferência moderna, será que o animal acha possível aproveitar o Champ-du-Mars (junto à Torre Eiffel em Paris) para roullotes de minis e diversões ruidosas. Que país é este em que inconscientes e idiotas conseguem ser presidentes da Câmara da capital.
Aproveito até para lhe dar mais uma ideia de aproveitamento, vejo o Terreiro do Paço tão desocupado que até se podia aproveitar para lá instalar a pista de carrinhos de choque, com uma ligação ao Jardim do Tabaco em passadeira rolante sobrelevada junto ao rio! E nem me apetece falar do túnel do Marqués, o que até é bom para não partir directamente para o insulto.
Sanidade
Insanidades II
As mulas da maioria parlamentar, assustadas com a mera hipótese de o “Não” ter votos – apesar de apenas os partidos da extrema-esquerda terem esta posição – criaram um delírio frásico que nem os próprios entenderão. Continuo ingenuamente a acreditar que Democracia é o poder do povo, claro que as mulas não. Fazer uma pergunta tão europeia – aqui louvemos a coerência burocrática – implica que apenas estritas elites a possam responder em consciência, o que faz do referendo uma total inutilidade. Para decidir em “petit comité” decidam os deputados como o têm feito até agora em relação à “maravilhosa Europa”.
Imaginem só os habitantes de Carqueijas-de-cima – que já dificilmente percebem o que é a Europa – a votar na “regra das votações por maioria qualificada” – “Oh! Menina, maioria eu sê o que é, agora qualificada só me alembra do mê clube na Taça. O que é que isso têm a ver com Europa”
A alucinação tomou conta do parlamento e, ou eles enlouqueceram, ou perderam toda a vergonha de manipular a opinião pública, ou andam a distribuir erva da boa pelos corredores de São Bento.
Aqui vai-se votar não, independentemente da pergunta esta gente tem de ter um sinal. Como diriam os nossos revolucionários “Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz Não”.
Insanidades I
As duas últimas semanas trouxeram consigo uma alucinante sucessão de disparates que me fazem duvidar sobre uma revolução “Monthy Phythoniana” no nosso país. Antes assim fosse pois seria inconsequente e muito mais divertida.
A tontaria é tanta que nem a consigo resumir numa posta, segue-se então uma série sobre o que me leva a olhar para uma clínica de repouso na Suiça como uma solução para mim, ou para “os outros”.
18.11.04
Sítios
“Hoje presenciei o enterro de alguém que nasceu, viveu e morreu numa casa velha.
A velhice das casas embora seja muito incómoda tem o seu significado e daí a sua felicidade.
A estética, a vivência e os cheiros de uma casa velha não se explicam, sentem-se, saboreiam-se e vivem-se.
Eu também tenho a sorte de ter uma casa velha, onde a passaram os meus bisavós, avós, tios e mãe, e onde ainda posso encontrar vestígios da sua presença e da sua maneira de ser.
Mas esse alguém cujo enterro presenciei teve outra grande felicidade, a sua morte foi celebrada numa igreja velha e com as vozes dos seus irmãos e sobrinhos.
Não imaginam o amor e a ternura que pode transparecer dumas paredes velhas com caliça a cair.
Não há de facto sítio com melhor acústica.
Na verdade até as tomadas já nem deixam entrar as fichas dos aquecedores modernos que ajudei a arrumar para que não sentíssemos o frio e a humidade daquele sítio velho.
Quando morrer espero que ainda hajam igrejas velhas para poderem celebrar a minha morte, e vozes da minha família para cantarem a subida da minha alma ao céu (ou ao inferno!).”
Lenços de pano
Acredito que esta posta e a anterior sirvam para um imediato carimbar da minha pessoa como um perigoso reaccionário provinciano de cinquenta e tal anos. Tudo errado, mas enfim!
Continuo persistentemente a usar lenços de pano, acho mais bonito, mais agradável ao assoar, mais personalizado nos seus monogramas. Hoje já percorri várias cores, desde os usuais brancos até aos mais esporádicos azuis, recorri ainda a um verde militar de tamanho XL usado quando o desespero surge. O problema é quando as constipações ou ataques de rinite alérgica chegam em força. No caso de agora, em que começo a desesperar pois o monte que está na gaveta começa a descer impiedosamente, mais, tenho de começar a usar os de algodão mais áspero, aqueles que se evitam até ao fim devido aos perigosos efeitos secundários que envolvem narizes ardidos e uma espécie de cieiro nasal que dura como uma pilha Duracell. Usar lenços de papel, pois sim, de vez em quando e com nariz quase em sangue lá cedo, mas só mesmo de vez em quando. Qual Velho do Restelo não abdico das minhas idiossincrasias, e – desculpem, mas tenho de ir buscar mais um pois a torneira nasal reabriu - assim insisto neste hábito que já vai sendo visto de soslaio, como um resquício de viveres arcaicos e desadequados.
Feiras
Cedo me habituei a dividir o ano em etapas, em marcos que pautavam o avanço do tempo, isto no tempo em que ainda queríamos que o tempo corresse. O verão na Figueira e o S. Martinho na Golegã eram em definitivo o ameaço de um Natal próximo, do final de mais um ano. Não sendo criatura de grandes hábitos, pontualidades ou rigores, respeito ainda hoje estes marcos, que como outros me ajudam a passar o ano, a dividi-lo não em meses mas em acontecimentos, não na científica medida dos dias mas em horas passadas em locais previsíveis e de maneiras repetitivas.
Voltando ao fim de semana e voltando, uma vez mais, à Golegã, a minha romaria foi a habitual. Em redor a costumeira multidão, mas onde dantes passeavam cavalos e trajes curtos, agora surgem adolescentes cambaleando ao ritmo do álcool. Sempre foi local de copos, de grandes e históricas bebedeiras, de confusões e pancadarias, mas entre poucos, sempre os mesmos. Os cavalos, afinal sempre o motivo da feira, são cada vez menos, cada vez mais mal montados, rareando como o oxigénio. A feira de vaidades que começou há uns anos, com a praga incontrolável dos acolchoados, encerados e afins, foi hoje substituída por um generalizado estilo desportivo e uma réstia de clássicos capotes e samarras. Agora invasão é outra, depois dos novos-ricos de Lisboa que achavam necessária a sua presença – mesmo sem saberem o que é um cavalo – que deambulavam com os seus trajes de campo, como imagens tiradas de caçadas retratadas nas “Holas” do momento, novos, sempre novos pois apenas eram usados nesta ocasião. Demasiado campestres e populares para outras ocasiões. Os “magníficos” anos do cavaquismo trouxeram esta fase da Golegã, a fase em que a “manga” mais parecia uma passerelle em que senhoras de penas de perdiz em chapéus de feltro e casacos austríacos passeavam enquanto olhavam visivelmente enojadas com a presença de cavalos que, incomodativos, teimavam e circular pelas ruas e, imagine-se a indignidade, atreviam-se a sujá-las. O desprezo de alguns pelo evento começou aqui, e compreende-se.
Hoje são os bárbaros “teenagers”, fartos das noites citadinas, que sobem ao campo com o digno, e edificante, propósito de beber até à morte, ou, sem exagero, até cair. Onde antes pontuavam forcados provocadores e quantas vezes violentos, estão hoje “pseudo-surfistas”, “dreads” ou “skaters” num aparente erro de “casting”.
Pouco democrática é o que parecerá a alguns toda esta verborreia. Não será essa a ideia, mas para quem se habitua a certos rituais e os olha como assumido conservador, o destruir do nosso imaginário é sempre algo que nos revolta. Acho muito bem que todos possam fazer o que lhes apetece, agora reservo-me o direito de não gostar que essa liberdade choque com a minha, assumo que restritiva, liberdade. Claro que apesar de tudo isto teimo em cumprir o ritual, em reencontrar amigos muitas vezes esquecidos, em passar divertidas noites com longas conversas regadas a água-pé (quando se descobre alguma boa) por entre a neblina das castanhas assadas, em ver belos cavalos passeando na manga, em ver – quando consigo – a derriba na festa de campo, em passar horas de genuína diversão, em ver magníficas meninas de samarra e com ar desempoeirado isto, é claro, apesar das invasões dos bárbaros.
17.11.04
Cabala
15.11.04
S. Martinho
Sporting II
11.11.04
Tarde
9.11.04
Sporting
Consta que o Sporting jogou ontem nas Antas (perdão, no Dragão). Não dei por isso. Houve de facto uma equipa de verde e branco que se passeou com calma e aparente serenidade pelo relvado, sem garra. Houve uma equipa que olhou impotente para um claro domínio dos azuis. Não me parece no entanto que fosse o Sporting.
Sempre achei que a negação era uma forma fácil de não ficarmos irritados.
5.11.04
Bush
O mundo pode indignar-se, mas a democracia mostrou que apesar de tudo não é assim tão manipulável e que o Quarto Poder ás vezes é fraco. No outro dia, José Manuel Fernandes perguntava em entrevista a António Barreto se ele se sentia – como comentador – mais poderoso do que um Ministro, a resposta de Barreto foi negativa. Os americanos nestas eleições responderam também negativamente a essa mesma questão. Podemos gostar ou não, concordar ou não, mas as eleições americanas foram uma vitória dos eleitores simples contra a Opinião politicamente correcta.
A Europa tem medo de Bush, e para a Europa o problema era entre Bush ou Kerry. As eleições americanas têm de facto uma influência indesmentível no mundo actual. Para mim no entanto a questão não era entre os dois candidatos, ou o perigo de Bush, a questão era como é que deixámos que o mundo seja tão dependente dos americanos que encaramos umas eleições nacionais como um problema mundial. A questão é pensar porque é que os E.U.A. são hoje de facto a “Grande Potência Mundial” e pensar se é isso que de facto queremos. Porque se calhar o ideal era que as eleições americanas mais não fossem que um distante fait-divers político nacional.
Esta semana
28.10.04
Parabéns
Sons
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27.10.04
Comissão
Caminhamos para que alguém católico, heterossexual, que acredite no casamento e no cumprimento da fidelidade do mesmo, que eduque os seus filhos com valores próximos dos seus e baseados nos fundamentos cristãos, seja considerado um alvo a abater, um conservador sem direito a viver e muito menos a ter vida pública numa sociedade moderna.
O que a esquerda não compreende nem aceita é que alguém, conservador na sua vida privada, possa ser tolerante com valores que não sejam os seus. Para quem não conhece a Igreja e os seus fundamentos, para quem não entende o espírito cristão, pode ser difícil acreditar que para os cristãos a tolerância é um valor fundamental. A maior intolerância nem sempre vem dos sectores conservadores, quantas vezes é mais intolerante quem fala em nome das liberdades e das supostas minorias.
Neste mundo em que vivemos vou tendo cada vez mais dificuldade em perceber os critérios de "normalidade". Preparo-me já para que como católico, heterossexual e conservador, venha a ser vítima de actos difamatórios, até de ameaças físicas. Tenho pena, porque acho que liberdade é poder continuar a ser aquilo que sou.
Jantar
25.10.04
Fim-de-semana
Sobra ainda o excelente concerto de Caetano Veloso ontem no Pavilhão Atlântico. Mais frio do que é costume, quer pelo espaço quer pelo mal amado disco em que se baseava, o concerto esteve ao nível habitual de Caetano, ou seja, a genialidade posta em música. A sua voz refina qual Vintage do Porto e atinge timbres realmente emocionantes. Valeu a pena, como sempre vale, a deslocação, Caetano já conseguiu que me recuse a perder algum concerto seu em Portugal.
Sobra também a revelação da saída de Vasco Pulido Valente do DN. Tenho pena pois tinha nas suas crónicas uma perene referência. Parece que continuará no Público, algo não me alegra particularmente dada a minha pequena embirração com este jornal, assim sendo lá o terei de comprar ou consultar a partir de agora com mais regularidade.
21.10.04
Estudantes
Qualquer jornal de esquerda poderia, e se calhar até o fez, descrever os acontecimentos de ontem desta maneira. A Brigada do Politicamente Correcto cada vez mais está contra toda e qualquer forma de autoridade, mesmo que a mesma sirva para manter a mínima ordem em vias de ser quebrada por estudantes em fúria. Todos temos o direito à manifestação, à indignação, mas a lei existe e há formas de intervenção que não são permitidas. Os estudantes quiseram invadir de forma massiva uma reunião do Senado, entre eles e o Senado estava uma brigada policial para os impedir, o que esperavam que os polícias fizessem. Talvez correrem para buscar uma passadeira vermelha, ajudando e acompanhando as senhoras, anunciando os senhores à medida que interrompiam a reunião, do tipo: “este é o Sr. Matias, eminente dirigente estudantil na sua 12ª matrícula em Direito, membro da tuna”. Podiam, e se calhar deviam, ter umas camilhas à entrada em que serviam chás e cafés antes dos estudantes entrarem. Ou então, perante a carga estudantil – que essa de facto existiu que eu vi na televisão –, deixarem-se espezinhar alegremente ao mesmo tempo que pediam desculpa aos estudantes que iam tropeçando neles.
18.10.04
Sad Mondays
Segunda-feira, lá fora o céu escuro e impenetrável anuncia chuva, Alberto João conseguiu a oitava maioria absoluta na Madeira. Nada neste dia traz animação, do fim-de-semana a reter o primeiro bom jogo do Sporting nesta época, na Luz o nível desceu, até ás masmorras.
Apetece uma deslocação ao novo Ritz, no bar pedir um sempre favorito Tullamore Dew, copo baixo e três gelos. Atenciosamente ouvir a música ambiente, o melancólico jazz a envolver a mente distraindo-a da obscura realidade.
14.10.04
Um ano
Francis Bacon - Unfinished Self-Portrait, 1992
Fez ontem um ano que este blog publicou a primeira posta. Tal como em relação aos outros, só hoje me lembrei da data, num atraso costumeiro de quem persiste em esquecer estas coisas. Há um ano atrás resolvi começar com a brincadeira de criar um blog, ir escrevendo umas postas, desabafando comigo próprio e com quem me quisesse ler. Nada esperava que não fosse o pretexto de poder escrever, divagar.
Nunca procurei homogeneizar o blog, criar uma linha de continuidade entre as postas. Persisti, e continuarei a persistir, em escrever sobre o que me dava na real gana: postas políticas ou textos pessoais, notas de viagem ou fotografias avulsas do meu arquivo.
Passado um ano espanto-me por ter mantido alguma continuidade nesta aventura, ainda me custa acreditar que tenha vencido o braço forte da preguiça e que hoje o blog ainda exista. Durante um ano fui controlando as audiências, não com um vontade feroz de as aumentar, mas sim avaliando se alguém me dava atenção e lia, gostando ou não, este blog. Até hoje sempre houve quem por aqui passasse e nem que fosse apenas um leitor, aliado ao prazer que me vai dando escrever aqui, procuraria continuar com este blog. Um dia virá em que a preguiça ou a real falta de tempo me poderão levar a acabar com este blog, ou a alargar - ainda mais – a periodicidade do mesmo. Esse dia ainda não chegou, e para quem ainda encontra neste canto algo que valha a pena – o que sem falsa humildade ás vezes me surpreende –, o blog continuará. O conteúdo permanecerá anárquico - numa clara correspondência com o seu autor - e falarei do que tenho falado, talvez alargando para outros interesses ainda não implicitamente referidos.
A todos os que por aqui passam e que tem levado este blog a continuar, um sincero obrigado.
Fumadores
Pessimismo
Do outro lado temos Sócrates e o próximo presidente poderá ser Cavaco. Descontando os exageros começo a dar razão a Sousa Tavares, emigrar pode ser uma opção.
12.10.04
Promessas
11.10.04
Domingo
7.10.04
PCP
Loucura
A atitude de Marcelo surge em reacção a uma deliciosa expressão do Ministro Gomes da Silva sobre as suas intervenções dizendo que, apesar de mediadas por um jornalista, não davam margem ao contraditório, algo que obviamente sucede em todas as intervenções públicas de líderes de opinião. Parece evidente que todos os jornais acompanham artigos de opinião com outros de ideias contrárias, é de facto uma praxis comum em todos os países democráticos que qualquer opinião tem de vir acompanhada de um contraditório. Gomes da Silva mostrou o seu brilhantismo de raciocínio e deixa os portugueses ainda mais confiantes do seu papel preponderante no governo.
A TVI é uma televisão privada e independente, como tal tem todo o direito de escolher os seus comentadores e critérios editoriais. Tudo isto é verdade, mas a provar-se que houve pressões efectivas do governo o problema não está na televisão, mas sim no simples facto de um governo se arrogar do direito de se ingerir nos critérios jornalísticos de uma entidade privada. Saber quais foram as armas de pressão e quais as contrapartidas que o Estado mostrou à TVI é a pergunta que se deve fazer.
Marcelo é brilhante na intriga e o ponto que deu não foi de certo sem um forte nó que mais tarde viremos a descobrir. O Marcelo-Narciso que adora holofotes e câmaras cedeu ao Marcelo-Político, também ele narciso, que por certo acha que o seu futuro de entertainer deverá ceder espaço a um qualquer objectivo político. A bofetada de luva branca que deu ao governo e que, com a inestimável ajuda da comunicação social, gerou uma bomba mediática, vai decerto ter consequências e a amplitude das mesmas estará ainda por medir. Rangel uma vez disse que poderia fabricar um Presidente da República, ao que parece a sua profecia está a ser posta em prática não pela SIC per si, mas por um “sindicato” de jornais e televisão.
Quanto a mim, que com pouca paciência andava para os sermões dominicais do Reverendo Marcelo, a medida do professor nada me afecta, ou por outro lado talvez sim, pode ser que os jantares de Domingo sejam mais calmos sem alguém aos gritos a dizer que quer ouvir o Marcelo.
6.10.04
Luto
Os anos da 1ª República foram o equivalente moderno das trevas da Idade Média. Por muito que oficialmente se gritem loas aos senhores que acabaram com a Monarquia após terem assassinado – ou mandado assassinar – o Rei a sangue frio, quem com seriedade ler algo sério sobre esta época (que não os panfletos do Prof. Rosas) percebe facilmente o embuste. O que está em causa até nem é Monarquia/República em sensu latu, mas sim o seu exemplo em Portugal, e o estado a que o Jacobinismo posto em prática levou o país.
Muito mal se fala da Monarquia, mas vale a pena pensar no século XX português e ver de que época podemos orgulhar-nos, se das trevas da primeira República, se da ditadura cinzenta que nos parou no tempo, se dos excessos revolucionários e das ocupações. Apenas no final do século conseguimos um regime normal, ou pelo menos civilizado, passados oitenta anos sobre o supostamente magnífico e libertador 5 de Outubro de 1910.
4.10.04
Ponte
Lisboa é hoje uma cidade tranquila, para quem trabalha uma calma impera. Os dias poderiam mais vezes ser assim, com o frensim urbano trocado por uma animação fluida e alegre.
Mau
Tudo poderá ser possível num programa que promete ser viciante enquanto divertimento sádico – em relação aos concorrentes, e masoquista – em relação ao uso do nosso tempo. Talvez seja de facto aditivo, na dúvida tentarei fazer o que cada vez mais faço com a televisão em geral, consumir em doses moderadas. Porque sim, confesso que não resistirei a voltar a ver, o meu Eu mais básico por certo o irá exigir. Há coisas que custam confessar, mas aquilo é mau demais e, talvez por isso, terei de voltar a ver.
P.S. Continuo a não perceber o que faz Avelino Ferreira Torres no meio daquela gente. Parece que a Câmara de Amarante não estará assim tão fácil, ou será que a Quinta é zona franca na qual não poderá ser preso?
30.9.04
Sol de Outono
Assim sigo romanceando a doença, será uma atitude discutível, mas parece-me melhor do que a simples lamentação. Ás carpideiras prefiro o humor negro dos hipocondríacos.
29.9.04
Hoje
27.9.04
PS - O recaldo
Uma primeira vantagem é que a linguagem oficial voltará aos domínios do aceitável e os chavões "abrilistas" vão cessar e, a curto prazo, desaparecer. Os históricos jacobinos perderam terreno e o rumo agora é outro. O país ganhará em estabilidade e ponderação o que perderá em animação e genuinidade das ideias. Hoje o que interessa é ganhar eleições e - não fora a iprevisibilidade de Santana e o seu posicionamento um pouco mais à direita - estaríamos entregues a um modorrento Bloco Central, tais as semelhanças de um PS com Sócrates com o PSD.
Mais desagradável vai ser o consequente crescimento do Bloco e, imagine-se, do PCP. Sem um PS de esquerda alguns eleitores vão demonstrar o seu desgrado e alguns votos irão para a nossa extrema-esquerda. Quem serão os novos deputados? Depois de Drago, Rosas, Louçã ou Fazenda quem virá depois? Manterão eles o nível de massacre intelectual sobre as massas?
Uma palavra para Soares, que se tudo correr bem passará longo tempo sem falar, o mesmo acontecesse ao pai e todos viveríamos mais tranquilos.
23.9.04
Animais
PS - A escolha
Escolher Sócrates é escolher a gelatina política, o absoluto vazio de ideias disfarçado por citações abundantes (inesquecível a entrevista à Revista do Expresso). A onda de Sócrates é a abominável onda do politicamente correcto, em que a política não é um debate de ideias e da maneira de as por em prática, mas sim a pretensamente subtil arte de chegar ao poder a qualquer preço. A grande vantagem de Sócrates é que ao nível do país poderia funcionar como um placebo, tal como Guterres, fingindo governar e no entanto não fazendo nada. Claro que os placebos também são perigosos pois induzem a ideia de uma cura que não chega, isto enquanto a doença se vai agravando.
Escolher Alegre poderia ser uma forma de elogiar a qualidade – quase sempre boa – da sua poesia, mas aqui está em causa a política e não um prémio literário. Politicamente Alegre é mais perigoso, a sua obsessão pelos denominados “valores de Abril” deixam-me com arrepios a subir pela espinha. Tentamos há trinta anos normalizar a nossa democracia e limpá-la de traumas e recalcamentos, Alegre representa o oposto, representa essa geração de indiscutível valor na queda da ditadura, mas que não consegue passar disso. Com Alegre teríamos um debate político muito mais interessante, e a esse nível é indiscutivelmente o melhor, o problema seria passar isso à prática. O cenário de um governo de Alegre e dos seus “compagnons de route” em coligação com esquerda de Carvalhas e Louçã deixa qualquer pessoa prudente em estado de catalepsia. O país a recuar até 1976 com delírios de nacionalizações, as acusações de fascismo a todos os que não sejam de esquerda, as perseguições em nome de uma pretensa liberdade. Se Sócrates é um placebo, Alegre será uma droga estimulante mas de feitos potencialmente devastadores.
Escolher Soares é uma incógnita, a dúvida permanece ao olhar para um político indiscutivelmente corajoso mas agarrado a valores por vezes caducos. João Soares não é da geração de Alegre, mas herdou do pai todos os tais “valores de Abril”, os mesmos que lhe permitem insultar adversários políticos (lembram-se de Santana nas autárquicas) e qualificá-los pelo seu grau de intervenção na revolução. Em Lisboa não resultou e, apesar de até nem ter feito mau lugar, perdeu talvez “pour cause” da sua arrogância da obra feita e das marchas em fim de campanha com o “pessoal” revolucionário verberando um fascismo que já ninguém encontra a não ser eles. Soares é aquele remédio misterioso, até nem é absolutamente mau, mas o seu fenómeno de adição não está bem estudado e pode levar-nos ao inferno. A sua coligação em Lisboa abriu ideias de Ana Drago como Ministra da Saúde ou Ilda Figueiredo nos Negócios Estrangeiros, facto que deixa os sensatos num sobreaviso aterrorizado.
Afinal eu nada tenho a ver com isso, eles que escolham que depois cá estaremos para ver, e comentar.
Postal atrasado
Delos, Grécia, 2004
20.9.04
Vida
Miguel Esteves Cardoso in "DNA", 17 de Setembro de 2004
Notas de Viagem – Grécia I
A final olímpica de futebol foi então a escolha - relegando hipóteses mais interessantes como um dia de finais de atletismo ou ginástica - saindo na rifa um Argentina-Paraguai. O jogo foi banal, apenas quebrado pelos bons pormenores de alguns argentinos e pela boa vontade Paraguaia. Foi ainda assim agradável assistir a uma cerimónia de medalhas olímpicas, um daqueles eventos a que não imaginaria assistir e que me habituei a ver por televisão. Mais ainda valeu a pena por entrar num belíssimo estádio, com uma beleza que, infelizmente, esmaga a maioria dos que foram executados no nosso país. Pode-se gostar ou não de Calatrava, mas é inegável a harmonia que emprega ás suas formas, a subtileza com que une arquitectura e engenharia, a originalidade dos conjuntos. O Estádio Olímpico é assim, um subtil rasgo de dois anéis de bancadas, em que a de cima é quebrada nos topos – local para os fantástico ecráns gigantes -, com uma cobertura para cada lado que parece apenas se unir em dois pontos – um em cada topo do estádio. A descrição não faz de todo justiça ao monumento branco que Calatrava aqui plantou, como não o faz à “nova Agora”, passeio pedestre com uma cobertura de semi-ensombramento em estrutura metálica branca de uma enorme elegância e profundidade. O OAKA, complexo olímpico central, apenas pecava pela pouca atenção aos pavimentos e a falta de concretização de alguns pormenores, numa clara marca latina do país organizador.
Guardo para o fim a experiência com maior carga de misticismo, estar ao lado da chama olímpica, da chama que liga estes Jogos aos Jogos antigos, este símbolo de um olimpismo cada vez mais caído em desgraça, este vestígio de uma bela ideia que os tempos modernos se encarregam de destruir. Ou talvez não, talvez este espírito esteja vivo agora, nos pouco mediáticos – apesar da surpreendente cobertura das nossas televisões – Paralímpicos, onde participar com honra e dignidade é ainda um valor que se sobrepõe à fúria de vencer a todo o custo e à custa de tudo.
17.9.04
14.9.04
Spleen
O país já encontrou o Outono, temo mesmo que raras vezes descubra a existência do Verão. As pessoas continuam aborrecidas e até o Primeiro-Ministro se acinzentou. Talvez não seja mau assim, ao menos há esta tranquilidade chata da qual podemos dizer mal e sobre a qual podemos gritar – ou escrever – chorrilhos de disparates.
10.9.04
Actualizações
O Barco do Aborto e a Farmácia Gaspar
“Ao princípio da tarde deparo com grande agitação, mas com os olhos ainda meio fechados pelo sono – e pelos Valiums de prevenção – lá vou até à rua do Casino para um brunch retemperador. No exacto momento em que eu entro na Caçarola para comer um prego, vejo o Dr. Louçã bebendo regalado uma imperial ao balcão, enquanto seis câmaras de televisão esperam pela entrevista da praxe. Saio esbaforido e volto a deslocar-me à recomendável Farmácia Gaspar, agora para uma caixa de Primperan e duas de Kompensan. Posto isto, mais calmo, sigo para a Caravela em demanda de uma Água das Pedras que me acalme – ainda mais – o estômago, mas sou surpreendido por um discreto Miguel Portas tentando passar despercebido por entre os sorrisos das tias. Tudo bem, não fora a entrada de Luís Fazenda – acompanhado por Ana Drago e outros bloquistas – chamando Portas para a Manif, aí o stock de Água das Pedras é delapidado por tias e restantes e um telefonema urgente para a recomendável Farmácia Gaspar traz um carregamento em Take-away – por questão de rapidez – de Kompensans, Vomidrine e Primperan.
Ao deparar com tamanho despautério, volto à simpática Farmácia Gaspar para comprar tampões eficientes para os ouvidos, acto fundamental antes de tentar encontrar uma esplanada livre para uma rápida leitura ao jornal. Claro que corro sérios riscos de atropelamento pelos carros furiosos que apitam – sem que eu os possa ouvir – ao longo da rua das árvores ou da marginal. Procuro então o escondido restaurante da exuberante Rosa Amélia, no Clube de Ténis, mas ao chegar – e devido à proximidade da Doca – encontro a Arq. Helena Roseta a falar de tudo menos de arquitectura, conspirando com olhos de raiva com mais algumas senhoras que destilavam tudo menos simpatia. O pânico apodera-se de mim pois a praia estaria, em princípio, fora de questão com a nortada que elevava o extenso areal como se do deserto do Sahara se tratasse. Onde ir sem me cruzar com essa horda invasora que sitiou os meus sítios e me está a deixar com uma intoxicação de medicamentos.
Apesar do vento resolvo a praia, o extenso areal talvez me separe dos bárbaros. Na marginal passa Manuel Alegre depois de estacionar e, não fora os tampões – eficientes, em mais um prestimoso serviço da Farmácia Gaspar – e por certo o meu grau de surdez se elevaria para os Himalaias, a julgar pelo esbaforimento do senhor e pela vibração visível das suas potentes cordas vocais. A praia finalmente – após uma travessia dura até ao café azul –, mas eis que me começa a chegar o cheiro de erva queimada, algo estranho por aqui. Não!!! Até o café da praia está invadido por manifestantes do bloco com lenços palestinianos e um ar pouco devedor à higiene íntima. Os olhos brilham e gritam ofensivos slogans contra quase todos os valores da civilização ocidental. Não!!!
O desespero, para onde ir, a dúvida entre um mergulho suicida num mar de marés vivas ou uma corrida à beira mar até à Celeste Russa. Opto pela segunda hipótese e encontro um efusivo Ministro Portas regozijando-se por conseguir dar utilidade ás Fragatas. Viro-me de costas e, com a ajuda tampões – abençoada Farmácia Gaspar –, consigo comer sossegado umas ameijoazinhas e uma bela sapateira. Depois disto apenas a possibilidade de me refugiar no Casino, esse antro capitalista onde as forças revolucionárias talvez temam entrar, onde talvez deixem em paz quem apenas queira descansar, onde encontro muitos amigos em redor da televisão tentando saber o que se passa mesmo ali ao lado, onde adormeço regalado num sofá após a overdose de medicamentos salvadores da Farmácia Gaspar.”
P.S. A Farmácia Gaspar não patrocinou este artigo, nem a ela me ligam quaisquer laços que não os de cliente habitual. Só para não haver confusões nem provocações.
9.9.04
Regresso a casa
O Anarcoconservador regressa a uma assiduidade um pouco mais regular, ainda assim livre para transgressões pontuais. As férias deixam ideias e temas para postas, o que é bom, especialmente agora que o tema dominante é a “socratização” do PS que me deixa com poucas palavras.
6.9.04
Ferias
Debato-me com um teclado grego, agora que as ferias foram uma realidade e ameacam terminar. Os acentos sao acessorios dificeis de encontrar, entre sigmas e omegas estranhos que nos baralham o raciocinio.
Soa a estranho postar desde Hydra, onde o calor do sol e levado por um potente "Meltemi" que agita o mar. Portugal foi distante por uns dias, numa desconeccao da realidade que de facto define a palavra ferias. Tirando o vento, tudo e calmo nesta ilha e o tempo vai-se escoando tranquilamente.
Falta pouco e este blogue retomara o seu ritmo, sempre intermitente mas com persistecia, com acentos e ces de cedilha.
16.8.04
Crónicas da Figueira VII
11.8.04
Crónicas da Figueira VI
Revolta sempre, o simples facto de pensar numa vida curta em risco de terminar - abruptamente. Tornam-se vãs as palavras perante o espanto, perante a tristeza.
Crónicas da Figueira V
E ela continua, sempre a cumprimentar educadamente, sejam três da tarde ou quatro da manhã em fins-de-semana. Há mais vendedores das mesmas tentações junto a ela, mas aquela esquina é a minha, como em todos os hábitos duradouros que não se tornam vício. Nunca soube o seu nome, prefiro mesmo não saber, mas continuarei no entanto a passar e a comprar, a vê-la encher a medida e completar o saco com mais alguns a vulso. A reconhecer-me quando o mês começa, sem saber o meu nome, ano após ano.
10.8.04
Crónicas da Figueira IV
O mar zangou-se e fez lembrar velhos tempos. Na praia apenas destemidos - e conhecidos - lobos-do-mar e alguns adolescentes inconscientes ousaram um mergulho, na espuma e entre a areia, como convém. A Figueira é assim, entre velhos conhecidos e a modorra da rotina, por isso gosto dela.
6.8.04
Crónicas da Figueira III
Crónicas da Figueira II
Faz-me falta o cheiro das bolachas dos cones dos gelados do Tamariz, ali na esplanada junto à praia, onde passava de mão dada com o meu pai, quando ainda concebia e praticava a praia pela manhã. Relembro a máquina de marionetas na Luna, onde passei longos minutos a dançar ao ritmo do Pinóquio - olhando temeroso para a maldosa bruxa que agitava a vassoura -, e que perdurou enquanto o fazia com primos ou sobrinhos, quando a bruxa mais não era que um emaralhado de madeira e tecido e a sua expressão apenas risível. Até ao ano em que desapareceu, como desaparecem tantas coisas da vida, sem aviso nem notícia deixando o lugar vazio e apenas perdurando nas memórias de caturras que teimam em viver de braço dado com o passado.
A nostalgia toma conta destas crónicas ao ritmo que as memórias assaltam o pensamento, olhando o mar calmo e morno, pensando nos tempos de mares temíveis e ondas que transportavam consigo a cólera sempre bela do mar.
3.8.04
Crónicas da Figueira I
O blogue seguirá ao ritmo das nortadas ou dos dias maravilhosos como o de hoje - não é ironia, o país está debaixo de água e eu só agora saí da praia - conforme este microclima permita. A assiduidade será essa, imprevisível, lutando entre crónicas de Verão e a preguiça de fins de tarde luminosos e longos.
29.7.04
Estreias
28.7.04
Fogos III
Os campos sujos, rastilho de quase todos os fogos, e o errado planeamento florestal, cada vez mais assente no milagroso eucalipto, em muito contribuem para o desastre. Os proprietários são também responsáveis, assim como já se fazem obras coercivas por decisão das câmaras, o mesmo deviam fazer no que à limpeza dos campos e à realização de aceiros diz respeito. Os proprietários choram dizendo que não têm dinheiro para limpar o mato, mas são os primeiros a correr ao subsídio mesmo que com a falta de limpeza tenham ajudado a arruinar os vizinhos. Não conseguem por mesquinhez compreender que a limpeza custa X, mas se um fogo passar terão prejuízos de 100X, continuando numa mentalidade retrógrada que tanto tem ajudado a arruinar a exploração do espaço rural português.
Os bombeiros, os pobres bombeiros que sempre servem de bode expiatório, seja por demorarem a chegar, seja não saberem combater os fogos, seja por estarem descoordenados, seja por falta de meios. Os bombeiros são talvez a profissão que mais admiro, em especial os voluntários que estão ali a dar a vida – sim, quantos morrem a cada ano que passa – não pelo dinheiro, não por uma carreira, não por promoção social, apenas para nos ajudar, para ajudar um país que não os ajuda, que continua a preferir comprar F16 a comprar mais Cannadair, que prefere metralhadoras, apesar de obsoletas, a mangueiras, que prefere carros topo de gama todos os anos para os directores gerais e em que não há dinheiro para auto-tanques (não, não é uma divagação demagoga de esquerda, é a realidade). Todo o dinheiro seria pouco para pagar um corpo de bombeiros a sério em que, mais do que a (enorme) boa vontade dos bombeiros, os meios fossem pelo menos em metade da qualidade das pessoas. Claro que erram, mas quantas vezes por uma desorganização dos comandos que têm nas mãos ás dezenas de corporações. Continua a ser ridículo que os militares não patrulhem as florestas, não digo apagar os fogos pois isso requer conhecimento e excede as suas competências, mas fazer patrulhas por esse país ajudando a detectar prontamente fogos em vez de brincarem aos tiros nos quartéis fingindo que matam inimigos imaginários com G3 ferrugentas e boas para o caixote do lixo.
Portugal enquanto não tomar os incêndios como a sua guerra e se perder em jogos florais de submarinos e ordenamento selvagem será irremediavelmente um país do terceiro mundo. Fogos sempre houve e continuarão a haver, haja calor e criminosos acendedores, o que podemos e devemos por obrigação moral é fazer com que sejam detectados e apagados de pronto, minorando assim a devastação que por vezes se dá por atrasos de minutos.
27.7.04
Fogos II
No ano passado estava numa quinta cercada por três frentes, que os caprichos dos ventos afastaram, mas que vistas do alto de uma encosta faziam o inferno de Dante parecer uma canção para embalar crianças. Tudo isto enquanto impotentes apenas podíamos retirar as botijas de gás, regar a envolvente da casa e esperar, esperar numa angústia de quem pode de um momento para o outro perder o que uma vida construiu. E aqui todos os valores se misturam, o económico mas também o afectivo das pequenas coisas cercadas pela fome voraz de um fogo com origem sabe-se lá onde.
Foram muitas as histórias de amigos que, no malfadado incêndio na Chamusca que no verão passado em escassas horas cercou a vila, tudo perderam. Também me lembro de quem apenas salvou a casa destruindo um anexo com um tractor – impedindo assim o fogo de alastrar – ajudado por ter uma piscina, mas que viu a casa ficar como que suspensa no campo negro, todo ele consumido, desde as hortas aos arbustos junto à casa.
Chorar de nada vale quando no dia seguinte o que há é que reconstruir, procurar as ajudas que sempre surgem, mobilizar a família e os amigos e olhar de frente, quando um peso nos puxa a cabeça para baixo querendo desanimar e entregar tudo ao inferno que venceu, como quase sempre vence quando usa destes argumentos.
26.7.04
Fogos I
Conversa entre bloggers
- Vou, tem de ser, ainda por cima não tenho portátil para levar comigo.
Uns segundos depois desatámos a rir em simultâneo com o ridículo da pergunta.
Fresco
22.7.04
Pré-época
O Benfica comprou, e comprou, e ainda parece que vai comprar. Apenas saiu Tiago e a equipa caminha para a maravilha habitual, até já Luís Filipe Vieira joga à bola. O treinador escolhido foi Trappatoni, um Jackpot com um treinador simpático e vencedor mas que faz equipas chatas, mas chatas. Claro que é candidato a todas as competições em que joga.
O Sporting, até há dois dias era uma pobre equipa, que não comprava jogadores, que deixava fugir os que lhe interessavam para o Porto, que modestamente seria quanto muito candidata ao terceiro lugar. A SAD era já uma cambada de incompetentes que parecia que andavam a dormir. Em dois dias tudo parece ter mudado, a tal SAD adormecida apareceu com três reforços e parece que ainda não acabou. Hugo Viana apareceu a dizer o que Quaresma devia ter sentido: “para Portugal só o Sporting, o resto foi especulação”. Esperemos que continuem a achar esta, uma equipa de coitadinhos, eu por mim vou comprar outra vez o bilhete de época e depois veremos.
21.7.04
Medo
20.7.04
A/C
Mas ontem, ao fazer uma viagem com um calor insuportável, em que tinha de manter, pelo menos um mínimo, das janelas abertas na auto-estrada e em que o ruído do vento se cruzava com a telefonia em altos berros para que algo fosse audível, aí tive alguma vontade de me auto-martirizar por não ter um carro com ar condicionado. Mas pensei um pouco e imaginei-me com o nariz a pingar, a respirar um ar horroroso, a fumar e deixar o carro numa nuvem espessa. Enfim, se calhar o sofrimento seria igual, mas sinto-me melhor a sofrer sem essa inovação, no meu carro já respeitável de idade (para os padrões actuais, pois para os do meu tempo de criança é ainda uma novidade) do que a utilizar modernices que resolvem uns problemas mas que não nos deixam necessariamente melhores.
Governo
Claro que teria de falar do novo governo numas curtas notas:
Pontos positivos
ESPERANÇA - No primeiro-ministro pela sua dinâmica e coragem, que me levam a acreditar em algumas reformas importantes.
INDEPENDÊNCIA - O elevado número de pessoas com carreiras feitas na sociedade civil. (que obviamente a oposição usou para atacar a sua falta de prática política, se fosse ao contrário seria obviamente um governo carreirista)
QUALIDADE - A qualidade de boa parte dos nomes (surpreendendo que achava que seria um governo de yes-men).
FINANÇAS - Bagão Félix pela sua seriedade, competência e preocupação social.
CULTURA - Maria João Bustorff que, pelo seu trabalho numa importante fundação, pode dar mais esperança ao património português (e talvez menos a filmes feitos para o umbigo e que ninguém vê)
Pontos negativos
MEDO - O primeiro-ministro pela sua inconsequência e irresponsabilidade que me levam a ter algum medo da sua actuação.
PERIGO - A delirante nomeação de Nobre Guedes para o ambiente.
DEPRESSÃO - Com a divisão entre Ordenamento do Território e Planeamento será de esperar o pior para este país já desordenado.
ESCURO - José Luís Arnaud nas Cidades, depois da recolha de fundos nas construtoras para o partido, agora a distribuição de fundos para as Câmaras (onde tanto ganham as construtoras).
CONFUSÃO - A incompreensível mudança de nomes nas pastas, que vai levar meses até que tudo esteja organizado, uma irresponsabilidade de quem apenas tem 2 anos para governar.
CAPITAL - O Trabalho no Ministério da Economia, numa medida de ultra-liberalismo com que não posso concordar.
16.7.04
15.7.04
Curtas
A escolha de Bagão Félix para Ministro das Finanças foi veementemente criticada por Carvalho da Silva, óptimo sinal para ter esperança no seu trabalho.
Televisão
14.7.04
PS
P.S. Terá António José Seguro a distinta lata de se candidatar?
13.7.04
Governo
Sobre Santana começa por se falar de grandes nomes como Ernâni Lopes, o messiânico António Borges ou António Lobo Xavier. Esperemos que ninguém comece a chamar o futuro governo de "dream-time", é que os resultados dos últimos anos do Benfica estiveram longe de serem bons.
12.7.04
Decisão
9.7.04
Preocupado
Centrão
8.7.04
A importância de se chamar Europa
No Euro o país saiu à rua, inundando-se de bandeiras portuguesas entre as quais o único azul descortinável era o de algumas bandeiras monárquicas que surgiram de braço dado com o encarnado e verde. Bandeiras da Europa nem sinal, nem umas fugazes estrelinhas surgiram senão em alinhamentos oficiais de bandeiras.
Durão achou a Europa mais importante, os portugueses não. Talvez o Euro tenha sido padrasto para os europeístas, demonstrando que ainda existimos como país. Assim o foi para Durão, após o fumo inicial que cobriu a sua saída com uma suposta aura de orgulho nacional, agora todos começamos a estar certos do egoísmo da decisão, apenas tomada por vaidades e interesses pessoais.
Ainda há quem argumente com o que Portugal irá ganhar com o novo cargo de Durão, para eles uma pergunta, ganhou algo a Itália nos últimos anos por Romano Prodi ser o Presidente da Comissão Europeia? Que Europa será a nossa em que os cargos de decisão não são neutrais em relação aos países? Durão tem a obrigação de ser o que nós exigimos que sejam os outros comissários: isento. Não acreditar nisto – e eu não digo que acredite – é não acreditar no funcionamento da Europa – que eu de facto não acredito.
Como português, acuso Durão de falta de patriotismo e de não olhar o interesse nacional, apenas desculpável se, atacado por uma crise de humildade, achasse que o seu trabalho estava a ser mau e que o melhor era ser substituído – ou seja remodelado. Claro que não acredito nesta versão até pelos emproados discursos que se seguiram.
Posso até pensar que para o país será melhor que ele vá para Bruxelas, não pelo que poderá fazer lá, mas pelo que não irá fazer cá. Talvez ganhemos um melhor governo, mas, em abstracto, a fuga foi anti-patriótica demonstrando que já há quem ponha a Europa à frente de Portugal e isso é muito, mas muito, perigoso.
7.7.04
De besta a bestial
Hoje, que Santana como primeiro-ministro é uma possibilidade, o que dizem estas pessoas? Que o presidente não pode chamar um novo governo sem eleições porque se porá em causa a política económica do governo. Com Santana virá o fim da contenção, contra a qual gritaram durante meses a fio, e aumentará o investimento público.
Extraordinário como alguém passa de besta a bestial sem mudar uma linha na postura e pelos mesmos motivos.
P.S. Será que ainda se lembram do famoso choque fiscal que fazia parte do programa de Governo?
De bestial a besta
6.7.04
5.7.04
Pátria
Está na rua porquê? O que é que ganhámos?
Ganhámos uma pátria.
Passe o exagero, porque pátria já temos há muito tempo, o Euro devolveu aos portugueses esse conceito de patriotismo que parecia estar apenas no país aqui ao lado.
A absurda, e abundante, confusão entre patriotismo e nacionalismo pode ser agora destrinçada, podemos todos dizer de mão no peito que somos patriotas sem que logo venham os guardiões da liberdade de dedo apontado acusando-nos de fascismo.
Obrigado
A Scolari por ter feito uma equipa de um conjunto de jogadores.
Aos organizadores do Euro por transformarem um país desorganizado no responsável pelo melhor Euro de sempre com uma impecável festa de quase um mês.
Aos portugueses por me terem feito de novo acreditar que podemos continuar um país apesar da Europa.
Selecção
Quem jogou foram os jogadores de Portugal, sejam de que clube forem jogaram por Portugal, não jogaram por Mourinho, Pinto da Costa, Dias da Cunha ou Vieira. Por isso se uniu o país. Por isso apenas uma minoria de fanáticos pensa assim. Por isso foi bom este europeu.
Política
1.7.04
Democracia relativa
Os laranjas que se indignam com Santana não farão parte da lista em congresso aprovada na qual ele ficou número 2 de Durão?
Consequências
Uma preguiça desmesurada com um tentáculo gigante que me tenta puxar para a praia.
Uma segura noção de que os portugueses estão possuídos por um vírus de patriotismo inimaginável, e a muitos difícil de engolir.
Uma certeza que Figo é um dos melhores do mundo por muito que haja quem teime em não concordar.
Um agradecimento a Scolari que realmente só pode ter muita sorte ao ganhar tanta vez.
Um enorme gozo em poder entrar na festa louca em que este país se entrou.
Um total esquecimento, até há uns minutos, de que não temos primeiro-ministro e governo.